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Estado de infelicidade

Estado de infelicidade

Qualquer cidadão, aqui e em outras partes do planeta, sabe muito bem e até deseja, ardentemente, em seu íntimo, que o Estado, essa entidade invisível e onipotente, apeie de cima de suas costas, largue as rédeas e o deixe viver em paz, sem arreios e bridão.

Publicado no fim da Segunda Guerra Mundial, o livro Governo onipotente, escrito pelo economista austríaco Ludwig Von Mises (1881-1973), busca explicar, dentro de conceitos da própria economia, as causas que levaram aos sangrentos conflitos entre os Estados e que geraram um número de mortos que muitos historiadores apontam como próximo de 100 milhões. Isso numa época em que a população mundial andava por volta de 2 bilhões de almas.

Com Mises, emerge a percepção da praxeologia, ou seja, de que existe toda uma estrutura lógica e complexa a motivar as ações humanas e que as levam a atingir conscientemente seus propósitos. Segundo ele, o homem perfeitamente satisfeito com seu estado atual e sua situação não possui motivações para mudar de vida.

Há, assim, uma constante expectativa de que a vida vá se desenrolar segundo situações que sua mente planejou como favorável e feliz. É nessa expectativa otimista que o homem busca agir. A ação é sempre realizada em busca de uma felicidade que virá. O filósofo de Mondubim já costumava dizer que é a insatisfação que move o mundo.

No livro Governo onipotente, o que Mises procurava confirmar é que foram as excessivas interferências governamentais, na economia principalmente, que levaram à eclosão da Segunda Guerra Mundial e a todo aquele morticínio irracional. Em outras palavras, somente o liberalismo, com seu livre-mercado e com um governo limitado pelas diretrizes de uma democracia baseada na ética, seria capaz de garantir a paz.

É com esse pensamento que Mises chega à conclusão de que foram, justamente, os governos com ideias centralistas e com tendências ao despotismo e ao autoritarismo que conduziram boa parte da humanidade à carnificina da Grande Guerra. Ou seja, o nazismo e o comunismo, com seus pontos de vista comuns quanto ao estatismo, que levaram milhões a perecer nos campos de guerra.

A filosofia libertária, ao buscar que o Estado renuncie ao seu protagonismo egoico e desça, literalmente, das costas do cidadão, nas quais há séculos vive encilhado. Daí, estar presente intimamente no planejamento e nos projetos daqueles que sonham e almejam dias mais felizes. Exemplo dessa ação humana pode ser conferida nos dias atuais, quando se verifica a quantidade de jovens que simplesmente fugiram da Rússia para não morrer nas fileiras do exército invasor de Putin.

O livro traz consigo uma lógica, que mesmo impecável, do ponto de vista das ciências humanas, ainda não foi compreendida em toda a sua extensão e sentido. O governo e sua fantasia, o Estado, ao se colocar como uma pedra no sapato daqueles que planejam seguir rumo a dias melhores, é sempre o pesadelo e o responsável pelas tragédias humanas.

Limitar-lhes a ação é permitir força que, no seu mais recôndito íntimo, deseja se ver livre desse gigante insaciável. Ações simples — como aquelas empreendidas por cidadãos comuns, que anseiam pagar menos impostos, tarifas e tributos, como é o caso, aqui, da energia solar residencial, ou da coleta de água das chuvas para consumo próprio, ou mesmo, como se vê agora com dispositivos eletrônicos que permitem economia na conta de luz — mostram o desejo de inúmeras pessoas, em sua ação humana, para fugir das garras cada vez mais afiadas que nos perseguem.

A frase que foi pronunciada: “O credo da nossa democracia é que a liberdade é adquirida e mantida por homens e mulheres que são fortes e autossuficientes, e possuidores da sabedoria que Deus dá à humanidade — homens e mulheres que são justos, compreensivos e generosos para com os outros — homens e mulheres que sejam capazes de se autodisciplinarem, pois são eles os governantes e devem governar-se a si próprios.” (Franklin D. Roosevelt)

Valor X Preço: Domingos é um mecânico que chegou a Brasília ainda na época da poeira. Fica nas oficinas da Asa Norte esperando um serviço daqui e dali. É um daqueles homens que não têm preço. Têm valor. Certa feita, uma cliente lhe perguntou, depois de ter trabalhado a tarde toda no carro, se ele estava lhe enganando. Se realmente usou peças boas. Não teve dúvida. Rasgou o cheque que recebeu na frente da moça e deixou claro que não queria dinheiro desse tipo de gente. A moça chorou arrependida, mas ele não cedeu. Foi a pé para casa, feliz da vida.

Novo programa: Não dá para entender a razão de, até hoje, os professores da rede pública do DF não terem plano de saúde decente, em que possam ser atendidos em bons hospitais e fazerem exames nas melhores clínicas. O GDF deve essa aos mestres da capital.


Circe Cunha e Mamfil – Coluna “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Fotos: divulgação - super.abril - Charge: humorpolitico.com.br – Correio Braziliense




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