Quem mora em Brasília sabe que antes de passar por
uma faixa de pedestres, é preciso dar o sinal de vida, esperar os veículos
pararem e, só então, atravessar a via. Hoje, o Distrito Federal completa 26
anos do respeito à faixa de pedestre e é uma referência para o país. Por meio
da campanha Paz no Trânsito, iniciada em 1996, o Correio Braziliense teve
participação ativa nessa mudança de cultura, que salva vidas. Dados do
Departamento de Trânsito (Detran) mostram que as autuações de condutores que
não cumprem a lei diminuíram de 2 mil para 1,3 mil no primeiro bimestre deste
ano em relação ao mesmo período de 2022.
A diarista Ana da Silva Borges, 53, moradora da Cidade Ocidental, trabalha na
W3 Sul. Todos os dias, ela desce até o Eixinho Oeste para pegar o ônibus de
volta para casa, e passa pela faixa de pedestre da 307/308 Sul, pintada em 1º
de abril de 1997, para deflagrar a campanha de respeito à faixa. “Tem motorista
que passa muito desatento pela faixa. Por isso, é importante a gente esperar os
carros pararem”, diz. Ana gostaria que também houvesse faixa de pedestres no
Eixinho, porque tem medo de usar as passagens subterrâneas.
Para o morador do Gama, David Moraes, 26, a faixa de pedestre é algo essencial
para o funcionamento do trânsito na capital. “É muito difícil eu ver um
motorista do DF que não pare na faixa ou pedestres que não deem sinal. Acho que
essa cultura faz parte da vida do brasiliense. Talvez o que falte é mais
consciência para alguns e, sinceramente, mais faixas”, avalia. O analista de
planejamento observa ainda que, em alguns locais, as faixas precisam ser
revitalizadas. “Temos faixas bem claras e, como motoristas, a gente não
consegue enxergar. Então, isso que precisa ser ajustado. E as placas de
sinalização podem ser maiores, evitando que o condutor pare em cima da faixa”,
opina.
Conscientização: Porta-voz do Detran-DF, Glauber
Peixoto acredita que o respeito à faixa de pedestres ainda prevalece, mas
alguns acidentes fatais demonstram que os motoristas precisam ter
conscientização. “São condutas imprudentes, como em maio de 2022, quando houve
o atropelamento de cinco meninas em Ceilândia, por um condutor embriagado. A
maioria dos motoristas respeita a faixa de pedestres, mas não podemos descuidar
de manter as ações de fiscalização. Os condutores também precisam ter respeito
aos pedestres e garantir a segurança durante a travessia”, analisa.
Em 2022, mais de 2,1 mil faixas foram revitalizadas com pintura e 531 passaram
pelo serviço de lavagem, que começou em 2022, de acordo com o GDF. O trabalho é
feito durante o período de estiagem, quando há acúmulo de sujeira e resíduos.
Porém, o Detran explica que o asfalto precisa estar seco por, pelo menos, 24
horas. Por isso, em época de chuva, o serviço fica mais lento.
Até 15 de março deste ano, 204 faixas foram pintadas no DF. “Existe uma rotina
de se manter a sinalização horizontal em boas condições, conforme o calendário
da última pintura. Quando a gente observa uma faixa apagada, o Detran vai no
local e vistoria, mas a população também pode nos chamar”, completa Peixoto.
Por pouco uma tragédia não ocorreu ontem à tarde. Um homem de 34 anos foi
atropelado em uma faixa na Avenida Contorno, do Guará 2. O acidente foi na
altura da QE 34, próximo à rotatória de entrada da região, onde um motociclista
entregador de comida por aplicativo ultrapassou o sinal vermelho e se chocou
com a vítima. A vítima foi levada ao Hospital de Base, suspeita de fratura no
quadril.