Fechada há 25 anos, a Piscina com Ondas do Parque da Cidade Sarah Kubitschek
deve ganhar uma grande reforma para voltar a ser utilizada pelos brasilienses.
À jornalista Sibele Negromonte, apresentadora do CB.Poder — parceria do Correio
com a TV Brasília —, o futuro secretário de Esportes, o deputado federal reeleito
Júlio César (Republicanos), afirmou que o processo de licitação — suspenso em
maio deste ano e com última decisão de setembro, mantendo o certame suspenso —
está no Tribunal de Contas (TCDF), e que faltam detalhes para iniciar a reforma
do espaço, inaugurado em 1978 e que foi o primeiro da América Latina. “A ideia
é (a entrega) para o final de 2023. A gente quer acompanhar isso de perto, e
tudo que depender de nós, enquanto secretaria, vamos fazer para acelerar”,
esclareceu.
A partir de 1° de janeiro, o senhor será secretário do governador
Ibaneis Rocha. Contudo, até lá, segue como deputado federal. Na quarta-feira,
qual foi a sua posição na votação da PEC da Transição? Primeiramente
(é necessário) explicar que o partido Republicanos é um partido que sempre vota
unido. Então, a minha posição reflete a de todo o partido e, por isso, votamos
contra a PEC da Transição. Acho que é importante ressaltar que o Republicanos
jamais, na sua história, irá votar contra o povo, contra as pessoas. É um bom
momento até para a gente poder explicar para as pessoas que não entenderam. O
que nós votamos deixa de ser o Auxílio Brasil, e se chamará Bolsa Família. Até
porque, nessa semana, o ministro Gilmar Mendes, com uma decisão que tomou, já
tinha excluído o Bolsa Família do teto de gastos. Então, não haveria mais
necessidade de a gente poder votar essa matéria, uma vez que o próprio Supremo
Tribunal Federal (STF) tinha decidido sobre essa matéria. O que nós estávamos
discutindo era uma autorização para que o próximo governo (de Lula) pudesse,
vamos dizer assim: gastar sem ter aqueles critérios do teto de gasto. Muitos
dizem que era um cheque em branco, mas outros dizem que é uma autorização.
Então, nós fomos contrário a isso. Porque, repito, o Bolsa Família não era algo
que deveria ser discutido lá na Câmara dos Deputados, uma vez que o ministro
Gilmar o tirou do teto de gastos. Agora, eu vejo que é muito ruim porque
em toda a história da redemocratização que aconteceu no nosso país, é a primeira
vez em que se votou uma PEC antes do novo governo assumir o seu mandato. Acho
que fica um sinal muito ruim que a Casa deu nessa votação, até porque eu
entendo que o novo governo que chega tem que tomar posse e entender o que que
ele tem à sua disposição. O governo deve conversar com a nova Casa, com os
novos deputados e senadores. Tiraram o poder deles. Falaram que não tinha
dinheiro para pagar o Bolsa Família. Isso não é verdade. Recebemos o relato na
última semana, e ficou claro que o governo tinha dinheiro suficiente para pagar
o Bolsa Família, no valor de R$ 600, mais R$ 150 (por criança até seis anos).
Isso já tinha, só não tinha o dinheiro complementar, ou seja, setembro, outubro
e novembro (os recursos) iriam faltar. Poderiam se discutir com os novos parlamentares.
No DF, vocês elegeram três deputados federais e uma senadora. Na última
eleição, o partido apoiou Jair Bolsonaro (PL). A partir do próximo ano, qual
será o papel da legenda com um novo governo? O
partido não cresceu só aqui, mas cresceu nacionalmente ao longo desses 12 anos,
desde a chegada do atual presidente nacional (Marcos Pereira). No DF, cresceu
muito. Tínhamos dois deputados distritais, e perdemos um nessa eleição. Mas, em
contrapartida, fizemos três deputados federais e uma senadora. Então, sem
dúvidas, estaremos muito fortes nos próximos anos. Existem três caminhos para o
Republicanos: base, oposição e independência. O partido tomou a decisão, em
colegiado, de sermos independentes. Isso significa que iremos analisar projeto
a projeto, tanto no Senado, quanto na Câmara. Se aquele projeto for bom para o
país, iremos apoiar. Não vamos apoiar o governo. Vou dar um exemplo do que
aconteceu esse ano: nós tivemos a votação da redução do ICMS nos estados, sobre
a gasolina. Todas as pessoas que eu encontro na rua dizem que gostaram da
decisão. Só que, por exemplo, o PT sabia que era bom para a população, mas como
eles não apoiavam o governo Bolsonaro, eles votaram contra essa redução. Então,
o partido Republicanos será independente nos próximos quatro anos.
Sabemos que o país está dividido. Estamos a uma semana da posse do
presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e vários manifestantes são
contra a derrota de Bolsonaro nas urnas. Como o partido tem visto essa situação
na divisão do país? Essa polarização foi
gigante nessa última eleição. Percebemos isso até na diplomação dos eleitos (do
DF), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Tivemos tanto um distrital de
esquerda, que foi o mais votado, quanto uma deputada de direita a mais votada.
