O
presidente Lula inaugurou há tempos um novo frigorífico da empresa JBS. Falou
para as cadeiras vazias de um auditório que deveria estar lotado com os
operários da fábrica, e não estava – mas falou e inaugurou. Lula inaugurou
também uma usina da Raízen. Inaugurou uma fábrica de insulina no interior de
Minas Gerais. Entregou, até mesmo, novos aviões para a Azul, feitos pela
Embraer.
O
presidente comanda, com isso tudo, o segundo movimento mais forte do seu
governo, logo depois do MST – o MSO, ou Movimento dos Sem Obra. Seu papel vem
sendo essencial para a imagem do “Brasil Que Voltou”. Após um ano e meio de
governo, e apesar de já ter entrado na casa do trilhão em matéria de gasto,
Lula não conseguiu entregar uma única obra. Entrega, então, obras da iniciativa
privada, que tanto menospreza nas suas orações em prol do “investimento do
Estado” como fator essencial no desenvolvimento do Brasil.
No
período de doze meses encerrado no último mês de abril, o déficit do setor
público como um todo passou de 1 trilhão de reais – um recorde absoluto, maior
até que o registrado no pico da pandemia de Covid, e sem haver pandemia
nenhuma. Já tinha exigido, e levado, uma “PEC da transição” que deu a Lula 200
bilhões para gastar – antes mesmo de sua posse na Presidência. De lá para cá, a
única estratégia visível do governo para a economia brasileira tem sido
aumentar imposto, inventar imposto, antecipar cobrança de imposto, prever
receita de imposto.
O
Brasil deveria estar, diante disso, soterrado por investimentos públicos do
Oiapoque ao Chuí. Mas onde estão os investimentos que fariam a economia “voar”?
Onde estão as obras? Onde está a melhoria dos serviços devidos à população? Não
dá saber. As realizações do governo ficam nos limites da sua propaganda – que
agora tem também a cor
vermelha.
O
governo Lula está gastando mais dinheiro para falar bem de si próprio do que
qualquer outro na história da República. O presidente acha que a vida começa e
termina com a “comunicação”. As coisas vão mal? Os índices de popularidade
estão caindo? O povo não entende que ainda não está na hora de receber
benefícios? O Congresso não aprova o que o governo quer? Soca “comunicação” em
cima de tudo.
Chama o marqueteiro da campanha para resolver o problema. Entrega a articulação política do governo para Janja, que sabe mais que todo mundo em matéria de “imagem”. Joga a culpa “no Bolsonaro”. Enfim, qualquer coisa – menos admitir que o seu ministério, as suas prioridades e os seus desejos condenam o governo a estar sempre errado.