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Artigo: Tecnologia a serviço do empoderamento de mulheres

Artigo: Tecnologia a serviço do empoderamento de mulheres. Colaboração entre a Fundação Assis Chateaubriand e IBM Research Brasil leva tecnologia para projeto de empreendedorismo feminino


Leandro de Carvalho Nascimento* - Uma jornada de formação empreendedora que promove o acolhimento e o empoderamento de mulheres para que, por meio dos seus empreendimentos, sejam capazes de conquistar a independência financeira e a cidadania plena. Esta é a ideia por trás do Todas Elas, uma tecnologia social desenvolvida pela Fundação Assis Chateaubriand (FAC) em 2020.


Em 2022, a FAC e o laboratório de pesquisas IBM Research Brasil iniciaram uma colaboração para utilizar o Todas Elas para ampliar uma pesquisa da IBM sobre o uso de chatbot com foco no cálculo da saúde financeira de microempreendimentos. A pesquisa, que já incluiu a análise das informações de mais de duas mil mulheres que utilizaram o Todas Elas no Distrito Federal, tem o objetivo de medir o impacto econômico e social de ações de microcrédito e educação financeira na vida de microempreendedores localizados em regiões de baixa renda.


Heloísa Candello, pesquisadora da IBM Research que lidera este projeto com o cientista Emilio Vital Brazil, explica que a área espera investigar quais fatores influenciam no potencial de crescimento de negócios em regiões específicas e quais dados alternativos, além dos tradicionais pedidos pelos bancos que concedem microcrédito, podem ser utilizados para prever o impacto social e o potencial de crescimento de pequenos empreendedores.


A pesquisa, que já está no seu segundo ano, possibilita a construção de um sistema conversacional baseado em voz e texto, um chatbot, que ajuda a diagnosticar a saúde atual do pequeno negócio. Durante a pesquisa foram realizados workshops com várias partes interessadas neste processo, incluindo colaboradores do programa Todas Elas, para discutir os desafios das microempreendedoras e mapear suas jornadas no programa. O próximo passo é a utilização de modelos de machine learning para analisar e inferir o potencial de crescimento das microempreendedoras a partir de dados de questionários e informações coletadas pelo chatbot da IBM.


De acordo com os pesquisadores da IBM, desde a criação do primeiro chatbot em 1966, houve um grande crescimento desse tipo de tecnologia com a popularidade dos modelos fundamentais (foundation models), que são treinados com toda a base de informações disponíveis na internet. Os modelos fundamentais permitem aos sistemas conversacionais fazer recorte de partes do que aprendeu na internet, interpretar perguntas não estruturadas, os seus contextos e nos dar respostas. E o chatbot permite esta interação máquina-ser humano, de maneira natural e levando em conta todas as ambiguidades da linguagem humana.


Porém, estruturar um chatbot não é um processo simples e inclui um complexo de tecnologias que atuam juntas. No caso do chatbot da pesquisa da IBM Research no Todas Elas são utilizadas 5 soluções tecnológicas, incluindo a Inteligência Artificial da IBM.


Para Mariana Borges, gestora do Todas Elas, pesquisar e desenvolver uma ferramenta que estimule e gere engajamento das empreendedoras é fundamental para a obtenção de dados que ajudarão a perceber o desenvolvimento das mulheres e de seus negócios. Mariana acrescenta ainda que este é um importante passo para superar o desafio que é o monitoramento e medição de impacto de iniciativas sociais como o Todas Elas.


Apesar de toda a tecnologia, tanto o Todas Elas quanto a pesquisa da IBM Research são centradas no humano (Human Centered). O Todas Elas foi desenvolvido a partir do uso de abordagens de Design que investigaram a fundo o contexto e demandas de mulheres de baixa renda no DF. Já a pesquisa da IBM Research emprega métodos de pesquisa exploratória e descritiva de viés qualitativo e indutivo em Interação Humano-Computador (Human-Computer Interaction, HCI).


A coordenadora pedagógica do Todas Elas, Mayane Burti, frisa que o fator mais importante do programa é o humano; a atenção dada às mulheres que são atendidas pelo Todas Elas. Para Mayane, a tecnologia é uma importante aliada pois permite ampliação em escala do atendimento, com eficiência e eficácia. Ela acrescenta ainda que a tecnologia é usada para garantir que o impacto esteja realmente sendo alcançado e que a vida das mulheres seja positivamente transformada.


A experiência do Todas Elas no DF é um exemplo de como a tecnologia pode ser uma importante aliada no processo de construção e execução de iniciativas que tenham o objetivo de resolver problemas sociais. A tecnologia por si só não basta, é preciso que ela venha acompanhada de um olhar humanizado e que coloque as pessoas no centro, para que, de fato, seja assertiva e gere impactos positivos.


*Leandro de Carvalho Nascimento é gestor de projetos sociais – Foto:  Trent Erwin/Unsplash – Correio Braziliense




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