Esqueçam
Zema, Tarcisio, Michelle ou Caiado: a verdadeira puxadora de votos da oposição
é Janja! Declaração após declaração, postagem após postagem, viagem
internacional após viagem, sorriso após sorriso, gasto faraônico após gasto,
cara vislumbrada após cara, a primeira-dama não erra uma e faz perder votos a
Lula!
Vamos lembrar alguns casos: gasto
de R$ 26,8 milhões com móveis e reforma do Alvorada, com direito a sofá de R$
65 mil e cama de R$ 42 mil – fora a descoberta dos móveis velhos e a revelação
de que não era verdade que Jair Bolsonaro os tinha roubado ou destruído. Sapato
de marca de luxo, valendo R$ 8 mil, em um evento na ONU, em Nova York, sobre
“combate à pobreza”. Gravata de outra marca de luxo, no valor de R$ 1 mil,
comprada em Lisboa como presente para Lula. Fotos com cara deslumbrada na Times
Square, em Nova York. O vídeo em iate na Amazônia, tomando suco de fruta em uma
taça de vidro como se fosse champanhe. Bolsa de luxo de R$ 21 mil. Imagens
“turistando”, de folga, nas pirâmides do Egito. A dancinha aterrissando em solo
indiano, enquanto o sul do Brasil sofria com ciclones e dezenas de mortos (o
vídeo foi criticado até por aliados e acabou apagado). Toda aquela cena para o
cavalo nas enchentes do Rio Grande do Sul enquanto havia seres humanos
morrendo, fora a tentativa de se apropriar do resgate do animal, como se ele
estivesse sendo salvo graças a ela.
Mas
o que não se consegue transmitir em palavras neste artigo são as caras, os
sorrisos, as expressões, as poses. Impagáveis! A pérola máxima talvez tenha
sido a foto em um avião da FAB com cestas básicas. Uma cesta básica por
assento, sem aproveitar o espaço – imaginem o custo unitário de enviar essas
cestas básicas de forma tão ineficiente. E alguém ainda perdeu tempo para
afivelar o cinto de segurança em cada cesta básica (!) para que a foto da
primeira-dama no avião ficasse melhor – imaginem quantas tentativas foram
necessárias para se escolher a melhor imagem. A dúvida surge espontânea: é para
fazer ou para aparecer?
Além
do cavalo e do avião da FAB, Janja quis mais vezes o papel de protagonista no
Rio Grande do Sul. Antecipou que Lula indicaria um representante do governo
federal para atuar no estado, passando por cima do ministro da Casa Civil. Em
um encontro com uma família abrigada, nem considerou a mulher e a filha, e
ficou só dando atenção ao cachorro. Durante um comício de Lula, mandou o
ministro Paulo Pimenta largar o celular. Depois, publicaram um vídeo em que ela
ajudava a doar cestas básicas em São Leopoldo, com trilha sonora! Imaginem a
cara de espanto de velhas raposas da política, como José Dirceu ou José
Genoino, perante esse show de horrores e de amadorismo!
Os problemas são dois. Primeiro,
é muito protagonismo para uma pessoa que não tem nenhum cargo. Lula disse que
ela é um “agente politico”, e ela adicionou que tem “total autonomia”. Consta
que ela pediu até um gabinete próprio, afinal “a primeira-dama dos EUA tem!”,
teria alegado. Segundo, em um país com muita pobreza e miséria, essas atitudes,
esses gastos faraônicos, esse protagonismo, essas caras “deslumbradas”, a falta
de seriedade, são muito inadequadas, fora da realidade, demonstram descolamento
do mundo real, aparentam muito apreço pelas benesses da posição.
Nas redes sociais, o povo não perdoa. Os comentários negativos abundam, e “esbanja” e
“deslumbrada” são os termos mais recorrentes. Nunca o país esteve tão de acordo
sobre algo; Janja está unindo o país! A mídia já a apelidou de “a primeira-dama
mais deslumbrada da história” e “deslumbrada-geral da República”. As
pesquisas de opinião mostram a mesma coisa. O instituto Paraná Pesquisas
relevou que 43,4% dos entrevistados preferem Michelle Bolsonaro, contra 34,7%
que preferem Janja. Outra pesquisa, do Poder 360, sobre a atuação da primeira-dama,
mostra que mais pessoas a consideram negativa (28%) que positiva (22%); os
demais consideram que ela não tem impacto; até mesmo 24% dos eleitores de Lula
pensam que a atuação de Janja é negativa.
Janja já está criando desconfortos em Brasília – até entre aliados – e
prejudicando a imagem de Lula e do governo. Por enquanto ninguém fala
abertamente, mas o PT entenderá; eles não são nem bobos, nem amadores. Mais
perto das eleições, chegará a hora da verdade, a hora da contagem das intenções
de voto. Alguém começará a falar e reclamar internamente. E então veremos se o
PT calará Janja, ou se Janja ganhará, e de qual lado estará Lula.