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Como STF vai demorar para decidir, Senado seguirá em frente com PEC das drogas


Como STF vai demorar para decidir, Senado seguirá em frente com PEC das drogas

Está marcada para a próxima quarta-feira a votação de uma PEC acrescentando um inciso, o LXXX, ao artigo 5.º da Constituição, que é cláusula pétrea, mas pode receber acréscimos, nunca supressões nem modificações. O novo inciso considera crime o porte e posse de qualquer quantidade de droga ilícita, recomendando tratamento diferente para traficantes e usuários. A decisão de Rodrigo Pacheco (presidente do Senado) e Davi Alcolumbre (presidente da Comissão de Constituição e Justiça) sobre a votação desse projeto, cujo relator é o senador Efraim Filho, veio depois que o ministro Dias Toffoli, do STF, pediu vista e tem 90 dias para devolver a questão para o plenário, onde está 5 a 3 pela descriminalização, por decidir qual é a quantidade máxima de droga para que a pessoa não esteja cometendo crime, sendo considerada apenas usuário.

Como pode demorar até 90 dias para o julgamento recomeçar, decidiram seguir em frente no Senado. Pacheco não queria votar a PEC no mesmo dia em que estavam analisando o tema no STF para não parecer uma afronta. Mas quem precisa cuidar para não causar constrangimentos são os outros poderes, o Executivo e o Judiciário, porque o primeiro dos poderes é o Legislativo. Esse não pode ser afrontado, porque é o poder do povo, é o que mais próximo do povo está.

Alguns leitores me chamaram a atenção porque eu falei em “viciado”; disseram que muitas vezes o usuário não é viciado, mas ele está usando droga esporadicamente, maconha, cocaína. De qualquer maneira, está sustentando o tráfico, sustentando o traficante que compra a arma. O dinheiro que compra a arma vem também de quem não é viciado, mas está sustentando o crime, porque todo comprador de droga está financiando o traficante. Isso é óbvio.

Ministra dos Povos Indígenas está na mira do Senado porque se recusa a dar informações sobre o fiasco da pasta: Senadores enviaram à Procuradoria-Geral da República um pedido de impeachment da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara. Seis parlamentares e até uma comissão, a de Fiscalização e Controle, enviaram pedidos de informação que ela não respondeu. Ela pensa que está acima do Poder Legislativo, mas não está. O ministro não é mais que um deputado. O deputado é mais que o ministro, porque o deputado representa o povo. Então, provavelmente, ela não respondeu nada porque não teve resultados. O caso dos yanomamis, por exemplo. Como é que morreram mais índios ano passado? Fizeram um barulho danado, dizendo que iam resolver as mortes dos yanomamis, e no fim o primeiro ano de Lula teve 20 mortes a mais que o último ano de Bolsonaro.

A maneira mais lógica de resolver isso é perguntar aos yanomamis o que eles querem. Eles vão querer uma casa, e não aquela coisa rudimentar. Eles vão querer sair da caverna, querem vir para o nosso tempo. Querem ter um refrigerador, uma máquina de lavar roupa, como muitos têm em Roraima, inclusive em território indígena – eles mesmos me contaram. Máquina de lavar roupa, fogão a gás, refrigerador, energia elétrica... coloque energia elétrica lá para ver a diferença nas condições sanitárias. Mas querem condenar uma etnia a viver no passado. Dizem que se colocarem tudo isso os yanomamis da Venezuela virão todos para desfrutar. Tudo bem, é só registrá-los. Depois vão acabar sendo brasileiros, produzindo sua própria comida, integrando-se à nação brasileira. Para que tanta maldade com os índios? Se eles não quiserem, paciência, mas que se dê informação a eles, que se mostre como os outros estão vivendo. Para que negar isso a eles? O nome disso é preconceito.


Alexandre Garcia - Foto: Geraldo Magela/Agência Senado – Gazeta do Povo




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