Um
dos maiores vanguardistas do teatro brasiliense, Alexandre Ribondi morreu neste
sábado (10/6), em decorrência de complicações de um acidente vascular cerebral,
em maio deste ano. Dramaturgo, ator, encenador, jornalista e professor, Ribondi
fez história nos palcos e fora deles na capital, principalmente por tratar de
temas ligados à comunidade LGBTQIA+.
Alexandre
nasceu no Espírito Santo, em 1952, e morava em Brasília desde 1968.
Sócio-fundador do Espaço Multicultural Casa dos Quatro, Ribondi escreveu e
atuou em peças desde 1970.
Com
quase 50 anos nas artes cênicas, a dramaturgia de Alexandre é marcada pela
representatividade, inclusive durante o período do regime militar. Ele foi
responsável pelas produções como Filó Brasiliense (1975), Os Rapazes da Banda
(1981), Crépe Suzette, O Beijo da Grapette (1980), Abigail é Mais Velha que
Procópio (1986), No Verão de 62 (1985), A Última Vida de Um Gato (2002),
Virilhas (2005), Felicidade (2015) e Mimosa (2018). As peças, em sua maioria,
foram dirigidas pelo próprio autor e apresentadas de forma independente em
teatros da cidade.
Alexandre
estudou jornalismo na Universidade de Brasília e história da arte na Université
de Provence. Foi colaborador do jornal Lampião, publicação LGBTQIA+ de
circulação nacional, e membro fundador do Grupo de Luta Homossexual Beijo
Livre. Escreveu os romances Na Companhia dos Homens e Da Vida dos Pássaros,
ambos com temáticas LGBTQIA+. Participou da antologia latino-americana de
contistas de literatura gay Now the Volcano, publicada por Gay Sunshine Press,
EUA.
Ribondi
integrou o grupo Retratação (2021), coletivo de comunicadores e artistas que
oferecia produtos criativos e autorais, como produção, performances,
consultorias, coberturas, fotografia e videografia.
Em
nota oficial, o secretário de cultura e economia criativa do Distrito Federal
Bartolomeu Rodrigues lamentou a perda inestimável do artista. “A cena cultural
de Brasília perdeu um de seus maiores protagonistas. Autor, ator, produtor,
empreendedor, Ribondi foi tudo e, ao mesmo tempo, um questionador de seu tempo,
dando espaço ao debate e lançando luz na escuridão. Há exatamente um mês,
recebeu da Secretaria de Cultura a Medalha Seu Teodoro, oferecida a
personalidades engajadas na valorização e difusão das artes no Distrito
Federal. Estava alegre, cheio de vida, nos abraçamos e rimos juntos. Era uma
despedida, mas seu legado fica. E a luta também”, escreveu o secretário.