Musicista quer levar chorinho para
escolas da rede pública de ensino. Conversa com o Zé recebeu instrumentista
Fernando César com o filho, o jovem Bento Tibúrcio, de 16 anos, para uma
conversa aconchegante sobre choro, em que eles também falaram sobre cultura,
instrumentos e educação
No quinto episódio do podcast Conversa com o Zé, o jornalista José
Carlos Vieira recebeu Fernando César, instrumentista e professor de violão, e o
filho, o bandolinista Bento Tibúrcio. Ambos destacaram a importância do ensino
de música nas escolas públicas do DF, além do estilo único que tem o choro de
Brasília.
Em um dos momentos altos da conversa, o jornalista abordou sobre a
importância do choro para a cena musical brasiliense e sobre a necessidade de
preservação do gênero. O músico respondeu que uma maneira de se perpetuar ainda
mais o choro seria o levando a música para dentro das escolas.
"Infelizmente, nas escolas públicas, são poucas a crianças que têm contato
com a arte de modo geral, principalmente com a música instrumental popular
brasileira", disse César
O instrumentista contou que, ao longo dos anos, tem feito alguns
projetos para levar o choro para dentro da rede pública de ensino. Ele está
montando uma cartilha para entregar para as crianças, com QR Code que leva a um
vídeo no YouTube, no qual é contada a história do choro e são apresentados os
instrumentos musicais e uma playlist.
Fernando defendeu a criação de uma linha de financiamento junto à
Secretária de Cultura para divulgar a arte dentro das salas de aula de
Brasília. "Não basta só a escola regular, com conteúdo para concursos. Eu
acho que é preciso formar um ser humano, e a música e a arte são fundamentais
para essa formação" concluiu. ( Vídeo ~~~)
Choro e Brasília: Zé perguntou a Fernando sobre o fato de ele ter crescido ouvindo que o choro iria acabar e, por quais motivos, o estilo continua vivo. "O choro é essência da nossa música popular, e aqui em Brasília tem uma força impressionante pois ajuda a levar o gênero para o Brasil inteiro", respondeu Fernando.
O jornalista questionou sobre a diferença do choro de Brasília com as demais regiões do país. Fernando dise que acredita que vem da ousadia herdada de outro gênero musical que denominou a cidade como capital do Rock. "Eu falo muito que isso deve ao sotaque do choro de Brasília. E esse sotaque herdado do rock foi feito aqui na década de 80, e nesse período de tantas bandas, eu acho que essa ousadia do roqueiro a gente conseguiu incorporar e levar para o choro, que se tornou o choro de Brasília", comentou.
Ao Bento Tibúrcio, de 16 anos, Zé relembrou a vinda do jovem
músico ao jornal, em 2017, quando havia aprendido a tocar baixo, e perguntou
sobre a atual relação com o instrumento. "Eu sempre gostei de baixo desde
de criança, mas sempre toquei bandolim e cavaquinho. Só depois eu consegui um
contrabaixo e comecei a tocar, ainda toco, mas agora estou estudando o
bandolim", conta.
Com as responsabilidades que envolvem a adolescência, o jornalista
perguntou como Bento faz para conciliar os estudos do bandolim com a escola e
os deveres diários. "Tem alguns alguns compromissos da música que, às
vezes, eu preciso faltar um dia de aula. Aí eu vou recuperando as tarefas à
noite, mas eu sempre vou bem na escola," relata Tibúrcio.