Há anos Brasília não via artistas locais conquistarem um espaço significativo
no cenário nacional. Nomes como Scalene e Ellen Oléria chegaram a fazer barulho
para o resto do Brasil, mas nada como a cena do rock dos anos 1980. Porém,
desde 2019, a cidade do rock importou um talentoso grupo em outro gênero. O
Menos é Mais hoje é um dos maiores do estilo musical antes dominado pelo eixo
Rio-São Paulo e transformou Brasília na “Capital do pagode”, segundo os
próprios integrantes do grupo.
O grupo lançou no último mês o segundo volume do DVD Confia, uma apresentação
ao vivo gravada em 2 de novembro em Brasília, no Ginásio Nilson Nelson. Uma
escolha muito representativa para os artistas, mas principalmente uma mensagem:
Menos é Mais é um representante de Brasília para o Brasil. “Brasília é nosso
ninho e nosso berço, é para onde a gente volta, o local onde a gente quer estar
e o lugar que queremos viver. A gente costuma dizer que é a terra do Menos é
Mais, porque ainda enxergamos aqui como nossa casa”, afirma Jorge Farias em
entrevista ao Correio.
Os pagodeiros trabalham todo tempo pensando na cidade e no que podem fazer pela
capital. “Esse amor pela cidade não está só no discurso, está presente também
no nosso trabalho. O nosso primeiro álbum leva o nome do Plano Piloto, nós
trouxemos o nosso DVD aqui para Brasília”, destaca Gustavo Góes, outro
integrante do grupo.
Os músicos entendem que, por chegarem longe, têm um dedo no estouro do pagode
em Brasília. “A gente se colocou no mapa do Brasil. Agora em todo lugar que
vamos e falamos que somos de Brasília as pessoas lembram da cidade como
uma terra de pagode por ser a terra do Menos é Mais e do Di Propósito. A galera
respeita e sabe que é aqui esquentou”, comenta Jorge. “Dá para a gente levantar
aqui pelo menos 10 grupos e artistas que estão trabalhando, gravando e, se você
for pensar em números, verá que Brasília tem lançado mais projetos do que
outras grandes cidades conhecidas por serem fortes no pagode como o eixo Rio-São
Paulo”, complementa.
Eles acreditam que foram capazes de, a partir da música, mudar a forma como o
Brasil ver Brasília. “O trabalho do Menos é Mais vai muito além da música. A
gente chegava fora da capital e perguntavam: ‘Tem pagode em Brasília? Lá não é
lugar só de política e corrupção?’. É uma imagem ruim que Brasília tem por
diversos fatores, mas com a música a gente traz um contraponto”, comenta Góes.
“O pagode já rola na cidade há muitos anos, óbvio que o Menos é Mais teve o
diferencial de ter alcançado voos mais altos e tem todo um louvor, mas a
semente já foi plantada há anos atrás, a gente só esquentou o que já existia”,
completa Farias.
Todo esse processo traz uma responsabilidade que eles acreditam ser o que move
o grupo. “É uma responsabilidade muito grande a de sermos pioneiros, porque
fazíamos lá atrás com pouco dinheiro e hoje vemos vários grupos de Brasília
fazendo o mesmo”, explica Jorge. “A cidade não foi só tomada por pagode, foi
tomada por acreditar no gênero. Hoje uma criança pode olhar para mãe e falar
que sonha em viver de pagode e de música e ganhar mais apoio. Algo que a gente
não se via antes”, conclui.
Eles sabem que o pioneirismo não é no gênero, mas na forma como o pagode passou
a ser bem aceito. Há uma forma de tratar o estilo musical com mais carinho na
cidade. “O pagode já rola na cidade há muitos anos, óbvio que o Menos é Mais
teve o diferencial de ter alcançado voos mais altos e tem todo um louvor, mas a
semente já foi plantada há anos atrás, a gente só esquentou o que já existia”,
reflete Jorge. “Brasília agora é capital do pagode parao Brasil inteiro, não
tem jeito. Entramos no mapa do pagode para não sair mais”, finaliza.
Satisfação: Ser a cabeça de uma cena que está
esquentando pode parecer algo enorme, mas os sonhos do Menos é Mais são simples
e apenas o fato de conseguirem o que conquistaram é um motivo de estarem
satisfeitos. “Quando a gente começou a viver só de música em Brasília já foi
uma conquista enorme para o Menos é Mais e parecia a maior que a gente podia
enxergar. Essa foi a chave para realmente começarmos a crescer”, acredita
Gustavo, que, com o grupo, tentou fugir do estereótipo de artista. “Temos
tentado também subverter as noções de que artista é intocável e tem que andar
com 50 seguranças. A gente tenta quebrar isso e trazer nossa verdade. Queremos
mostrar o Menos é Mais fora do palco para influenciar o público além da
música”, acrescenta. “A gente preza muito pelo nosso trabalho, entender o que o
público quer ouvir e como o Menos é Mais pode continuar crescendo e
conquistando novas pessoas”, finaliza.
Entre os sonhos do futuro está emplacar mais um grande sucesso pelo Brasil,
lapidar o show para ficar cada vez mais atrativo para todos os públicos e
continuar com a confiança de que são capazes de mais. “O Menos é Mais está
muito satisfeito com o que faz e poderá fazer daqui para frente. A gente tem
tudo e realizar outros projetos importantes para continuar no topo do pagode do
país”, diz Jorge. A ideia é continuar sendo grato e trabalhando, afinal:
“Pagode é muito bom, ainda bem que trabalhamos com isso”.
Playlist da “Capital do Pagode” Pagode de Brasília vai
além de Menos é Mais, o Correio faz uma lista dessa cena quente que dominou a
capital e está buscando dominar o Brasil: (*) » Di Propósito
(*) » Doze por Oito (*) » 7 na roda(*) » Clima de Montanha
(*) » Chama Nóis(*) » Nossa Galera(*) » Deu Vibe(*) »
Benzadeus(*) » Pagode do Béli (Iago Belisário)(*) » Vitor
Madu(*) » Amaral 2k(*) » Samuel Ninaut(*) » Filipe Duarte.