Depois de o futuro ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), usar
as redes sociais para criticar os manifestantes acampados em frente aos
quartéis do Exército, o atual chefe da pasta, Anderson Torres, rebateu os
comentários. Na ocasião, Dino afirmou que os acampamentos de “patriotas” haviam
se transformado em incubadoras de terroristas.
Em entrevista exclusiva à coluna Na Mira, Torres amenizou o movimento
que se formou em frente a vários QGs do Exército Brasil afora e defendeu que a
maioria dos bolsonaristas acampados no local há quase dois meses promove uma
“manifestação pacífica”.
O tema ganhou força após a descoberta de uma tentativa de atentado terrorista organizado por um dos integrantes do
movimento. George Washington de Oliveira Sousa foi preso depois de
assumir que tentou explodir um caminhão nas
proximidades do Aeroporto Internacional de Brasília, com um artefato instalado
em um caminhão que entraria no local naquele dia.
Torres afirmou que a manifestação dos “patriotas” é legítima. “No nosso
país, está garantido o direito de manifestação pacífica. Se o movimento preza
pela paz, eles têm direito de ficar o tempo que acharem necessário. Agora, o
que não dá para aceitar é a questão de crimes. Usar aquilo ali para o
cometimento de crimes, não é o que tenho visto”, analisou.
Berço de criminosos: Rebatendo as críticas de Dino, Torres minimizou o
fato de os acampamentos servirem de refúgio para criminosos. “Estão querendo
dizer que aquilo ali é um berço para gestação de criminosos. Não é assim que
funciona. A grande maioria está ali se manifestando de acordo com o que a
Constituição autoriza. Os crimes são inadmissíveis, tudo que aconteceu foi
gravíssimo e está sendo apurado. Tenho convicção de que a resposta virá tanto
da Polícia Federal quanto da Polícia Civil do DF [PCDF]”, disse.
Dino criticou pessoas que seguem acampadas em protesto à vitória
de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições deste ano.
“Os graves acontecimentos de ontem em Brasília comprovam que os tais
acampamentos patriotas viraram incubadoras de terroristas. Medidas estão sendo
tomadas e serão ampliadas, com a velocidade possível”, afirmou o senador eleito.
Na oportunidade, Dino também elogiou o trabalho da PCDF, que, de acordo
com o futuro ministro, agiu com eficiência. “Mas, ao mesmo tempo, lembro que há
autoridades federais constituídas que também devem agir, à vista de crimes
políticos. As investigações sobre o inaceitável terrorismo prosseguem”,
continuou.
Entenda: O caso da tentativa de explosão no Aeroporto Internacional de
Brasília ocorreu na manhã de sábado (24/12), véspera de Natal.
George Washington acabou detido horas depois por agentes da 10ª Delegacia de
Polícia (Lago Sul). A ocorrência é investigada pela 1ª DP (Asa Sul). À época, o
criminoso confessou que estava planejando um atentado para o dia da posse de
Lula. Com ele, foram apreendidos seis explosivos e diversas armas.
O suspeito mora no Pará. Em um endereço no Sudoeste, bairro nobre do DF,
outros explosivos foram encontrados.
A bomba no aeroporto: O artefato explosivo estava em um caminhão-tanque e
mobilizou equipes da Polícia Militar do DF (PMDF) e do Corpo de Bombeiros
Militar do DF (CBMDF), que atuaram com o apoio da Polícia Federal (PF) e da
Polícia Civil (PCDF).
Localizado em via pública, perto de uma concessionária de
veículos, o objeto foi desativado pelo esquadrão antibombas da PMDF por
volta das 13h20. O artefato tinha um acionador envolvido por fios, que,
se ligado, poderia ter causado uma explosão de grandes proporções.
A perícia da Polícia Civil identificou que houve tentativa de detonar o
artefato, mas sem sucesso. A ideia seria fazer um primeiro atentado antes de um
novo ataque, previsto para o dia da posse. De acordo com o delegado-geral da
PCDF, Robson Cândido, se ativado, o equipamento teria provocado uma tragédia.