A
decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), de anular provas obtidas pela Lava-Jato trouxe à tona, mais
uma vez, discussões sobre a integridade da operação. Convidado do CB.Poder — parceria entre o Correio e
a TV Brasília — desta quinta-feira (28/9), o senador e ex-juiz
Sergio Moro (União Brasil - PR) afirmou que existe uma “demonização” da
Lava-Jato baseada em “narrativas que não se sustentam”, promovida pelo governo
do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que, segundo alegou, fomenta um
“revanchismo”.
“Fazem
essa demonização da Lava-Jato com narrativas que não se sustentam. Como que
quem combateu o crime é o vilão da história? E quando você pergunta ‘Quais
foram os excessos e as irregularidades?’, você nunca tem uma resposta precisa.
Por exemplo, a investigação que estão querendo colocar na cordilheira do CNJ [Conselho Nacional de Justiça] é porque eu
teria violado ‘regras de prudência’. Mas espera aí, algum dinheiro foi
desviado? O dinheiro recuperado não foi importante? O que é essa regra de
prudência que foi violada? Então, são narrativas que não se sustentam na
prática”, alegou.
Sobre
sua atuação na Lava-Jato, Moro não faz autocríticas. Para o senador, a
operação não resultou na condenação de nenhum inocente, além de ter agido para
devolver dinheiro à Petrobras que foi proveniente de um “roubo inegável”.
“Faltam fatos objetivos. Ninguém consegue apontar uma pessoa inocente que foi
condenada e presa na Lava-Jato. O roubo é inegável. Os fatos são coisas
teimosas, são seis bilhões de reais recuperados pela Petrobras. Dinheiro
devolvido de ladrões”, argumentou.
Questionado
sobre a hipótese de ter o mandato cassado devido à atuação na operação — vide o
que aconteceu com o ex-deputado Deltan Dallagnol, ex-procurador da Lava-Jato —,
Moro afirmou que existe uma especulação exagerada. O senador alegou que
respeita a atuação da Justiça Eleitoral e que está do lado da verdade, pois sua
campanha foi feita dentro da lei.
“É
muito ‘zum zum zum’ em cima dessa cassação desses processos lá na Justiça
Eleitoral. A gente respeita a Justiça Eleitoral e vamos esperar com
tranquilidade o resultado do julgamento, tanto no TRE [Tribunal Regional
Eleitoral] como no TSE [Tribunal Superior Eleitoral] porque, no fundo, os fatos
e a verdade estão do nosso lado. Nossa campanha foi feita de maneira limpa e
íntegra, fazendo apenas aquilo que a lei permitia”, explicou.
Moro argumentou, porém, que o clima de “revanchismo” fomentado pelo governo Lula é motivo de apreensão frente aos processos de cassação do seu mandato na Justiça Eleitoral. “Agora, existe esse clima de revanchismo fomentado pelo governo Lula que, claro, nos traz alguma apreensão. Mas nós estamos tranquilos quanto aos fatos e eu estou focado no meu mandato. Eu quero fazer os meus projetos. Quero agir como oposição responsável contra esse governo. A gente segue adiante olhando pra frente, assim como o governo Lula deveria fazer: olhar pra frente e não olhar para trás”, defendeu.