O número de inadimplentes no
país chegou a cerca de 30% dos brasileiros no fim de 2023 e é o maior desde
2010, quando o número era de 24,9%. Entre eles, 41,2% afirmam não ter condições
de pagar as dívidas atrasadas, 4 pontos percentuais a mais que em 2022. A maior
parte dos inadimplentes, 46,2%, está com mais de três meses de atraso, 3,2
pontos acima do ano anterior. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do
Consumidor (Peic), apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio
de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostra também que, em 2023, a taxa anual de
endividamento caiu pela primeira vez em quatro anos. Mas o número segue
expressivo. Dezembro encerrou com 77,6% de endividados.
Para o economista-chefe da CNC,
Felipe Tavares, é importante distinguir os conceitos de inadimplência e de
endividamento. “Endividamento é algo fundamental para o desenvolvimento
econômico, pois o crédito é o trampolim do sistema capitalista”, ressalta o
economista. “A inadimplência é um resultado adverso do endividamento, causado
pela renda baixa do brasileiro e pela volatilidade da economia do país”,
explica Tavares.
Regiões mais inadimplentes e
endividadas: Embora a Região Sul tenha a maior parcela de endividados do
país, com 91,6%, a maior taxa de crescimento anual foi verificada na Região
Norte, onde o aumento de 3,7 pontos percentuais levou o indicador a 75%. Os
cinco estados mais endividados foram Paraná, Minas Gerais, Roraima, Espírito
Santo e Ceará. Os menos endividados foram Alagoas, Mato Grosso do Sul, Bahia,
Pará, Goiás e São Paulo.
Já a Região Norte tem duplo
destaque: o maior número de famílias inadimplentes e o maior aumento de um ano
para outro. O indicador saltou de 28,6% para 33,2%. A Região Sudeste, no
entanto, concentra o maior percentual de famílias que não terão condições de
pagar as contas: foram 14,3%, volume que aumentou 2,5% de 2022 para 2023.
O Rio Grande do Norte manteve a
liderança de inadimplentes, com aumento de expressivos 9,8 pontos percentuais.
Lá, 55,9% da população tem contas em atraso. Seguem-no os estados de Minas
Gerais, Amazonas, Roraima e Ceará. Os estados com menor índice de inadimplência
são Paraíba, Tocantins, Paraná e Sergipe, além do Distrito Federal.