De
todas as criações do governo Lula nestes seus primeiros catorze meses,
provavelmente nenhuma pode se comparar, em termos de produção líquida, com o
"Ministério das Declarações Cretinas". Oficialmente, o ministério não
existe, mas funciona mais que todos os outros; é natural, quando se leva em
conta que o cargo de ministro é acumulado pelo próprio presidente da República.
Os
37, 38 ou 39 ministérios de Lula se dedicam com muita aplicação a governar o
Brasil da pior forma possível, mas em geral não funcionam à noite, nos fins de
semana e nos feriados – e por isso acabam rendendo menos do que podem. Já o
"Ministério das Declarações Cretinas" opera em tempo integral. O
presidente não para de falar – e a cada vez que fala, a reserva nacional de
estupidez aumenta.
Porque
ele mesmo nunca teve coragem de aprender, Lula trata a todos como ignorantes, e
a ignorância como uma virtude.
Sua
última realização na área foi sem dúvida uma das mais notáveis desde que
assumiu a Presidência. Depois de dizer que está cansado de tratar com a questão
da inteligência artificial, porque acha o assunto muito complicado, fez a
proposta mais idiota do seu mandato até agora: determinou a criação de uma
“inteligência artificial em português brasileiro”.
Essa
coisa deve ser construída por cientistas do Brasil, com conteúdo “nacional”,
para nos livrar da dependência das “economias dos países ricos”. Mais: Lula deu
aos “cientistas brasileiros” um prazo de três meses para a ciência local
descobrir uma inteligência artificial apropriada para o Brasil – e ao que se
supõe, compreensível para ele. A IA “100% brasileira”, segundo o presidente,
tem de estar pronta até “julho” ou “junho”.
Como
em geral acontece nesses casos, segue-se uma reação em cadeia. Os núcleos de
estupidez se reproduzem e o sujeito acaba dizendo coisas cada vez mais boçais.
“Por que não utilizamos a inteligência humana que já temos aqui?”, perguntou,
sob os aplausos encantados da primeira-dama e mais uma plateia de mulheres,
aparentemente convencidas de que estavam ouvindo uma coisa brilhante. “Um país
que tem tanta gente inteligente, por que é que precisa de inteligência
artificial?”, completou – antes de lançar o seu “desafio” para que os
cientistas brasileiros desenvolvam uma IA nacional até o mês de junho.
O
presidente poderia decidir também que seu governo vai criar a Regra de Três
100% nacional – ou baixar uma medida provisória que ensine aos brasileiros,
sobretudo os pobres, como resolver problemas de trigonometria. É esse, no
fundo, o nível do seu respeito pela população do país: como demonstra o tempo
todo um rancor sem limites às pessoas que aprenderam alguma coisa, porque ele
mesmo nunca teve coragem de aprender, trata a todos como ignorantes, e a
ignorância como uma virtude. Vai ficar cada vez mais agressivo.