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"Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela." A frase é de Angela Davis, um dos nomes mais importantes do mundo quando se fala em ativismo antirracista e feminismo interseccional. Lembrei-me da declaração dela, entre tantas outras importantes que reverberam de suas entrevistas e produção literária, ao ler a reportagem de capa da Revista do Correio de hoje.
Conversamos com
mulheres que exercem ou exerceram essa atividade, que ainda é desvalorizada,
mal remunerada e vista com imenso preconceito. Casos como o de Janaína Costa,
mestre em história e babá, e da psicóloga Maria José Basílio de Oliveira, que
atuou grande parte da vida como empregada doméstica, faxineira e babá.
Depoimentos significativos que nos ensinam muito e abrem as janelas para que
possamos de uma vez por todas sair da ignorância.
Não é justo dizer que
a trajetória dessas mulheres é apenas inspiradora ou edificante. O correto é
dizer que elas estão levando junto com elas uma legião de mulheres. Mais
correto ainda é ter consciência de que elas sustentam muito além de suas
próprias famílias ou de seus sonhos individuais.
Como diz a professora
e doutora Lucélia Luiz Pereira, do Departamento de Serviço Social da UnB,
"é importante dar visibilidade ao protagonismo das mulheres negras nas
transformações sociais e políticas que marcam a sociedade, porque elas são
sujeitos políticos fundamentais na construção de políticas públicas de combate
às desigualdades e de acesso a direitos sociais".
Nós precisamos ter
olhos para ver, ler, visitar a história contada do jeito certo. Há farta
bibliografia disponível. Grandes intelectuais negras deixaram escritos e
testemunhos. Outras estão resgatando a trajetória de heroínas negras. Muitas
estão analisando, interpretando fatos atuais e nos entregando de bandeja a
versão correta do nosso tempo, que ainda é cruel, machista e racista, em
especial com as mulheres negras.
No dia de hoje, faça
uma reflexão, olhe ao redor, vasculhe na sua memória e verá o quanto é
importante reconhecer o racismo estrutural e reparar séculos de injustiça e
desigualdade. Todos nós podemos fazer mais para mudar essa realidade. Termino
também com Angela Davis, porque é preciso repetir: "Numa sociedade
racista, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista".