Notícia
veiculada no Correio Braziliense na edição de 31/05, dando
conta de que, no Distrito Federal, existem nada menos do que 5.589 pessoas, com
mandado de prisão em aberto, e que estão sendo procuradas pela polícia. Muitos
desses indivíduos aproveitaram as saídas temporárias e, simplesmente,
resolveram não retornar à cadeia. Outros ainda não foram alcançados pela
justiça e continuam foragidos. Números como esses mostram que, nas ruas do
Distrito Federal, apesar, segundo as autoridades, do policiamento ostensivo,
circulam livremente uma quantidade pra lá de preocupante de indivíduos que
respondem por todo o tipo de crime. À esses, somam-se outros tantos que ainda
não estão na mira da lei, mas que também vêm, sistematicamente, praticando
impunemente crimes diversos, alguns inclusive de alto poder ofensivo.
Obviamente
que esses criminosos, dada a forte concorrência, preferem atuar nas áreas mais
ricas do Distrito Federal, onde, há tempos, vêm amedrontando a população, quer
em residências, quer no comércio local. O mais espantoso é que todo esse
contingente de malfeitores tende a crescer a cada ano que passa, pois a justiça
e a polícia, simplesmente, não dão conta de controlar, perseguir e prender
tanta gente.
Quem
circula pelo comércio local em toda a parte do Plano Piloto pode observar o
comportamento, quase paranoico, dos empresários e empregados, toda a vez que um
cliente adentra o estabelecimento. O número de furtos e assaltos ao comércio
são frequentes. Muitos comerciantes, fregueses assíduos dos marginais, já nem
se dão ao trabalho de fazer boletim de ocorrência. Os assaltos e roubos
praticados por menores de idade e que ocorrem com grande frequência,
normalmente não resultam em punições compatíveis com o grau e dano do crime
praticado. Muitos comerciantes do Plano Piloto, conscientes da pouca
efetividade dos órgãos de segurança, optam pela instalação de alarmes, câmeras
e pelo policiamento privado, realizado por empresas especializadas nesses
serviços.
Aliás,
dadas as circunstâncias de insegurança geral da capital, não existe, hoje,
negócio mais lucrativo do que empresa de segurança privada. A situação, segundo
a reportagem, é ainda mais complicada, quando se sabe que as unidades
prisionais do Distrito Federal possuem a capacidade máxima para 9.177 presos,
sendo que, atualmente, existem quase 16 mil custodiados pelo Estado, alguns,
inclusive, monitorados por tornozeleira eletrônica.
A matéria
elaborada por Pablo Giovanni mostra que não há, nesse momento, condições
humanas para capturar ou recapturar todos os marginais que ainda estão soltos
pelas ruas da capital. Simplesmente, não há espaço para todo mundo. O que é
fato é que deixar todo esse contingente de criminosos soltos pelas ruas só faz
aumentarem os índices de violência.
Outro fato
é que, à medida em que a violência cresce, decresce, na mesma proporção, o
descrédito da população em relação à segurança pública. Questão preocupante é
dada pela constatação de que, embora a população do Distrito Federal venha
crescendo nessas últimas décadas, o número de efetivos da polícia civil e
militar estão diminuindo sensivelmente a cada ano.
Esse é um
fenômeno presente em todas as grandes cidades deste país: existe muito mais
criminosos presos e soltos pelas ruas do Brasil que policiais aptos para
prendê-los. A bandidagem sabe que, pela falta de espaço nas prisões e pelo
custo unitário de cada preso pelo Estado, as chamadas audiências de custódia
apresentam boa chance de que a prisão em regime fechado não ocorra.
Na outra ponta, onde estão os
muitos marginais com alto poder financeiro, capazes de contratar bons
advogados, a prisão é quase um fato raro. Se não forem revistos com urgência,
todo esse sistema leniente e nada efetivo de combate à criminalidade em nosso
país chegará um dia em que medida alguma resultará em sucesso, dado o número
espetacular de bandidos impunes e à solta em cada esquina de nossas capitais.