185
mil pessoas na Avenida Paulista? É ridículo, não? O pior de tudo é a pessoa
passar ridículo por vontade própria. Nós vimos aquela Avenida Paulista lotada;
moradores de lá disseram que nunca a viram tão cheia. Eu calculei com base na
matemática – e eu fui bom nisso, nota 10 na faculdade e no ensino médio –: a
área da avenida é de uns 130 mil metros quadrados; se pusermos cinco pessoas
por metro quadrado, teremos 650 mil pessoas. A PM de São Paulo disse que havia
750 mil, e eu até admito porque calculei apenas a avenida em si, com 50 metros
de largura e 2,8 mil metros de extensão, mas certamente havia gente nas
transversais. Se não tivesse havido bloqueio na estrada, haveria ainda mais
gente. Mas insistir em 185 mil é um retrato desse ridículo. É tão absurdo que
ficamos pensando que a pessoa está sonhando ou deixou de pensar racionalmente,
só emocionalmente, porque quer ser contra. Como se passou ridículo
ingenuamente, puerilmente. “Não é”, “não é”, “não é”. Por que isso? É tão
vergonhoso, tão vexaminoso negar a realidade.
E
não estou falando só da contagem da multidão. Vi pessoas dizendo “o pior
discurso do Bolsonaro em toda a sua vida”, não sei mais o quê. Outros
ofenderam, disseram que não podia ter havido a manifestação... mas não vivemos
em uma democracia? Quem diz algo assim está revelando o seu totalitarismo, seu
desejo de partido único, quando na verdade toda essa gente deveria simplesmente
reconhecer a demonstração de força, de grandiosidade de um líder, que conseguiu
convencer os manifestantes a não trazerem faixas ofensivas, por exemplo. Houve
o discurso moderado de Bolsonaro, houve o discurso de cunho moral e religioso
de Michelle e de Silas Malafaia. Não houve partidarismo, não apareceu partido
político; o presidente apenas deu força para as lideranças que estavam com ele
no palanque.
Mas
as pessoas fazem questão de negar isso. E quando fazem isso, assinam embaixo,
assumindo que aquilo as atingiu. E como usam adjetivos, até interjeições! É
coisa de jornalista que não aprendeu na faculdade, como eu aprendi, que em
jornalismo não se usa adjetivo e muito menos interjeição. Usamos verbos e
substantivos para contar os fatos. Em vez de usar um adjetivo, mostramos o
tamanho do que foi, a cor do que apareceu, o inchaço. Mas não se usa adjetivo,
que, em geral, embute uma opinião. Enfim, a manifestação teve repercussão no
mundo inteiro, principalmente por causa da detenção do jornalista português –
um marqueteiro empenhado em deixar mal o país não teria feito melhor.
Abasteça
o carro e patrocine um filme: Um edital da Petrobras, divulgado na
sexta-feira, prevê para o ano que vem a volta do patrocínio para shows, teatro,
filmes e até festas: R$ 250 milhões. De onde vai sair esse dinheiro? Se você
pensou que é do seu bolso, quando estiver abastecendo com diesel ou gasolina,
ou comprando gás, então você acertou. Porque não tem mais de onde sair. Tanto
que no governo anterior o patrocínio havia acabado, exatamente para não pesar
no preço do combustível e do gás. Está de volta, agora, a festa de R$ 250
milhões.