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Exclusivo: Ex-chanceler Ernesto Araújo fala sobre os ataques a Israel.

Exclusivo: Ex-chanceler Ernesto Araújo fala sobre os ataques a Israel. Mentor da política que reaproximou Israel do Brasil, Ernesto Araújo falou com exclusividade ao Paradoxo BR sobre os reais motivos do ataque terrorista do Hamas e o que irá acontecer daqui em diante

A história oficial não é desconhecida do brasileiro. Enquanto o estado de Israel sempre é colocado como vilão da história, ainda que pese erros políticos sobre decisões passadas, o único país democrático do Oriente Médio foi a única vítima no recente brutal ataque promovido pelo Hamas no último sábado (7), com direito ao enjaulamento de crianças. 

Além da propaganda disseminada pela mídia alimentada por organizações de esquerda, poucos irão saber a verdade. O Hamas não defende a causa palestina. Ele quer a eliminação do povo israelense, aos moldes do estado islâmico.

Responsável direto pela retomada das relações Brasil-Israel em 2019, o ex-chanceler Ernesto Araújo concordou em interromper seu descanso em Hartford, Connecticut, para conversar com o Paradoxo BR sobre o massacre promovido pela organização alimentada pelo maior inimigo israelense: o Irã.

Paradoxo BR – O sr. acredita ser possível concordar que essa ofensiva do Hamas é uma reação à eventual assinatura do acordo de Israel com a Arábia Saudita mediado lá atrás por Donald Trump?

Ernesto Araújo – Esse elemento provavelmente entrou em consideração, mas é apenas um dos aspectos de uma questão maior. Creio que o ataque assassino do Hamas provém de uma determinação do Irã, juntamente com o seu principal aliado, a Rússia, de provocar uma guerra de larga escala no Oriente Médio, com o objetivo de estabelecer o poder iraniano (e portanto russo) como predominante em toda a região. 

Isso inclui expulsar os EUA, aglutinar todo o mundo islâmico ao redor de Teerã, espalhar um reino de terror não só no Oriente Médio mas também na Europa, na África e nos próprios EUA, além de desviar a capacidade militar ocidental do apoio à Ucrânia ao apoio a Israel.  permitindo a tomada definitiva pela Rússia do território ucraniano já ocupado.

Além disso, a situação realmente coloca em xeque o acordo Arábia Saudita-Israel. Se assinar um acordo com Israel agora, a Arábia Saudita tenderá a ser vista como traidora de todo o mundo árabe e muçulmano. Com isso, os sauditas serão obrigados, ou a ajudar o lado iraniano-russo numa guerra regional, ou ficar de lado e deixar o Irã assumir sozinho a liderança muçulmana. 

De qualquer forma, a Arábia Saudita tende a tornar-se cada vez mais próxima do bloco China-Rússia-Irã, como uma espécie de parceiro menor no novo BRICS, e cada vez mais distante do Ocidente.

2019: Ernesto Araújo (ao fundo, à esquerda) e o então presidente da República, Jair Bolsonaro

Paradoxo BR – Partindo dessas premissas, o sr. pode afirmar que o Irã financiou essa invasão? O ataque nos levou imediatamente a pensar na existência de infiltrados em Israel.

Ernesto Araújo – A concepção estratégica, incluindo a escolha do momento, muito provavelmente foi obra do Irã – possivelmente com ajuda russa. A execução tática pode ter-se beneficiado certamente de infiltração em Israel.

Paradoxo BR – Durante sua gestão como chanceler (2019-2021), o Brasil era forte aliado de Israel. Hoje, a situação é simplesmente oposta. A recente aproximação do governo Lula com o Irã pode ter afrouxado o combate a grupos como o Hamas? 

Ernesto Araújo – O Brasil, de fato, foi um forte aliado de Israel, bem como grande apoiador dos novos processos de paz entre árabes e israelenses. Além disso, uma importante voz no combate ao terrorismo. Mas isso apenas no período 2019-2020. Nesse breve período, construímos uma política completamente nova para a região. Muito produtiva, mas que feriu os interesses do Irã, da Rússia, de todos aqueles que querem usar o tema palestino e o terrorismo desenfreado para fomentar uma guerra. 

