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"Em 2023, escolha viver!"

"Em 2023, escolha viver!". "2022 se apresentou como um suspiro depois de dois anos de uma pandemia terrível (ainda presente, é bom que se diga)"


Dos ditos populares, teimo em gostar especialmente de um: "O que não mata fortalece". É de uma verdade cortante, mas para ser real no dia a dia, exige esforço. O que não nos mata deixa mágoas, feridas, sequelas, transformando a pessoa muitas vezes em um arremedo do que se foi, uma versão sofrida e cansada, um fiapo humano. É preciso passar por tudo e se reconstruir muitas vezes na vida. E isso não é fácil.


Falei sobre escolhas dias atrás. E escolher viver com plenitude, apesar de tudo e de todos, é a maior sensatez humana. E é isso que nos fortalece. Abraçar a vida que nos foi ofertada, que por si só é uma possibilidade incrível. Abraçar também as vulnerabilidades e os temores, junto com os amores e afetos, amigos e parentes, trabalho e lazer. Seguir, mesmo aos trancos e solavancos, um dia de cada vez, sem muita expectativa e no tempo presente, é sempre o caminho mais promissor.


2022 se apresentou como um suspiro depois de dois anos de uma pandemia terrível (ainda presente, é bom que se diga). Mas a gente sabe que este ano não cumpriu a promessa de ser integralmente bom. Muita confusão na cabeça; muito conflito; muito trabalho e muitos retrocessos.


Apesar disso, há algo que ninguém tira de nós: as boas escolhas que fizemos, apesar dos riscos e medos. O ano é a soma das decisões que fazemos diariamente: as perdas, os danos, as conquistas. Eu mesma só estou aqui de pé hoje porque escolhi, enfim, dois anos depois de comprar a passagem, encarar os 220 quilômetros da Caminhada de Santiago de Compostela.


Fui em maio, com duas amigas. Não fossem aqueles dias de respiro, aquela conexão direta com cada ponto da estrada, a atenção plena e o estado meditativo que a experiência me proporcionou, este ano de sustos e solavancos teria sido ainda mais intenso e doloroso.


Minha amiga Luciana Franco fez o mesmo e, agora, no fim de 2022, foi fazer sua jornada no Atacama. Acompanhei a aventura pelo Instagram como se estivesse lá. E você? Quais experiências cultivou que te acalmaram, engrandeceram, te enraizaram num estado de paz e equilíbrio?


Mesmo coisas simples contam muito. Às vezes, arrumou um espaço da casa, trocou de emprego, marcou encontros, viveu histórias boas. Faça a sua lista positiva. Aprendi que mais vale uma lista de realizações do que uma lista de expectativas. Colecione o que foi bom.


Só então, neste fim de ano, coloque aí nas suas resoluções: fazer algo que você goste verdadeiramente, algo que fique tatuado na sua alma como uma boa escolha. No mais, se perdoe por todo o resto, porque não está fácil para ninguém. No próximo domingo, é Natal, dia de perdão, de recomeço, de renascimento. Desejo que você escolha renascer. Em 2023, escolha viver!


Ana Dubeux – Correio Braziliense




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