Inclusive, a primeira-dama Michelle Bolsonaro estava lá. Acho que os primeiros
15 minutos foram só um lado gritando e outro vaiando. É muito claro essa
polarização, que vai continuar por um bom tempo. O nosso partido, por
intermédio do nosso presidente, logo no início reconheceu as eleições (o
resultado). Reconhecemos o esforço que o presidente Bolsonaro realizou, onde
teve uma excelente votação no segundo turno. A gente sabe que essa questão está
pacificada. Não acredito que haverá algum tipo de mudança. Acho que temos que
trabalhar e se esforçar ao longo desses próximos quatro anos.
O STF derrubou definitivamente as emendas do relator do chamado
Orçamento Secreto. Como o senhor viu essa questão dentro do Congresso? Qual o
reflexo disso ao longo da próxima legislatura? Vejo
que muitas coisas que são de responsabilidade do Congresso estão sendo tomadas
pelo Judiciário. Essa é mais uma medida que eles pegam e tomam uma decisão,
assim como a questão do (da) (PEC) Bolsa Família, que não deixou a Casa decidir
aquilo que pertence a ela. Entendemos que deveria ter sido refeito isso. Tanto
é que o Congresso está pegando esse recurso, por meio da Comissão de Orçamento,
colocando dentro das emendas impositivas dos parlamentares e, com certeza, será
aprovado no dia de hoje (ontem). Vejo que isso já está pacificado. Agora, é
importante ressaltar que, desde que a ministra Rosa Weber (presidente do STF)
entrou nessa discussão do Orçamento Secreto, ele deixou de ser secreto, até
porque tudo que foi realizado está lá.
O senhor fará parte do governo Ibaneis, foi secretário de Esportes do
ex-governador Agnelo Queiroz (PT) e foi líder do governo na Câmara Legislativa
do Distrito Federal (CLDF) de Rodrigo Rollemberg (PSB). Como é essa sua
transição entre vários governos? Na política, a gente
tem que saber transitar com todos os partidos políticos, entendendo que cada um
tem a sua linha, abordagem e ideias. Mas, devemos transitar. Vejo que sou uma
pessoa que sabe dialogar com todo mundo. Sei ser grato ao Agnelo, que me convidou
para ser secretário entre 2012 e 2014. Foi ali que comecei minha carreira
política. Na CLDF, fui líder do governo de Rollemberg. Mas, existem princípios
que são inegociáveis. Quando fui líder, teve situação que o próprio Rollemberg
queria impor sobre a Câmara, mas ia contra aquilo que nós acreditávamos. Fui
contra, bati o pé e não aceitei. Quando houve aquelas derrubadas de casas,
moradias, igrejas, eu me posicionei contra. Agora estou vindo para um governo
do MDB. Estou com o governador (Ibaneis). Ele tem que entender que essa relação
precisa ser harmônica, e vamos saber dialogar. Mas, quando estiver no
Congresso, seguirei os meus ideais e os ideais do meu partido.
O senhor foi secretário de Esportes do governo Agnelo. Ao longo desse
tempo, qual sua análise sobre a pasta? Quais são seus projetos? Não
posso falar da Secretaria de Esporte antes de agradecer o governador Ibaneis
Rocha pelo convite que ele fez ao meu partido, e a mim, para que a gente
pudesse retornar à pasta. Fui reeleito deputado federal, e veio esse convite
para darmos sequência a um trabalho que iniciamos em 2012 até 2014, que
infelizmente não teve continuidade nos quatro anos que passaram. Nós tivemos
muita dificuldade. O esporte não andou e voltou a funcionar após a chegada da
secretária Celina Leão (PP) — deputada federal — e também da Giselle Ferreira,
que começaram a arrumar a casa, e hoje nós temos diversas ações de sucesso na
pasta de Esporte. A gente vem para buscar novas ideias e novas implementações.
Mas, quero dar continuidade ao que já está sendo realizado, porque nesta
gestão, o Esporte teve uma revolução.
Quais por exemplo? Ela (a atual
secretaria) fez diversas reformas nos campos sintéticos entregues à população.
O futebol, por exemplo, é uma paixão de muitas pessoas aos finais de semana. E
quantas vezes eles queriam jogar futebol e não tinha local. O GDF entregou 50
campos, sendo o último na Telebrasília. Trouxemos eventos esportivos, em
parceria com a atual gestão, como os Jogos Universitários Brasileiros. Uma
maneira de trazer atletas para Brasília e fomentar a economia local. Há outras
pautas importantes, como a reforma da Piscina com Ondas, que está bem
engatilhado. Está no Tribunal de Contas (TCDF) e faltam detalhes para iniciar a
grande reforma da piscina. Temos também mais um centro olímpico, que está na
fase de projetos.
Existe previsão que já em 2023 poderemos contar com a Piscina de
Ondas? Ela tem um prazo de licitação. A gente sabe como
funcionam as licitações, que há sempre alguns questionamentos. A ideia é para o
final do ano de 2023, mas a gente quer acompanhar isso de perto. Tudo que
depender de nós, enquanto secretaria, a gente vai fazer para poder acelerar.
E o centro olímpico que está para sair. Será em qual região
administrativa? No Paranoá. O projeto foi entregue
para a Caixa Econômica, que vai encaminhar o recurso. É algo que deve ficar
para 2024, mas veremos as obras acontecendo em 2023. Claro que não vai parar
por aí. A gente também, com recursos federais, também tentaremos o centro
olímpico do Riacho Fundo 2, que precisa muito.