Já em 2021, a política começou a ser desmontada e a postura anti-Israel, complacente com o Hamas e com o terrorismo, bajuladora do Irã e da Rússia, começou a ser retomada.

O governo Lula aprofundou isso e inseriu o Brasil no bloco totalitário formado pela China, Rússia, Irã e Foro de São Paulo. Os regimes narco-socialistas do Foro de São Paulo e os cartéis da droga latino-americanos têm profundas relações com o terrorismo de matriz iraniana, como Hezbollah e Hamas.

Então podemos ter certeza de que o Brasil de Lula não fará absolutamente nada contra o terrorismo, assim como não faz nada contra o crime organizado na América Latina, e não fará nada no cenário internacional que possa contrariar os planos e interesses do bloco totalitário.

“Creio que o ataque assassino do Hamas a Israel provém de uma determinação do Irã, juntamente com o seu principal aliado, a Rússia”


Paradoxo BR – Partindo de sua análise, os EUA – assim como o Brasil – enfraqueceram o combate ao terrorismo. O governo Biden se mostrou favorável, inclusive, favorável que Israel cedesse mais territórios aos palestinos. O sr. acha que esse enfraquecimento ajudou a motivar o ataque de ontem?

Ernesto Araújo – Sim, creio que a postura dos EUA, desde o começo do governo Biden, só sinaliza fraqueza, ausência de qualquer determinação de combater o terror e as fontes do terror –  que hoje são fundamentalmente Irã e Rússia. Joe Biden se viu forçado a apoiar a Ucrânia, o que me parece a atitude correta, mas em todos os outros terrenos não fez nada para defender o mundo livre do qual os EUA têm a responsabilidade de ser a maior potência. Afastou-se de aliados fundamentais, como Israel, a Arábia Saudita e também a Índia. Fugiu do Afeganistão de maneira incompreensível.

Nada fez para ajudar as forças verdadeiramente democráticas da América Latina a combater o narcosocialismo. Ao contrário, apoiou candidatos do Foro de São Paulo, como Lula. Em suma, amoleceu com os inimigos e desprezou os amigos. Obviamente, os inimigos – que são inimigos da liberdade em todo o mundo, e não apenas inimigos dos EUA – entenderam o momento como situação ideal para atacar. 

Paradoxo BR – Na sua opinião, como Israel irá reagir a esse ataque? Há chances de um conflito direto com o Irã? Sabe-se que eles têm a tecnologia para enriquecer urânio, algo que o governo de Barack Obama tem grande responsabilidade.

Ernesto Araújo – Há grande chance de conflito de larga escala entre Israel e Irã, eventualmente envolvendo outros países da região. Isso provavelmente é o que o Irã quer. Mas Israel não tem escolha, pois se não destruir o Hamas agora, vai tornar-se uma vítima indefesa, pronta a ser abatida pelos inimigos. 

Se Israel não contra-atacar de maneira profunda e poderosa, como já está fazendo, será destruída. Se contra-atacar e provocar uma guerra de larga escala, também corre o risco de ser destruída, mas nesse caso pelo menos irá lutando, e esse é o espírito israelense.

Paradoxo BR – Do ponto de vista da política local de Israel, o sr. acredita que essa contraofensiva pode dar capital político ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que tem enfrentado diversas crises. Isso o ajudaria a retomar o apoio que tinha, digamos, em 2019?

Ernesto Araújo – Provavelmente sim. Quando se trata da sobrevivência da nação, como é o caso de agora, as disputas internas tendem a ser colocadas de lado – e o desgaste de Netanyahu nos últimos anos deu-se justamente por disputas institucionais internas. 

Os momentos de crise como estes tendem também a elevar um líder a uma patamar diferenciado em relação aos outros políticos, pois são momentos que de certa forma extrapolam a política. Esse foi o caso de grandes Primeiros-Ministros de Israel em situações de guerra, como Ben-Gurion e Golda Meir. (Vídeo ~~~)

Confira mais informações sobre o ataque terrorista do Hamas em Israel no podcast comandado por Ernesto Araújo, o Código Fonte:


Claudio Dirani




 

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