A Procuradoria-Geral da República (PGR) considerou
que a declaração de Nikolas Ferreira (PL-MG), no Dia da Mulher, na Câmara dos
Deputados, está protegida pela imunidade parlamentar. E, com isso, defendeu que
o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeite pedidos de investigação contra o
deputado federal com relação ao discurso de 8 de março deste ano.
A decisão foi celebrada por Nikolas, por meio de um
vídeo divulgado em suas redes sociais nesta noite.
"Povo do Brasil, hoje, por incrível que
pareça, a justiça aconteceu no nosso país. A PGR se manifestou a favor da
Constituição Federal, garantindo minha imunidade parlamentar como deputado
federal na minha fala, em defesa das mulheres, no dia 8 de março. A PGR disse
que não há configuração de crime na minha fala. Eu sei que todo mundo já sabia
disso. O que (pessoas da esquerda) ficaram mais indignadas foi a peruca, usada
para exemplificar o que estava dizendo, assim como um médico utilizaria uma
máscara para falar dos médicos, ou um homem usar um chapéu para falar do
agro", declarou o deputado.
E
continuou: "A verdade chegou a muitas pessoas. Agradeço Lindôra (Araújo,
vice-procuradora-geral da República), que se manifestou a favor da
Constituição, garantindo minha imunidade parlamentar. Mas tem um ponto aí,
precisamos saber quanto tempo isso vai prosperar, até outro da Justiça entender
o contrário. Porém, o que temos até então é de comemorar".
Discurso transfóbico: No dia 8 de março,
Nikolas Ferreira utilizou uma peruca para entoar um discurso transfóbico. No
dia seguinte, atacou o ativismo LGBTQIA+, por meio das redes sociais.
“O ativismo LGBT é o ativismo mais persecutório que
existe. Ou você concorda ou deve ir para a cadeia. Cadeia que não pode abrigar
menores que cometem estupro, latrocínio ou roubo, mas pode abrigar um deputado
que está no seu exercício", disse o deputado federal, utilizando ironia em
declaração divulgada em suas redes sociais.
Para
Nikolas, o movimento LGBTQIA e feminista tem a mentira como invólucro. "O
que eu disse no meu discurso foi exatamente uma defesa pelas mulheres, que
estão perdendo espaço para homens que se sentem mulheres. E talvez as pessoas
não estejam acostumadas com o que está acontecendo, porque esse movimento é
muito silencioso e gradual. Antigamente, o que o movimento ativista LGBT e
feminista queria privacidade, não queria mexer com ninguém. Mentira! Eu tinha
razão com meu discurso. Bastava ser contrário a esses movimentos para ser
considerado criminoso”, declarou o deputado.
O
discurso de Nikolas do dia 8 foi repudiado por vários políticos, dentre eles o
presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL): "O plenário da Câmara dos
Deputados não é palco para exibicionismo e muito menos discursos
preconceituosos. Não admitirei o desrespeito contra ninguém. O deputado Nikolas
Ferreira merece minha reprimenda pública por sua atitude no dia de hoje”.