Na
década de 1980, Brasília era chamada de capital do rock. Isso tinha a ver com o
fato de aqui terem surgido várias bandas, com destaque para Legião Urbana,
Capital Inicial, Plebe Rude que, com diferentes propostas, seguiram carreiras
vitoriosas entraram para a história da música pop brasileira.
O
tempo passou e a cidade transformou-se num autêntico caldeirão sonoro, em que
se percebe uma impressionante mistura de ritmos. Isso resultou no surgimento de
cantores, compositores e grupos que têm ocupado espaço na cena musical
brasiliense. Alguns, com trabalhos relevantes, apreciados por quem os ouve.
Plateias
expressivas costumam, também, prestigiar atrações variadas que vêm de fora,
geralmente a bordo de vitoriosas turnês. Na agenda a ser desenvolvida a partir
do próximo fim de semana, há predominância de shows protagonizados por artistas
do pop-rock. Coincidentemente, todos são da geração oitentista.
Sexta-feira próxima quem retorna a Brasília é o cantor e compositor paulistano Supla. Na apresentação no Galpão 17 (SMAS A, Lotes 16 e 17), ele vai revisitar músicas eque o fizeram conhecido, entre elas Garota de Berlim e Humanos. Em 13 de maio, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá trazem o concerto intitulado As V Estações para celebrar com os fãs da Legião os álbuns As Quatro Estações e V. O show que dará prosseguimento à nova turnê reúne no set list Meninos e Meninas, Pais e filhos, Vento no litoral e outras e outras canções consagradas da principal banda do rock nacional.
Um
dia depois, Nando Reis volta a ocupar o auditório master do Centro de
Convenções Ulysses Guimarães. Ali ele encerra a excursão do Nando hits e,
acompanhado por banda, revisita sucessos autorais como Dois rios, Luz dos
olhos, Por onde andei, além de Al starr azul e Relicário, que fez para a
mineira-brasiliense Cássia Eller.
Capital
Inicial, outra banda originária do boom de rock brasiliense, chega à
cidade em 27 de maio com a turnê comemorativa dos 40 anos de carreira. Dinho
Ouro Preto, Flávio Lemos, Fê Lemos e Yves Passarel, que fizeram show no Ginásio
Nilson, no ginásio de esportes do Iate Clube e reuniram 200 mil pessoas na
Esplanada dos Ministérios em 22 de abril de 2012 (quando da gravação e um DVD),
desta vez tocarão, pela primeira vez, numa sala de espetáculos: o auditório
master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães.
Nesse
grande revival, a ausência mais sentida, sem nenhuma dúvida, é a de Rita Lee.
Mas, unipresente, a mãe do rock brasileiro paira sobre tudo e todos. Assisti a
vários shows dela desde o Fruto proibido, o primeiro depois da saída dos
Mutantes, em 1975. Eu acabara de entrar no Correio e fui vê-la no ginásio do
Colégio Marista, na 609 Sul.
Percebi
naquele momento mais de três mil pessoas ávidas por ouvir Rita cantar Agora só
falta você, Dançar pra não dançar, Esse tal de roque enrow e principalmente
Ovelha negra, a música mais tocada pelos rádios naquele ano.Na letra de um dos
seus maiores hits, a cantora e compositora fazia um desabafo contra sua
demissão da banda na qual iniciou a carreira.
Lembro-me
também de outros shows de Rita que cobri e trago na memória. O Mania de você,
no antigo Pelezão foi um deles. Em 18 de abril de 1983, acompanhada por banda
liderada pelo marido e guitarrista Roberto Carvalho, ela passeou por um
repertório de canções da sua fase mais pop. Emocionada, ela viu e ouviu cinco
mil pessoas a aplaudirem delirantemente quando interpretou Baila comigo, Cor de
rosa-choque, Doce vampiro, Flagra e Lança perfume.
Em
4 de fevereiro de 1995, eu estava no Maracanã em frente ao palco onde Rita Lee
abriu o primeiro e histórico concerto dos Rolling Stones no Brasil. Vinte anos
depois testemunhei a última apresentação da eterna roqueira.Viajando pelo país
com a turnê do álbum Reza — nome também de canção com letra de Arnaldo Jabour
— chegou à capital federal e juntou uma multidão em frente ao Congresso
Nacional. Como de hábito encheu a todos de alegria. Irreverente e provocadora,
ao final do show, fez um bundalelê para aplausos calorosos dos fãs.