Mais de 100 delegados da Polícia Federal (PF) assinaram uma carta
aberta em defesa do ex-ministro Anderson Torres, preso após os atos de 8 de Janeiro. O ex-secretário de Segurança
Pública do Distrito Federal está preso desde o dia 14 de janeiro por determinação
do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator da apuração dos
ocorridos em Brasília. Na carta à qual a reportagem do site da Jovem Pan teve
acesso, os delegados citam a “integridade moral e ética exemplar” de Torres,
“na dedicação ímpar à sua missão constitucional de bem servir a sociedade e a
nação brasileira”. Os delegados citam as duas vezes em que Torres exerceu o
cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e como ministro de
Estado da Justiça e Segurança Pública, onde, segundo a carta, “cumpriu árdua
missão em tempos conturbados”. Em seguida, o documento ressalta que o trabalho
de Torres foi importante “para a manutenção harmoniosa da independência dos
Poderes da União”.
Na sequência, os delegados elogiam a postura de
Torres diante dos últimos acontecimentos, mencionando que o ex-secretário
demonstrou uma “férrea disciplina profissional” afirmando que o mesmo retirou
de cena “todos os embaraços que pudessem ditar rumos alheios à sua idônea
perspectiva sobre a soberania da vontade popular , que é a preservação do nosso
Estado Democrático de Direito”. No fim, os delegados lamentam sua prisão,
ressaltam que o episódio não apagará “o brilho da sua história de homem de
polícia” e valorizam o trabalho de Torres na época em que ele atuava pela
Polícia Federal. Na última quarta-feira, a defesa do ex-ministro entrou com um
pedido de habeas corpus no STF para que Torres pudesse cumprir prisão
domiciliar, alegando que um laudo psiquiátrico apontou que ele corria risco de
cometer suicídio. Na sexta, o ministro Luís Roberto Barroso negou a
solicitação. Neste domingo, uma missa “em ação de graças pela vida e saúde” de
Torres foi marcada em Brasília. Segundo a repórter Iasmin Costa, há a
possibilidade da carta dos delegados ser entregue à família do ex-ministro
durante a celebração.
Leia a íntegra da carta aberta em defesa de
Anderson Torres
“Prezado e digno colega, delegado de polícia
federal Anderson Torres! Temos certeza que centenas de colegas nossos
gostariam de assinar esta Carta que pesarosos, mas orgulhosos de sua história,
ora lhe endereçamos. Somos testemunhas de sua integridade moral e ética
exemplar, na dedicação ímpar à sua missão constitucional de bem servir a
sociedade e a nação brasileira, seja em quaisquer circunstâncias ditadas por
ideologias, que são meras nuances do exercício do poder político
partidário. Prova disso, nobre doutor, está nos resultados dos seus
requisitados préstimos pela administração pública, sendo nomeado duas vezes
para o cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, onde
cumpriu árdua missão em tempos conturbados e no governo anterior, como ministro
de Estado da Justiça e Segurança Pública.
Todos sabemos que a sua intransigência quanto ao
culto aos objetivos fundamentais da nossa República foi de grande valia para a
manutenção harmoniosa da independência dos Poderes da União, em momentos
aparentemente de ideais divergentes ocorridos no governo que lhe confiou a
pasta da Justiça. Nos minutos finais dessa sua jornada retirou de cena, numa
demonstração de férrea disciplina profissional, todos os embaraços que pudessem
ditar rumos alheios à sua idônea perspectiva sobre a soberania da vontade
popular , que é a preservação do nosso Estado Democrático de
Direito. Causa-nos profunda tristeza vê-lo penalizado em
consequência de terríveis momentos conturbados da nossa recente cena política,
que terminou por encarcerá-lo. Isso jamais apagará o brilho da sua história de
Homem de Polícia que amou a nossa sagrada democracia. Recentemente, fomos
informados do intenso sofrimento no seio de sua família e de sua mãe que se
ressente da ausência forçada do filho predileto. Também o reconhecemos
qualificado e competente colega e juntos lutamos pela manutenção da ordem
e da paz pública! Nós, homens e mulheres de polícia! Abraços!”