Pioneiras
do DF são homenageadas com grafite em espaço da Asa Sul. Infinu Comunidade
Criativa ganhou dois desenhos do artista Makina da Rabisko para simbolizar a
chegada das mulheres ao DF, vindas de várias regiões brasileiras
Com a
proposta de resgatar a vinda de mulheres pioneiras de várias partes do país
para o Distrito Federal durante a construção de Brasília, principalmente do
Nordeste e do Sudeste, a Infinu Comunidade Criativa — espaço com gastronomia,
moda cultura e arte, localizado na 506 Sul — ganhou dois desenhos do
grafiteiro Flávio Mendes, 37 anos, conhecido artisticamente como Makina da Rabisko.
As obras de arte estão expostas uma de cada lado nos muros da Praça das Avós,
que fica próximo da avenida W3.
Há seis
meses, o grafiteiro montou uma loja de sprays, quadros e telas e, em seguida,
recebeu o convite de Miguel Galvão, 38, da Infinu. "É a realização de um
sonho, porque eu passava de ônibus ou a pé e pensava que se eu tivesse
uma graffiti shop seria muito da hora! E acabou que
aconteceu", emociona-se.
Latinidade: Ele conta
que fez os desenhos na intenção de mostrar um pouco das raízes sul-americanas
da população do DF, desenhando um mulher com roupagem característica e um
pássaro representando a latinidade brasileira. "Do outro lado, desenhei
embarcações voando para mexer com o lúdico das pessoas, que é a minha cara.
Olhando com atenção, você consegue entender o significado", explica
Flávio, nascido em Ceilândia Norte.
Na família
do grafiteiro há mineiros e goianos que vieram a Brasília para ajudar na
construção da cidade. Alguns ficaram em Ceilândia, onde ele mora atualmente, e
outros foram morar no Núcleo Bandeirante, antiga Cidade Livre, onde os
trabalhadores viviam na época da construção de Brasília. "Essas são as
minhas raízes", define o artista.
A proposta
da Infinu combinou com a história do grafiteiro, que criou gosto pela arte no
Centro de Ensino Fundamental (CEF) Metropolitana do Núcleo Bandeirante — cidade
que também acolheu os candangos na construção de Brasília. "Tinha oficinas
com argila para fazer escultura e serigrafia. Foi aí que comecei a despertar o
interesse pelos desenhos", recorda o desenhista.
Representatividade: Segundo Miguel Galvão, a intenção era gerar uma
sensação de proteção com a imagem de avós que vieram de longe para trabalhar na
então nova capital do Brasil. "Em uma das paredes, estão figuras femininas
que vieram de pau de arara para a construção de Brasília e também as indígenas.
Do outro, há uma senhora com dois netos chamando o Falkor, do
filme História sem fim, para ajudar na proteção do espaço",
detalha o empreendedor.
Para ele, os detalhes do desenho no painel chamam uma atenção
positiva por parte de quem passa por perto de carro ou de ônibus, pois as
pessoas se sensibilizam com a arte, que se torna um chamariz para entender o
que há na região. "Aos poucos se descobre que aqui tem brechó, loja com
produção de artistas locais e lugar para comer. É uma grande vitrine para os
artistas da cidade. Ter um painel desse tamanho é importante para reforçar que
Brasília produz arte de qualidade", celebra Miguel.
Pedro Marra –
Fotos: Ed Alves/CB – Correio Braziliense