Acabou
a greve nas universidades federais – em termos, porque as aulas ainda levam um
ou dois dias para voltarem. Mas acabou a greve de um lado e apareceu greve do
outro. São os funcionários do Ministério do Meio Ambiente, do Ibama, do
Instituto Chico Mendes. Tem operação tartaruga em curso com analistas de
comércio exterior, fiscais do Trabalho, Comissão de Valores Mobiliários,
Superintendência de Seguros Privados. Só greve no serviço público, por que
será? Está tão ruim assim o serviço público?
Enquanto
tem greve no Ibama, no ICMBio, no Instituto Chico Mendes, no Ministério do Meio
Ambiente, temos no Pantanal o maior incêndio da história. Vocês ouviram o
silêncio dos artistas que faziam a claque da defesa do Pantanal? Ninguém está
falando nada. Por quê? Ficaram mudos. Que interessante isso!
Confiança
no Brasil está em queda livre: O Brasil teve a segunda maior queda entre
os países do G20 em termos de confiança, medido pelo Credit Default Swap (CDS).
O risco-país subiu 166 pontos por falta de equilíbrio nas contas públicas. No
comércio exterior também há problemas: em maio, exportamos US$ 30,6 bilhões e
importamos US$ 24,3 bilhões. Ainda há superávit de US$ 6,3 bilhões, mas esse
superávit é 32% menor que o de maio do ano passado. São essas medidas
provisórias, atitudes e decisões do governo que estão atrapalhando a economia.
Nas transações correntes, o Brasil está com um déficit de US$ 40 bilhões nos
últimos 12 meses. É um sinal muito marcante.
E
lá se vão 30 anos sem trocar de moeda, uma grande conquista: O real está
comemorando 30 anos, graças ao governo Itamar Franco, a Fernando Henrique
Cardoso como ministro da Fazenda, e a uma equipe que se encontrou agora com FHC
para comemorar. Eu costumava dizer que é um plano que se tornou cotidiano,
finalmente. É de 1.º de julho de 1994. Encontraram-se com Fernando Henrique os
economistas André Lara Rezende, Armínio Fraga, Edmar Bacha, Gustavo Franco,
Pedro Malan e Pérsio Arida. Foi uma grande – talvez a maior – vitória sobre a
inflação.
Imaginem
que nós já estamos há 30 anos com a mesma moeda. Muitos não sabem o que era
mudar a moeda de uma hora para outra. Eu já contei aqui, vou repetir. O meu avô
depositava uma quantia para mim, menino, todo ano, no meu aniversário, na Caixa
Econômica Federal. Ele queria que eu usasse aquela poupança para instalar uma
banca de advocacia. Quando ele morreu, fui à Caixa para ver: ele tinha
depositado para o menino Alexandre US$ 70 mil, estava registrado lá. Meu saldo
era de R$ 2,20 – e, se fosse debitar a comissão de permanência, eu estaria
devendo. Ou seja, o Estado brasileiro roubou do menino Alexandre, como roubou
de todo mundo, ao ir tirando zero, tirando zero, tirando zero. E não durava
muito.
Eu
nasci no tempo do mil-réis; veio o cruzeiro, depois o cruzeiro novo, depois o
cruzado, e a toda hora se trocava a moeda. O real é permanente; já vai fazer 30
anos, felizmente. Mas o Estado brasileiro precisa ser bem administrado; ele
está gastando demais, e aí vão tirar de onde? “A gente arrecada mais”, tira
mais do brasileiro. É coisa de quem não conhece a Curva de Laffer. A carga
fiscal chega a um ponto insuportável. A Gazeta do Povo está mostrando o que
acontece todos os anos: trabalhamos até o fim de maio para sustentar o Estado
brasileiro, União, estados e municípios, nos três poderes. O Estado brasileiro
não existe para se servir do povo, ele existe para servir o povo. Eles são
servidores do público, e o dinheiro com que eles operam é dinheiro do público,
dos pagadores de impostos.