Através da livre iniciativa e da
associação entre pessoas, é possível gerar riqueza. Cooperativa gerou riqueza do lixo e transformou a vida de dezenas de
famílias
Em seu discurso na sessão ordinária da Câmara Legislativa da última terça-feira
(17), o deputado Thiago Manzoni mencionou um movimento comunitário do Jardim
Botânico que transformou a vida de famílias de catadores. No "Dia
Internacional para a Erradicação da Pobreza", o deputado deu esse exemplo
de superação.
Após a fala do deputado Thiago Manzoni em plenário, a presidente da Associação
de Catadores Recicla Mais Brasil, Cristiane Pereira, recebeu o vídeo do
discurso e ficou muito feliz pela história deles ter sido
compartilhada. “Eu queria fazer um agradecimento ao deputado, porque esse
vídeo chegou para a gente, dele falando da relevância do trabalho dos
catadores, da parceria que foi construída com a comunidade do Jardim Botânico,
que nos trouxe para nossa cooperativa esse divisor de águas, essa oportunidade
de desenvolvermos enquanto pessoas, seres humanos e sermos reinseridos na
sociedade novamente, através da coleta seletiva inclusiva, e de todo o suporte
que o movimento comunitário nos deu. E hoje, a gente estar falando um pouco
dessa história, eu fico muito emocionada e grata ao deputado pelas palavras”.
Essa iniciativa começou através da necessidade do casal, Cristiane e William.
Ele era gari e tinha trabalhado por mais de 15 anos em uma empresa de coleta de
lixo, quando ficou desempregado devido a um problema de saúde e não conseguiu
mais se inserir no mercado de trabalho. Cristiane contou que esse foi o pior e
o melhor momento da vida deles, pois tiveram que tomar a decisão de ir para a
rua, catar latinhas para sobreviver. Apesar da luta do começo, hoje, a coragem
e iniciativa mudaram a vida deles e de muitas pessoas.
“A única coisa que ele sabia fazer era correr atrás do caminhão do lixo. Eu era
empregada doméstica e assim, não parava de trabalhar, e o meu sonho era
trabalhar com carteira assinada em uma empresa de limpeza. Foi assim muito
difícil, porque uma pessoa que tem seu salário todo mês certinho, caindo ali na
sua conta, você pagando seu aluguel, comprando sua comida, e se vê numa
situação de rua, de você não ter o que comer naquele dia, é muito complicado.
Mas foi assim que a gente iniciou esse trabalho como catador e catadora de
materiais recicláveis”, contou Cristiane.
Em seu discurso, Manzoni mostrou dados que mostram que quanto mais livre é a
economia de um país, menos pobreza existe, graças à economia de mercado. Nos
países em que a economia é muito controlada pelo Estado, quase 50% das pessoas
vivem na pobreza, e nos países mais livres, apenas 2% vivem na pobreza.
"Eu aproveito que estou falando do capitalismo para falar desses catadores
aqui que vieram hoje à Câmara e para citar um movimento comunitário do Jardim
Botânico que transformou os catadores daquela região numa cooperativa e mudou a
vida daquelas pessoas, que recebiam 200, 300 reais por mês e passaram a viver
com cerca de 3 mil", disse o deputado.
Cristiane disse que é gratificante e emocionante dizer que a reciclagem mudou
não só a vida dela, mas a vida das 60 famílias que hoje estão ligadas
diretamente à cooperativa. "A reciclagem mudou a minha vida, porque
eu não tinha perspectiva de futuro e muitos outros associados que estavam com a
gente também não. Então a gente viu os cooperados mobiliando casa, comprando
carro, tirando carteira de habilitação e tendo uma alimentação mais adequada,
realizando sonhos e tirando férias", compartilhou a presidente da
associação.
A partir de 2019, após muita luta para começar e dar ritmo ao trabalho, eles
montaram a equipe administrativa da cooperativa e pleitearam, via emenda
parlamentar, a construção de um galpão com estrutura. "Então, em 2020, a
gente recebeu o nosso galpão e através da nossa rede alternativa, que é a
central de cooperativas, e com o apoio do Governo Federal conseguimos os
equipamentos, esteira, balança, empilhadeira e prensa, o galpão completo. De
2020 a 2023, a gente conseguiu adquirir mais três caminhões e hoje nós temos
sete caminhões próprios, adequados para o trabalho que a gente faz".
Cristiane contou que conseguiram ser contratados pelo GDF, e o que antes os
condomínios tinham que pagar para eles pela coleta hoje é o governo que
paga. "A gente conseguiu também colocar o Jardim Botânico na rota da
coleta seletiva pelo GDF. Nós somos responsáveis pela coleta seletiva do
Paranoá e do Itapoã, onde a gente trabalha e mora, e os catadores melhoraram a
renda."
A reciclagem mudou a vida de Cristiane e William, que são provas vivas de que é
possível gerar riqueza do lixo, transformar vidas através dos resíduos
recicláveis. "E se a sociedade fizer a sua parte, o simples fato de
separar o resíduo e colocar para coleta seletiva, com certeza esse material vai
chegar nas mãos de um catador, ali é onde o catador faz o trabalho, o papel
dele na questão da transformação, na questão da triagem e da reciclagem desse
material, porque ele se insere de volta no mercado.", concluiu
Cristiane.
Deputado Distrital Thiago Manzoni
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