Em
meio a um cenário político conturbado no Distrito Federal, por conta dos atos
antidemocráticos de 8 de janeiro, o nome da vice-governadora Celina Leão
(PP) se destacou durante o período de substituição ao governador Ibaneis
Rocha (MDB).
Quais
lições a senhora tirou durante esse período? A primeira é que foi preciso
ter muito pé no chão e cabeça tranquila. Tem que seguir, realmente, o princípio
de caráter que você tem e acho que se revela muito nesses momentos de
dificuldade. Além disso, exercitei muito o diálogo institucional republicano,
como governadora. Isso foi muito importante para várias vitórias que tivemos,
não só sobre o retorno do governador Ibaneis, mas o encaminhamento do projeto
das forças de segurança, que foi negociado nesse período.
Outro
grande destaque deste ano foi a luta pelo Fundo Constitucional do DF. Como foi
essa longa batalha? Foi uma construção histórica, em que também precisamos
dialogar com o governo federal. A perda do Fundo Constitucional seria
algo irreparável, a curto, médio e longo prazos. Brasília não sobreviveria.
Começamos esse debate no Senado, onde teve uma participação muito atuante do
senador Omar Aziz (PSD-AM), que foi o relator e puxou para si a
responsabilidade e discutiu muito com os pares.
Em
meio a um cenário político conturbado no Distrito Federal, por conta dos atos
antidemocráticos de 8 de janeiro, o nome da vice-governadora Celina Leão
(PP) se destacou durante o período de substituição ao governador Ibaneis
Rocha (MDB).
Vivemos um período bastante complicado no início do ano, por conta dos atos golpistas. Como foi substituir o governador Ibaneis Rocha em um momento tão conturbado? Foi muito complicado porque você não se prepara para um momento como aquele. Mas a vida te prepara para algumas situações que você venha a passar. Os três mandatos que eu tive, com esse é o quarto, me prepararam para conseguir superar aquele momento de dificuldade. Naquela época, precisávamos trazer estabilidade política para nossa cidade de manter o nosso grupo, que é o mesmo do governador Ibaneis, unido, sem dificuldade e sem nenhum tipo de movimentação que fosse contrária ao nosso governador. E conseguimos. Mantivemos o governo caminhando, a lealdade ao nosso governador e trouxemos a normalidade à cidade.
Quais
lições a senhora tirou durante esse período? A
primeira é que foi preciso ter muito pé no chão e cabeça tranquila. Tem que
seguir, realmente, o princípio de caráter que você tem e acho que se revela
muito nesses momentos de dificuldade. Além disso, exercitei muito o diálogo
institucional republicano, como governadora. Isso foi muito importante para
várias vitórias que tivemos, não só sobre o retorno do governador Ibaneis, mas
o encaminhamento do projeto das forças de segurança, que foi negociado nesse
período.
Sempre
falo que não precisa levantar as mesmas bandeiras, e as nossas são diferentes.
Isso é claro e visível para a população do Distrito Federal. Somos um governo
de centro-direita e temos um governo federal de esquerda eleito, e a democracia
é a convivência desses poderes com respeito. Assim como queremos o respeito ao
nosso governo, respeitamos o governo federal, que foi eleito democraticamente.
Acho que esse diálogo institucional republicano respeitoso beneficiou a
população do Distrito Federal.
Outro
grande destaque deste ano foi a luta pelo Fundo Constitucional do DF. Como foi
essa longa batalha? Foi uma construção
histórica, em que também precisamos dialogar com o governo federal. A perda
do Fundo Constitucional seria algo irreparável, a curto, médio e longo prazos.
Brasília não sobreviveria. Começamos esse debate no Senado, onde teve uma
participação muito atuante do senador Omar Aziz (PSD-AM), que foi o relator e
puxou para si a responsabilidade e discutiu muito com os pares.
Acho
que até por conta da minha trajetória política, de estar vivendo no Congresso
Nacional, o governador incumbiu a mim essa missão, até porque o presidente da
Câmara (Arthur Lira) e o relator (Cláudio Cajado) são do meu partido.
