A
ministra da Saúde, Nísia Trindade, está descobrindo que o ministério não é a
Fiocruz. Na Fiocruz, ela administrou durante muito tempo como administradora
absoluta, só que agora no ministério é preciso conversar e receber deputados e
senadores, resolver o problema da dengue, da morte dos yanomamis, dos hospitais
do Rio de Janeiro, de notas sobre aborto que saem sem o conhecimento dela. Não
está fácil. O presidente Lula chamou a atenção dela durante a primeira reunião
ministerial deste ano e, por sorte, lá estava participando da reunião
ministerial a primeira-dama Janja, que a consolou quando ela achou que ia se
desatar num choro.
Mas
não é a Fiocruz. É mais acima. Ela disse, por exemplo, que a morte de
yanomamis, no primeiro ano Lula, que foi 20 mortes a mais que no último ano do
governo Bolsonaro, foi porque no último ano do governo Bolsonaro não
registraram todas as mortes. Eu não sei de onde é que ela tirou isso. Também
disse que dengue é por causa das mudanças climáticas. Todo mundo sabe que
dengue é por causa do lixo que não é recolhido, da água parada, que fica
virando criatório de mosquito. E aí ela tem nas mãos dela um recorde de casos
de dengue no Brasil. Um milhão e 800 mil casos, com 560... acho que é 561
mortes. Problema sério.
Gilmar
Mendes: Gilmar Mendes tem estado em Portugal com frequência e dá entrevistas
para a televisão portuguesa. Eu vi hoje uma entrevista de meses atrás em que
ele disse que o 8 de janeiro não tem característica de golpe. O que foi, foi
uma baderna, um quebra-quebra, como tantos que já aconteceram em Brasília. No
entanto, agora ele está dizendo diferente, disse que os depoimentos que
apareceram, foram divulgados, que são um sinal de que nós nos livramos da
máquina da ditadura. Eu acho que não.
Totalitarismo,
ditadura, tirania ocorre sempre que não se respeita a Constituição,
principalmente nos direitos e garantias dos deputados e senadores, que são
invioláveis por quaisquer palavras, e das pessoas que podem se expressar
livremente, sem qualquer censura, é o que diz a Constituição. Então, são
questões aí... Aliás, é estranho, né? Cada vez que o ministro do Supremo dá
entrevista - o que não devia fazer, pois juiz não fica dando entrevista, o juiz
fala nos autos - acaba havendo contradição ou até antecipação de voto de
sentença, o que é proibido para a magistratura. Fica estranho isso. Mas enfim,
esse é um novo país que a gente está vendo aí de politização do judiciário.
Essa
é a reclamação da Faria Lima, dizendo que estão trancando investimentos, que
estão com medo de investir. Investidores estrangeiros idem, por causa da
insegurança jurídica.
Segundo
eles, para a Faria Lima - está publicado na Oeste, na Gazeta do Povo - o
problema é a politização do judiciário, politização de juízes, expressando suas
opiniões. Todo mundo tem direito de expressar a opinião, menos o juiz, que tem
que ter isenção. A justiça é cega, não está vendo, está apenas pesando os dois
lados, o lado da lei e o outro lado, ou os dois lados que vieram pedir justiça
em casos cíveis. Enfim, esse é o Brasil de hoje.
Imprensa
x redes sociais: E só para lembrar, na minha profissão, a gente dizia, lá atrás
- eu tenho 52, 53 anos de jornalismo - que a imprensa, o jornalismo, era o
quarto poder. E agora a gente está vendo muito claramente que o quarto poder,
que eram os meios de comunicação institucionais, cederam esse poder para as
redes sociais, para o povo diretamente. O povo fala através das redes sociais.
Eu
tenho dito que as redes sociais são o antídoto para a mentira. Há mentira
dentro da rede social, só que a mentira é desmentida cinco minutos depois. Ela
não fica como nos meios tradicionais que simplesmente se pereniza porque o
desmentido não aparece. Então é isso.