É
difícil dimensionar a importância das pessoas em nossas vidas. Com frequência,
só nos damos conta da grandeza dos nossos amigos quando eles partem dessa vida
para outras dimensões. Ao virar a página da vida, sobra um legado de sementes
para nosso jardim terreno.
Dad
Squarisi, editora de Opinião do Correio, que partiu na última quinta-feira, era
dessas pessoas que deixam heranças intangíveis, como amizade, generosidade. Já
tinha essa certeza, afinal foram mais de duas décadas de convívio numa redação
— e este, amigos, é um incrível ambiente para aproximar pessoas e as que marcam
nossa vida ali ficam para sempre.
Dad
era pessoa-ponte, que constrói caminho de amizade entre pessoas, que semeia
palavras que frutificam e lições que a eternizam. No velório e depois dele,
recebi tantas mensagens calorosas e bonitas que meu coração amansou. Pode ter
dor de saudade, mas sofrimento não existe onde tem fartura de boas memórias
compartilhadas.
Mais
de 600 pessoas passaram pelo velório. Mais do que familiares e amigos, eram
todos admiradores, que contavam histórias uns para os outros, lembrando de
passagens da vida na companhia dela. Doces lembranças de conversas e lições.
Talita
de Sousa, subeditora do site do Correio, mandou-me uma mensagem linda, contando
como Dad a inspirou a amar o jornalismo e as letras. Disse que ouviu o nome da
Dad pela primeira vez aos oito anos, quase 22 anos atrás, no Super!, antigo
suplemento infantil do Correio. Ali, descobriu que ler podia ser divertido, que
o humor pode estar presente na escrita e que as letras podem nos abraçar. Assim
como Talita, muitas crianças e jovens aprenderam a amar o português com a Dad.
Vanir
Braga quis marcar um encontro com as amigas que se conectaram por meio da Dad
para tomarmos o vinho libanês que a Dad deu a ela de presente, um Chateau
Kefraya. Estou entre essas pessoas - e que sorte! Wanir, Teresa Mayorga, Josie
Melo, Maria Abadia e Ana Sa criaram um grupo chamado Legado da Dad e marcaram a
data do encontro. Não vamos nos perder e brindaremos a essa mulher formidável
que nos uniu.
Durante
um mês, nós seis compartilhamos momentos importantes com a Dad no hospital ao
lado da família dela. Um tempo de muitas reflexões e uma certeza: a segunda
maior virtude dela, depois da coragem, era essa capacidade de atrair e
compartilhar amigos, fortalecendo elos, como uma corrente firme. Um talento
desses não é pra qualquer um. Dad nunca estará no “Era uma vez”; ficou no “para
sempre”.