Conseguimos resolver essa situação com êxito, mas não posso deixar de agradecer
a todas as pessoas que foram importantes, a nossa bancada federal e os nossos
senadores, que nos ajudaram. Além disso, alguns senadores de outros estados —
que adotaram o DF como sua casa — também colocaram todo o empenho na questão do
Fundo Constitucional.
Alguns
políticos e parte da população ficaram incomodados com a ausência do governador
nas negociações do FCDF. Por que ele preferiu ficar de fora das
articulações? Foi uma questão
estratégica. O governador Ibaneis tem um jeito muito peculiar de governar, por
isso ele é muito respeitado. Ele sabia que eu tinha uma condição, por ser do
partido, e por se sentir representado, na minha presença. Foi um conforto que
ele teve. Mas todas as vezes que era necessário, pedia para ele ligar e
conversar com as autoridades. Ele sempre esteve junto, apesar de não estar
aparecendo, nos bastidores, o governador Ibaneis estava ativo.
Em
relação ao seu futuro político, a senhora tem uma ideia do cargo que pretende
se candidatar nas próximas eleições? Temos
que pensar muito no nosso trabalho, que é o atual governo, fazendo uma boa
gestão. É claro que há uma perspectiva de uma continuidade do nosso projeto
político, mas eu acho muito cedo para a gente falar sobre eleição, propriamente
dita. Tenho falado, com os nossos secretários e com os nossos grupos políticos,
sobre trabalho, porque se você semear você vai colher o fruto daquilo que você
fez de positivo para a cidade, a população reconhece aquilo que você faz. Estou
mais preocupada com a nossa gestão, nas áreas que a gente tem mais fragilidade
e no que eu posso ajudar mais o governador Ibaneis. Estou bem focada nisso. Sem
contar que, um processo eleitoral antecipado, pode criar um pouco de mal-estar,
um sentimento de arrogância. É claro que temos um projeto político de
continuidade, mas isso vai ser construído em 2026.
Acha
que a participação na briga pelo Fundo Constitucional foi positiva para a sua
imagem? Claro. Foi uma vitória da cidade, mas também foi uma vitória
pessoal. Até porque, com a resistência que existia do (Cláudio) Cajado, os
políticos adversários me criticaram e disseram que, se a gente perdesse, a
culpa seria minha. Mas como ganhamos, também tenho que colher os frutos disso.
Tenho certeza de que isso pesará em 2026, até porque foi uma batalha muito
difícil.
A
senhora chegou a saber sobre o fato do José Humberto Pires ter se lançado como
candidato ao GDF? Qual é a sua opinião? Acho
que nosso grupo político vai se manter unido. Temos muito respeito pelo comando
do nosso governador Ibaneis e, nesse jogo da política, destacam-se as pessoas
que têm mandatos, que estão à frente e que estão com essa capacidade (de
governar). Mas nosso grupo não vai se desfazer, existem vários cenários
políticos que a gente precisa exercitar e a eleição passa por partidos e
mandatários políticos, além do nosso governador. Sobre essa possibilidade de o
José Humberto se candidatar, ele tem desmentido isso e tenho certeza que ele
está à disposição daquilo de que o governador Ibaneis decidir. Esses tipos de
ruídos fazem parte da política, mas não nos abala de forma alguma.
E
sobre o futuro do próprio Ibaneis? O governador está muito tranquilo.
Ele tem, bem pavimentada, uma construção de Senado, pois vai sair consagrado
como um governador que fez e deixou um legado para o Distrito Federal. Isso o
capacita para buscar o cargo de senador da República, acredito que esse seja o
caminho natural dele e acho que seria, talvez, um dos senadores mais votados da
história do Distrito Federal, por ter quebrado recordes. Seria a coroação do
trabalho do governador Ibaneis.
