Durante todo o ano, entidades
governamentais e sociedade civil organizam ações voltadas à conscientização
sobre diversas doenças. No calendário da saúde, o mês de março recebeu a cor
azul-marinho para alertar a população sobre o câncer colorretal, o terceiro
tipo de neoplasia mais frequente e a segunda maior causa de mortes por câncer
no mundo. Como o nome sugere, a região afetada compreende o cólon e o reto,
situados na parte final do intestino grosso.
“O câncer colorretal é
prevenível. Sabemos, a partir de dados globais, que a prevenção reduz em até
40% o risco de óbito nos pacientes diagnosticados precocemente”, afirma o chefe
da Assessoria de Política de Prevenção e Controle do Câncer (Asccan) da Secretaria
de Saúde (SES-DF), Gustavo Ribas.
Praticar atividades físicas e
manter uma dieta balanceada são, segundo o especialista, fundamentais para
evitar a ocorrência de tumores em geral. “Exercícios físicos estimulam células
imunomediadas [autoimunes], como os linfócitos T, que auxiliam o organismo no
combate às células cancerígenas”, explica Ribas.
“A prevenção reduz em até 40% o
risco de óbito nos pacientes diagnosticados precocemente” Gustavo Ribas, chefe
da Assessoria de Política de Prevenção e Controle do Câncer da SES-DF
Neoplasia é uma proliferação
desordenada de células no organismo que formam uma massa anormal de tecido. Os
tumores podem ser classificados como benigno ou maligno. O primeiro tipo tem,
geralmente, um crescimento lento e ordenado, apresentando limites definidos. Já
o segundo, também conhecido como câncer, tem um crescimento mais rápido, com
células que não apresentam diferenciação e invadem tecidos vizinhos.
Ela continuou a ignorar os
sintomas até que, numa certa manhã, sentiu uma glândula próxima ao ouvido
inchar. “Eu não sentia nada, mas notei que precisava de ajuda”, conta.
Primeiro, buscou a Unidade Básica de Saúde (UBS) 5 do Gama. De lá, foi
encaminhada ao Hospital Regional do Gama (HRG) para consultar uma
proctologista. Em 2013, realizou o exame de colonoscopia e recebeu o
diagnóstico.
“Quando o médico fala que é
câncer, parece que escutamos que estamos morrendo”, diz a aposentada. O pavor
inicial, porém, logo foi dissipado. Em poucos dias, Marilda passou por uma
cirurgia sem intercorrências no HRG. Em seguida, a quimioterapia foi iniciada
com acompanhamento de profissionais do Hospital de Base (HBDF), centro de
referência no tratamento de câncer. Sem precisar sair de casa, a cada 15 dias
ela tomava dois comprimidos, totalizando oito ciclos que duraram seis meses.
Hoje, prestes a completar 70
anos, Marilda atribui à experiência sua mudança de hábitos – ela pratica
exercícios todas as manhãs; e, desde 2013, não há qualquer recidiva da doença.
Sintomas: Ribas
explica que as manifestações relacionadas à doença dependem de magnitude,
intensidade e frequência. “De modo geral, a presença de alguns sinais
específicos nos orienta a fazer uma investigação sobre a suspeita do câncer
colorretal”, explica. Os sintomas são a presença de sangue nas fezes, cólica em
diferentes locais do abdômen ou em todo o abdômen, dores ao evacuar, diarreia
ou prisão de ventre, mudanças de apetite e perda de peso sem uma causa
aparente.
Grupos suscetíveis: Entre os
principais fatores de risco para o câncer colorretal estão a idade acima de 50
anos, sedentarismo, excesso de gordura corporal (sobrepeso e obesidade), abuso
de álcool, tabagismo e maus hábitos alimentares. O baixo consumo de fibras,
presentes em verduras, leguminosas e frutas, e uma alta ingestão de carnes
processadas, mais conhecidas como embutidos (salsicha, bacon, presunto e peito
de peru, entre outros), também aumentam a chance de desenvolver a doença. Comer
carne vermelha em excesso – mais de 500 gramas por semana – é outro fator de
risco.
A probabilidade também é maior
em pacientes com histórico familiar de câncer colorretal ou que já tiveram
câncer de intestino, ovário, útero ou mama. São mais suscetíveis, ainda,
pessoas com síndromes inflamatórias do intestino (como retocolite ulcerativa
crônica e doença de Crohn) há mais de dez anos, ou que tenham certas doenças
hereditárias, como a polipose adenomatosa familiar (FAP) e o câncer colorretal
hereditário sem polipose (HNPCC).
Outro fator de risco consiste na
exposição ocupacional à radiação ionizante (como raios X e gama). Profissionais
da radiologia médica, forense e industrial, por exemplo, devem ter cuidados
redobrados ao exercer suas atividades.