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Babel e a aldeia global

Babel e a aldeia global Um dos problemas gerados pela modernidade digital é que ela trouxe consigo uma plêiade de generalistas de toda a ordem, imbuídos de certezas e de vaidades, que os credenciam a ofertar conselhos e modelos de comportamento. Essa vã ambição, de ser o que não se é, passa a ser mais perigosa ainda, quando as análises desses novos gurus se tornam adornadas com a moldura política e ideológica que professam.

À exceção de poucos jornalistas, cujo mister os obriga a se inteirar de uma gama de assuntos variados, o que assistimos hoje nas mídias sociais não passa de um festival de besteirol, cuja adesão é tão perigosa como caminhar sobre pântanos.

O critério do bom senso sumiu no horizonte. Obviamente que existem exceções e que valem a pena ser anotadas. Em outros tempos, nas redações de jornalismo era consenso natural que entrevistas ou opiniões fossem coletadas apenas daqueles personagens que tinham o que dizer e que não tropeçavam na língua e no raciocínio. Desse modo, era acertado que jogador de futebol devia jogar e não comentar assuntos fora de seu habitat. Cantores deveriam cantar e não falar coisas que não entendiam. Artistas, de modo geral, idem. Assim a coleta de depoimentos coerentes ficava restrita àqueles que tinham o que dizer. Era a razão a serviço da informação, poupando os ouvidos e olhos dos leitores e da audiência de serem inundados com observações vazias.

Essa regra e outras de igual valor, quando desobedecidas, não raro geravam ruídos que não só prejudicavam quem os proferiram, como passava a alimentar uma cadeia de fofocas que descredenciava a seriedade do próprio jornalismo.

Hoje, à guisa de preencher um vazio de ideias, todos falam de tudo. O mais trágico é que poucos se entendem. Vivemos numa espécie de Torre de Babel moderna, onde a linguagem parece ter perdido seu poder de comunicação e entendimento. Ora porque o que se diz não se faz e não se vê, ora porque não se diz nada mesmo. O mais incrível é que todo esse fenômeno atual, onde a comunicação perdeu sua força de comunicar e estabelecer entendimentos, se dá num momento em que as comunicações via internet parecem ligar o mundo instantaneamente, ao vivo e a cores. Curioso é saber que este momento de ruídos na comunicação já havia sido previsto muito tempo atrás. O caos político em nosso país demonstra essa tese. As inúmeras guerras e conflitos armados pelo mundo reforçam ainda mais o enunciado citado.

Em 2011 foram comemorados os 100 anos de nascimento do filósofo e professor canadense Marshall McLuhan (1911-1980), autor do polêmico conceito de aldeia global. Suas ideias sobre essas previsões foram revistas e repensadas.

MacLuhan acreditava que os meios de comunicação teriam se tornado uma espécie de extensão natural do homem moderno. Para ele, as novas tecnologias iriam interligar o mundo e unificar as culturas, já que essas novas ferramentas iriam influenciar o modo de pensar da sociedade. Em parte, algumas dessas ideias se concretizaram, mas à custa de uma realidade paradoxal: nunca, em tempo algum, estivemos tão conectados e solitários ao mesmo tempo.

Alimentava-nos a ideia de que somos intrinsecamente iguais e quando nos defrontamos com as diferenças, tornamo-nos arredios. Um caso típico e que nos diz respeito diretamente pode ser nos debates políticos envolvendo esquerda e direita.

O fato de essas duas vertentes não se entenderem é até compreensível. O que não se pode aceitar é o fato de o Brasil e brasileiros ficarem à margem dessas discussões, não tanto pela ação de um lado, mas por uma visão obtusa dos que não aceitam o fato de que o país mudou e com ele surgiram as diferenças expressas pela maioria da população.

A frase que foi pronunciada: “As eleições pertencem ao povo. A decisão é deles. Se decidirem virar as costas ao fogo e queimar o traseiro, terão apenas que sentar sobre as bolhas.” (Abraham Lincoln)

Partida: Num encontro casual, na padaria do Lago Norte, no último domingo, Danilo Gomes, o escriba, confessou: primeiro leio a coluna do Paulo Pestana, depois a sua! Lá se vai mais um amigo, jornalista de uma geração respeitada. Nosso abraço à família.

Parabéns, Renato! Expectativa em relação a Renato Santos, de Brasília, que vai disputar dois torneios no World Karate Championships WKA, em Malta, entre os dias 21 e 24 deste mês.

Circe Cunha e Mamfil – Coluna “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Charge do Dum - Abraham Lincoln. Foto: wikipedia.org – Correio Braziliense




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