Como ficou a relação com o governo Lula, depois do forte apoio a Jair Bolsonaro nas eleições? É preciso ter respeito dentro da democracia. Você não vai desconstruir o seu passado para construir o seu futuro. Você vai pegar aquilo que você fez de positivo, que era absolutamente natural, o meu partido era a base do governo, inclusive, tinha o ministro da Casa Civil. Então, é absolutamente natural nosso apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Sempre fui muito respeitosa nas minhas colocações. Respeito a divergência e nunca deixei de sentar na mesma mesa de uma pessoa que pensa totalmente diferente de mim, na hora de construir alguma coisa positiva para a cidade. Esse tem que ser o caminho para que a gente possa fazer o melhor para a nação.
Se arrepende do apoio que deu a Bolsonaro? De forma
alguma. Era o nosso caminho natural, o apoio a Bolsonaro e, da mesma forma que
trabalhamos para que ele vencesse, fui nas minhas redes sociais, depois do
resultado, falar que acreditava na nossa democracia e que as urnas eram soberanas.
Temos que saber ganhar, perder e se reconstruir para uma próxima eleição.
Acha
que a senadora Damares Alves pode ser candidata ao GDF em 2026? É claro que ela tem total liberdade e
tamanho para isso. Acredito que isso é uma decisão pessoal dela, mas todas as
vezes que ela me encontra, sempre enaltece — não só internamente, mas
publicamente — o nosso trabalho. Acho que, se ela vier candidata, será uma
coisa absolutamente natural e eu respeito essa vontade, mas acredito que existe
uma grande possibilidade desse grupo todo se unir.
Os
crimes de violência contra a mulher têm crescido no DF. O que tem sido feito
para coibir essa realidade? Muitas vezes, a violência contra a mulher só é
enxergada quando acontece o crime do feminicídio, mas se você chegar nas nossas
delegacias, temos várias ocorrências de violência física, psicológica e ameaça.
A regulamentação da legislação que multa os autores dos crimes que movimentam a
máquina pública vai ser muito disciplinadora. Essa lei vai ser muito educativa,
porque o cidadão vai sentir no bolso aquilo que ele achava que poderia passar
impune. Temos também o Viva Flor, agora sendo alcançado na própria delegacia, a
lei dos órfãos do feminicídio, que regulamentamos e os órfãos começam a receber
o auxílio a partir de outubro. Além disso, lançamos uma campanha no metrô, que
vai percorrer todas as estações do metrô.
Falando
sobre o feminicídio, especificamente, o que pode ser feito de maneira efetiva e
drástica para combater esse tipo de crime? Conseguimos identificar
que o feminicídio tem algumas algumas características que fomentam para que o
crime aconteça. Primeiro, é a falta da denúncia. Se pegarmos os índices da
Secretaria de Segurança Pública, muitas mulheres que morreram não tinham um
registro de ocorrência contra o agressor. É por isso que criamos o programa Não
se Cale. A segunda situação, é a mulher voltar a conviver com agressor. Às
vezes ela, na boa-fé, não acredita que o homem teria coragem de repetir a
violência. Sem contar a questão da dependência emocional e financeira. A
terceira é a medida protetiva. Tem vítimas que estavam pedindo 'pelo amor de
Deus' para não morrer para o Estado e foram mortas.
Temos
grandes obras em andamento no DF, principalmente as rodoviárias, que têm
complicado o trânsito e tirado a paciência dos motoristas. Acha que realmente é
viável interferir em grandes vias, ao mesmo tempo?Precisamos resolver o
problema da nossa cidade. Esse incômodo é temporário, mas as obras são
permanentes. Às vezes, a população não tem dimensão do quanto o DF tem crescido
e do quanto de veículos novos têm sido emplacados. Não podemos esperar e fazer
uma obra agora e a outra daqui um ano. Até porque tem um processo licitatório,
uma ordem de serviço e um cronograma que é natural do processo hierárquico e
burocrático do governo. O que temos feito é tentar monitorar o trânsito, 24
horas por dia, para a gente ver o que pode ser feito para minimizar esses
impactos. Mas rápido vai passar, algumas obras estão sendo entregues,
inclusive. A gente pede desculpa à população, mas logo vai passar e vamos poder
chegar em casa mais cedo e curtir a família com mais tranquilidade.