A
educação e a conscientização das pessoas são cruciais no combate à dengue,
segundo destacou a vice-governadora Celina Leão, durante o programa CB.Poder —
parceria entre Correio e TV Brasília — de segunda-feira
(5/2). Às jornalistas Ana Maria Campos e Denise Rothenburg, ela também comentou
sobre a saúde mental da população, que tem ficado mais frágil, conforme o tempo
passa, e deve ser tratada como problema de Estado e de saúde pública. Além da
criação de um curso de capacitação destinado a policiais durante atendimento às
mulheres.
Quando
o DF vai ter segurança em relação à dengue? Estamos mesmo vivendo uma
epidemia? São várias informações que precisamos trabalhar todos os dias
para estabilizar e diminuir os quadros de dengue no DF. Há, sim, uma convicção,
por parte da Secretaria de Saúde e da Vigilância Sanitária, não só aqui (na
capital do país), mas em todo o Brasil. É só observarmos os estados que
decretaram emergência, como Minas Gerais e Goiás, com quase 23 mil casos. Nós
conseguimos identificar de uma forma muito mais rápida do que os outros, isso
porque temos uma Secretaria de Saúde única, que cuida de todas as nossas
cidades. O DF consegue ser um modelo para que possamos realmente ver o que está
por vir no Brasil e, desde a primeira semana, identificamos o crescimento
vertiginoso da doença. Aumentamos toda a rede de atendimento; colocamos 40% das
unidades básicas de saúde só para o atendimento de dengue; levantamos tendas
nas cidades; chamamos 70 agentes de vigilância de saúde. O governador Ibaneis
Rocha mandou para a Câmara Legislativa um orçamento para chamar mais servidores
públicos dessa área. O governo está muito mobilizado. Hoje (ontem), teve a
abertura do Hospital da Aeronáutica em Ceilândia. Então, a missão é, realmente,
atacar todas as frentes que podemos. Todos os dias, o GDF tem uma ação de
combate diferente à dengue, não paramos em nenhum minuto.
Ceilândia
é a cidade que lidera o número de casos. O que tem de problema na cidade? Ceilândia
é a maior cidade, tudo fica muito concentrado na Região Sul (do DF) — 42% dos
casos estão na Região Sul. Por isso que o hospital de campanha foi escolhido
para ser instalado lá, ao lado da UPA do Sol Nascente. Dessa forma, vamos
conseguir desocupar um pouco mais as nossas UPAs e os hospitais. Assim, podemos
tratar, nas UPAs e nos hospitais, os casos mais graves da doença.
Por
que, no DF, as campanhas de conscientização não começaram antes? Em Niterói
(RJ), há apenas três casos registrados este ano. Como eles conseguiram chegar a
este ponto, mesmo sendo perto do Rio de Janeiro, que também está explodindo de
casos? Implantaram uma bactéria no mosquito que o impede de disseminar a
doença. Isso não pode ser feito aqui também? Isso é uma pesquisa. Assim
que a pesquisa for confirmada, acredito que será disponibilizada para os outros
estados, até porque ninguém pode guardar para si algo que poderia salvar
milhares de vidas. Acho que é o que acontece em Niterói hoje. Você tocou em um
ponto para nós que é muito importante. A educação e a conscientização das
pessoas. Às vezes, as pessoas não se incomodam com o lixo estar próximo à sua
casa ou em colocá-lo nas ruas de qualquer forma. Além de trazer inúmeros
problemas sanitários, como a própria dengue, isso causa enchentes. Há pouco
tempo passamos dificuldades (com as chuvas). Se vocês olharem o que tiramos dos
bueiros — são garrafas, móveis, entre outras coisas. São descartes irregulares
de lixo. Estamos mudando um pouco a forma de pensar essas cobranças de multa,
no sentido de coibir o lixo e o descarte irregular. Talvez, o legado que
podemos tirar dessa grande crise é diminuir o descarte irregular em Brasília.
Os administradores estão com uma delegação para identificar lixo irregular e
enviar diretamente para o DF Legal. Antes, tinha que ir um auditor ao
local fazer a notificação. O governador Ibaneis Rocha soltou, na sexta-feira,
no Diário Oficial do DF, a determinação de que a multa será virtual, para que
possamos ter agilidade.
