Não
se pode dizer que este é o pior momento do governo Lula porque o governo Lula
está o tempo inteiro no seu pior momento, dia e noite, desde que começou
dezessete meses atrás. Mas agora, com a tragédia das enchentes do Rio Grande do
Sul, Lula, sua mulher e os bajuladores mais extremistas do seu círculo íntimo
estão indo a novos extremos em matéria de desleixo com o ser humano,
oportunismo e falta de escrúpulos.
Diante
das mortes, da destruição e do drama de quem perdeu tudo que tinha na vida, a
corte que se pendura no presidente da República está, desde o começo, com uma
ideia fixa e maligna: aproveitar a desgraça do povo gaúcho para tirar proveito
político pessoal. Não conseguiram pensar em outra coisa até agora: como
transformar as ações de socorro, e, sobretudo, as verbas que prometem, em
vantagem para as próximas eleições.
Desastres
naturais, em todo o mundo, são ocasiões em que o governo tem de se mostrar
eficaz, não falar de si e respeitar o luto das vítimas.
Não
houve, também neste caso, a menor preocupação em manter um mínimo de decoro.
Indo direto ao foco de infecção mais evidente: Lula inventou um “Ministério
Extraordinário” para “cuidar” da crise (os 38 que ele já tem não são
suficientes) e entregou o cargo de ministro-interventor a ninguém menos que o
seu candidato ao governo do Rio Grande do Sul nas próximas eleições.
É
um novo recorde, em matéria de uso da máquina e do dinheiro público para fazer
campanha eleitoral. A cada cinco minutos o novo plenipotenciário aparece nas
emissoras de televisão amigas (ele é também o ministro das Comunicações, vejam
só) falando bem de Lula, do Exército e de si próprio. Também está convencido de
que o principal problema das enchentes são as notícias de que ele e o governo
não gostam – quer polícia, processo e prisão. Simula atividade todos os dias,
persegue prefeitos da oposição e não faz nada: não existe nenhuma providência
útil que possa ser atribuída a ele.
É
o contrário. Ele próprio revelou que está perdido e não tem ideia do que fazer.
“A cada hora aparece um problema novo, e a gente não sabe nem para que lado
mexer”, disse ele dias atrás. “Eu acho que nós temos de nos fixar em alguma
área específica. Mas não sei exatamente que área seria essa.” O resto das
autoridades, em geral, vai na mesma toada. Sua prioridade máxima é aparecer
para o público e dar a impressão de que estão fazendo um grande trabalho.
Levam
microfones na lapela e estão sempre com o celular na mão para postar vídeos e
áudio com seus atos de heroísmo. O interesse não é fazer, trabalhar e ajudar. É
exibirem a si mesmos. Faz sentido montar um cenário e um “evento” para mostrar
os gatos gordos do governo oferecendo, como se tivessem saído do seu próprio
bolso, purificadores de água? Se querem mesmo ajudar, por que não entregam os
aparelhos, simplesmente, sem essa palhaçada toda?
Desastres
naturais, em todo o mundo, são ocasiões em que o governo tem de se mostrar
eficaz, não falar de si e respeitar o luto das vítimas. Lula transformou a
catástrofe gaúcha numa quermesse do PT, com coros de “Lulalá”, fotos com
cachorrinho no colo e a primeira-dama rindo de tudo como se estivesse numa
festa em sua homenagem. É esse o Brasil que estão construindo.