No dia 22 de Agosto de 1976, o Brasil chorou a morte do ex-presidente
Juscelino Kubitschek de Oliveira. No dia seguinte, contrariando a ditadura
militar, os candangos fizeram a maior manifestação popular já vista na nova
capital e carregaram nos ombros o caixão com o corpo de JK até o cemitério
Campo da Esperança. Meu pai, um candango que chegou a Brasília em 1958 foi um
deles.
Papai era juscelinista e como coincidentemente nasci no dia 22 de
Agosto, durante toda a minha infância, tradicionalmente, o dia do meu
aniversário começava no Memorial JK, na missa de aniversário da morte do
ex-presidente.
Com o tempo, após o falecimento de Dona Sarah e da sua filha Márcia, as
homenagens a Juscelino foram transferidas para o dia 12 de Setembro,
concorrendo com as homenagens de sua cidade natal: Diamantina.
Pra mim, o dia em que Brasília deveria homenagear JK deveria ser sempre
no dia 22 de agosto, aniversário de sua morte e não em 12 de setembro como faz
Diamantina, sua terra natal. Explico os motivos:
Duas cidades fazendo homenagem e comemorações no mesmo dia cria uma
certa disputa entre os organizadores.
O dia da morte não deve ser dia comemorativo? Que bobagem! O dia de
todos os santos da Igreja Católica geralmente é o dia em que o santo morreu,
por exemplo. Porque de acordo com a fé cristã a morte é um dia de glória! E
mesmo que você não seja cristão há de concordar que é depois da morte que
alguém cuja vida teve grande relevância para a História entra para o rol da
imortalidade.
O dia 12/09 não é apenas aniversário natalício de JK, é o Dia do
Pioneiro que construiu Brasília. Ou seja, é "Dia do Candango". Taí o
que deveria ser comemorado em Brasília com toda pompa e circunstância! 12
de Setembro deveria ser o dia de homenagear os anônimos e anônimas que
construíram a capital federal.
Mas, 22 de Agosto deveria ser o dia da capital homenagear o seu fundador
e relembrar aquela grande manifestação cívica em plena ditadura.
Fica a dica para os descendentes de JK.