Qual
a dificuldade na produção da vacina contra a dengue? Acredito que possa
ser até pela própria tecnologia. A pesquisa foi feita por uma determinada
empresa. Hoje, é só ela que fornece, o único comprador dela é o Ministério da
Saúde, que irá fazer a distribuição das doses das vacinas. Conforme foi dito
pela ministra (Nísia Trindade), o DF será prioridade para recebê-las. Na
primeira semana, eu já tinha feito um ofício para ela, que respondeu ao
governador, e o DF deverá ser a primeira cidade. É pela quantidade de produção
e a demanda. Há, também, uma mutação do mosquito, que demora um tempo menor de
incubação e sobrevive um tempo maior. Por parte da Vigilância Sanitária, existe
uma preocupação enorme. Se este ano estamos com a doença assim, existe uma evolução
genética no mosquito que está causando uma doença um pouco mais agravada, como
está vindo essa cepa, que é mais violenta. Por isso que falamos que caso você
esteja com alguns sintomas, comece a se hidratar, busque ajuda, vá a uma
Unidade Básica de Saúde (UBS). O nosso pedido é que busque as UBSs se estiverem
com febre, dor nas articulações, atrás dos olhos e no corpo. Se hidrate. O
remédio para dengue, além dos paliativos, é a hidratação. Quando falamos em
tendas montadas, é para que as pessoas possam tomar o soro na veia, é isso que
pode poupar e salvar milhares de vidas.
Existe
risco de faltar medicamentos? Não. Não existe essa possibilidade. A
secretária Lucilene Florêncio (de Saúde) e o dr. Juracy Cavalcante Lacerda
Júnior (presidente do Iges-DF) estão controlando isso bem de perto. Pode,
em algum um dia ou outro, ter feito um direcionamento para atender
"x" pessoas e faltar em algum lugar específico, mas a rede está
abastecida.
Há
recursos para compra de medicamentos? Há recursos. O governador Ibaneis
tem cuidado muito de perto. O grupo de trabalho é comandado pela secretaria de
governo. O governo inteiro está trabalhando nesse sentido.
A
covid-19 não acabou. Estamos vendo uma nova cepa da doença, também é um
problema? Esse é um problema também. Muitas vezes, as pessoas chegam às
unidades básicas de saúde sem saber o que é sintoma de dengue e o que é de
covid-19. As campanhas publicitárias do GDF têm esclarecido quais são os
sintomas de dengue, que são as dores nas articulações e manchas vermelhas na
pele. A covid é mais ligada com doenças respiratórias, mas pode dar febre
também. Na dúvida, procure uma UBS.
Como
está a parceria com o governo federal? Por parte do governador e do GDF,
nossa relação é dentro do pacto federativo, uma relação republicana. Quando o
Exército veio para nos ajudar, fazendo visitas de casa em casa, o governador
aceitou. Foi oferecido a nós por meio do ministro (José) Múcio (Defesa) ao
governador Ibaneis, e ele aceitou a ajuda. O governador sempre pensa na
população antes de pensar nessa questão de ideologia. Aquilo que ele precisar
do governo federal vai ser pedido e nós temos recebido.
Agora, vamos tratar sobre a segurança pública. Na última vez que a senhora veio ao programa, citou um curso de capacitação que seria oferecido a policiais para atender a mulheres. Como está isso? Foi um decreto muito importante naquele momento, pois além dessa questão do curso para formação de policiais, nós colocamos que, a partir de agora, desde o estudo e o edital para concurso público, até a formação dos agentes, eles terão um módulo que trata da questão da violência contra a mulher. Falamos também sobre saúde mental (da corporação). Acho que é um desafio para qualquer gestor público, nunca se teve tanta depressão. Há um sentimento de adoecimento da população (em geral), não sei se é pelo número de informações que recebemos ou no formato de como elas chegam, mas isso precisa ser observado. Dentro do GDF, todas as secretarias estão montando os módulos de estudo sobre o tema. Devem fazer a primeira edição por esses dias, pois a Polícia Civil, a PM, os Bombeiros e Polícia Penal, todos estão participando da elaboração desse curso. (Vídeo, entrevista completa ~~~)