Caso o demiurgo de Garanhuns venha
a ser empossado, como ainda acredita sua caterva, estarão jogados por terra
tudo o que se acreditou até hoje em matéria de ética, de valores morais, de
leis e do que seja minimamente correto e aceito por uma sociedade civilizada.
Estarão lançadas também, em terreno baldio, as crenças religiosas, que pregam
conceitos simples como a virtude e o bom exemplo vindos de qualquer liderança.
Do mesmo modo, estarão postas de
lado exigências básicas para a posse de um cidadão em posto de grande
relevância para a segurança e o futuro da nação. Deixarão de existir também,
por total descabimento e equilíbrio, quaisquer outros pré-requisitos para a
ocupação de cargos nesse triste Trópico. O próprio conceito de República, que
prega o respeito à coisa pública, como condição primeira para o exercício de
função, perderá seu sentido e razão de ser.
É preciso notar, aqui nesse tema
que, do ponto de vista das leis, se existe um culpado pela derrogação de tudo o
que se acreditava até aqui como aceito legalmente, por certo, esse culpado está
no Poder Judiciário. Não na instituição propriamente dita, mas em boa parte de
seus membros, que comungam, abertamente, dos mesmos valores políticos e
ideológicos do ex-apenado.
Nas escolas públicas, ou naquelas
que não adotam e desdenham currículos ligados à ética, será preciso a
reformulação de toda a grade de disciplinas que abordem temas ligados ao
comportamento humano, dentro e fora do contexto social. Nas igrejas ou naquelas
em que esse caso rumoroso não foi capaz de demover os clérigos da distopia que
se anuncia, perderão sentido toda e qualquer pregação que aborde temas como os
valores humanos, bem como as temáticas que buscavam, outrora, ensinar que o
homem foi concebido a partir de similitudes luminares com o próprio Criador.
O que dirá então da educação dos
pequenos no seio da família? Conceitos e ensinamentos sobre a retidão moral e o
respeito às leis dos homens e de Deus perderão seus propósitos. O exemplo,
diziam os antigos, num tempo em que os valores humanos eram tidos como
essenciais para a vida em sociedade, vem de cima.
O que é feito, no alto da pirâmide
social, é replicado em sua base. Mas é na sociedade brasileira, junto aos
jovens, que esses maus exemplos de permissividade para os altos escalões da
República irão provocar os mais terríveis e duradouros estragos. O que se
anuncia com essa posse impossível é o desregramento total da sociedade, com
todos os ordenamentos legais deixando de existir e com a inauguração de um novo
tempo, em que o vale tudo e o salve-se quem puder serão a regra geral.
Aos que insistirem em permanecer apegados aos valores do passado, as novas leis cuidarão de enquadrá-los como conservadores, direitistas e outras acusações, portanto, não aceitos nessa novíssima sociedade. Para uma nação, em que os legítimos valores de humanidade estarão descartados, fora de moda ou contra as novas leis, restará, como opção, a rendição aos novos tempos ou o aeroporto.