Passada
a eleição para o Palácio do Buriti, como ficou a sua relação com o governador
Ibaneis Rocha? Durante o período eleitoral, meu foco estava nas 55 metas e
no programa de governo que apresentei. Fiz uma campanha propositiva, em 57
dias, sem ataques, sem uso excessivo de recursos público, obtendo uma votação
muito expressiva. Logo após a apuração e a confirmação do resultado, mandei uma
mensagem ao governador, parabenizando-o pela vitória. Recebi dele a afirmação
de que a campanha terminara e que a nossa amizade permanecia. A partir daí,
tenho trabalhado, como empresário, para o engrandecimento de nossa capital. Em
15 de dezembro, tão logo terminou a transição, o Lide Brasília, que presido,
organizou um grande encontro com todo o setor produtivo, o secretário de governo,
José Humberto, e demais membros da administração, para conhecermos os
resultados. Nunca me prendi a ressentimentos ou revanchismos. Quero que a
cidade cresça e se desenvolva. Por isso, meu grupo empresarial vem
desenvolvendo vários projetos em todo o DF, como os shoppings de Águas Claras e
de Planaltina, vários empreendimentos residenciais e as duas usinas
fotovoltaicas, no Riacho Fundo e em Brazlândia, com a geração de milhares de
empregos.
E
com a governadora em exercício Celina Leão? Conheço-a desde o governo
Roriz, e tive a satisfação de levá-la para o PP, em 2018, quando ela disputou o
mandato de deputada federal, sendo eleita. Mantemos um ótimo relacionamento. É
uma política experiente, que fez um bom trabalho na Câmara Legislativa e na
Câmara dos Deputados e, certamente, será uma excelente vice-governadora,
representando bem a força da mulher na política brasileira.
Ficou
algum resquício do embate eleitoral? Nenhum. Nunca guardei mágoas ou fiz
inimigos na política. Desde 1990, já participei de sete campanhas e,
democraticamente, colhi vitórias e derrotas sempre respeitando os adversários.
Tenho oponentes de ideias, de projetos e de conceitos, não inimigos.
Acha
que o afastamento de Ibaneis do governo é uma medida acertada? O
governador se colocou à disposição da Justiça nestes mais de 45 dias e já está
provada a sua isenção nos atos de 8 janeiro. Entendo que é o momento de ele
retornar ao governo, para o qual foi legitimamente eleito em primeiro turno.
Seu
partido é base do governo Lula. Qual é a sua avaliação sobre a relação atual do
governo federal com o GDF? Nos primeiros oito anos do governo Lula,
primeiro como senador, depois como vice-governador, tive ótimo relacionamento
com o presidente da República, que atendeu todas as demandas que fiz em prol de
Brasília. Ele sempre compreendeu a importância da consolidação de nossa
capital, e acredito que será assim nesta gestão. Brasília é o símbolo da nação
e merece respeito de todos os governos. Em um Brasil com tantos desafios e
dificuldades, nada melhor que ter a capital funcionando bem nas esferas de
segurança pública, saúde e educação, dando tranquilidade à equipe presidencial
que vai comandar o país nos próximos quatro anos.
Falando
sobre o setor produtivo, qual é a principal demanda do empresariado no
momento? O empresariado quer segurança jurídica, juros baixos e ambiente
tranquilo para administrar suas empresas e gerar empregos. O Brasil também
necessita estimular a formação de novos empreendedores, que certamente serão a
alavanca do desenvolvimento futuro. E isso tenho feito constantemente, em
palestras para jovens. Mas o peso dos impostos, o caos tributário e a
burocracia inibem a vontade de empreender, infelizmente.
Acha
que o Fundo Constitucional do DF está em risco? Brasília não sobrevive sem
o Fundo, que foi uma das maiores batalhas da minha vida, cuja vitória veio
quando era deputado federal, em 2002. Conseguimos aprovar o FCDF com esforço
enorme da bancada de deputados e senadores, e com a sanção do presidente
Fernando Henrique Cardoso. Essa foi a grande vitória da história de Brasília,
ao lado da autonomia politica. Cabe a toda sociedade a defesa intransigente de
sua manutenção nas regras atuais, derrotando o pensamento dos adversários e
inimigos da capital federal.
Como
o setor produtivo pode ajudar Brasília neste momento? Acreditando no
potencial econômico da cidade. Temos todos os ingredientes, como logística,
formação intelectual, posicionamento geográfico, segurança, proximidade com as
representações diplomáticas internacionais e órgãos públicos governamentais, o
que alavanca novos negócios e permite gerar os empregos que a cidade tanto
precisa. Por isso mesmo, na semana anterior à do carnaval, promovi um encontro do
setor produtivo com Jorge Viana, presidente da Apex-Brasil. Nossa ideia é
promover a exportação dos produtos made in Brasília. Poucos brasilienses sabem
que, hoje, o croissant fabricado no Gama vem sendo consumido no Japão, Europa e
Estados Unidos. E é isso que precisamos: iniciativas inovadoras e inspiradoras
que desenvolvam a cidade e a tornem o mais importante polo comercial da região
Centro-Oeste.