Ensino
é responsabilidade da escola, mas educação é responsabilidade dos pais – da
família. Ensino é a transmissão de conhecimento sobre disciplinas como
matemática, português, geografia e química. Educação é a transmissão de valores
e comportamentos – aquilo que o sociólogo holandês Geert Hofstede chama de
cultura. Segundo Hofstede, a transmissão do núcleo essencial da cultura é feita
nos primeiros cinco anos de vida.
Ensino
e educação são coisas diferentes. Mas o termo educação é usado frequentemente
em discussões nas quais o termo correto seria ensino. Por exemplo, quando
discutimos a qualidade e a eficiência das escolas, sejam públicas ou privadas,
estamos falando de ensino, não de educação.
A
infiltração da ideologia de esquerda nos sistemas de ensino público e privado é
um fenômeno reconhecido há bastante tempo nos Estados Unidos, Brasil e na
maioria dos países ocidentais
O
ensino moderno pode ser analisado sob vários aspectos. Críticos dizem que sua
qualidade vem caindo. Na década de 1970, muitas escolas públicas no Rio de
Janeiro eram consideradas centros de excelência. Hoje parece não existir mais
nenhuma escola pública que seja considerada realmente boa. Há quem diga que um
processo similar de degradação aconteceu com as escolas particulares. Já vi
evidências que sustentam essa afirmação.
Outra
questão tem a ver com os objetivos e o formato do sistema de ensino tradicional
que, segundo muitos críticos, viola o processo natural de aprendizado. O
sistema mantém crianças e jovens sentados em salas, por horas a fio, ouvindo a
repetição de informações, geralmente apresentadas em formato pouco atraente e
de maneira desconexa, em fragmentos, como se o conhecimento consistisse de
pedaços sem nenhuma ligação entre si.
Quando
o aluno aprende uma fórmula de física, por exemplo, aquela descoberta
importante não é colocada em contexto, não se fala da vida da pessoa que fez a
descoberta, não se apresenta o panorama histórico e nem se procura relacionar a
fórmula que o aluno está aprendendo com todo resto do conhecimento. A ênfase
está em decorar a fórmula, saber aplicá-la, responder corretamente às perguntas
da prova e passar de ano. E depois esquecer aquela fórmula completamente.
A
maior parte do que aprendemos na escola será esquecido. Por isso muitos
críticos, como o americano John Gatto, que escreveu o livro Emburrecimento
Programado, dizem que o sistema de ensino existente na maioria dos países não
foi projetado para desenvolver o potencial natural do ser humano. Esse sistema
foi desenhado, segundo esses críticos, para satisfazer a necessidade de um
modelo econômico que não precisa de pessoas autossuficientes, criativas e
independentes, mas apenas de indivíduos com um treinamento mínimo que os
capacite a realizar tarefas repetitivas, que não requerem muita imaginação ou
inteligência. Esse sistema também atende a outra necessidade, imposta pelo fato
de que, na maioria das famílias, pai e mãe trabalham fora de casa: esses
trabalhadores precisam de um lugar para deixar os filhos. As escolas funcionam
também como um depósito de crianças.
Na
maioria das famílias, os pais não têm mais tempo para acompanhar o ensino que
suas crianças recebem na escola. Muitas vezes também falta interesse. Essa
falta de interesse é estimulada pela percepção de que a responsabilidade pelo
ensino é exclusiva da escola, e que há pouco que os pais possam fazer.
Crianças
não têm como avaliar a adequação do ensino que recebem. A resposta que elas dão
a um ensino inadequado é desinteresse, tédio e baixo desempenho. É preciso o
olhar crítico de um adulto interessado e bem-informado para avaliar o método e
o conteúdo do ensino.
Todos
os pais precisam ter consciência do seu papel na vida intelectual, cultural e
moral dos filhos. É um papel insubstituível
Minha
própria experiência como aluno, minhas reflexões sobre a relação entre
aprendizado escolar e evolução pessoal e profissional, e minhas observações
sobre as atividades escolares dos meus filhos já tinham me levado a concluir
que a maior parte do tempo que gastamos na escola é desperdiçado. Consumimos
anos aprendendo coisas absolutamente inúteis enquanto habilidades e
conhecimentos essenciais para uma vida rica, segura e próspera são ignoradas
pelo currículo escolar. Também me dei conta do pouco tempo que nós, pais,
investimos em acompanhar o progresso intelectual, cultural e moral dos nossos
filhos. E aí, quando menos esperamos, temos uma surpresa.
A
infiltração da ideologia de esquerda nos sistemas de ensino público e privado é
um fenômeno reconhecido há bastante tempo nos Estados Unidos, Brasil e na
maioria dos países ocidentais. A esquerda atingiu a hegemonia na mídia, na
cultura, no entretenimento e até no mundo corporativo (via a chamada agenda
ESG). Nos sistemas de ensino, a influência esquerdista vai do nível fundamental
ao pós-doutorado.
Não
faz muito tempo eu conversava com um amigo que me contou da decepção que ele e
sua mulher sentiram ao descobrir que o filho mais velho votara em um candidato
da extrema-esquerda. Ele chorou quando entendeu o que havia acontecido com o
filho. Meu amigo me perguntou: de que adianta educar nossos filhos através do
exemplo e de algumas conversas, durante o pouco tempo de convivência que temos
com eles, se diariamente eles estão sentados em uma sala de aula ouvindo todos
os professores – ou doutrinadores – repetindo as mesmas mentiras e as mesmas
coisas erradas, estimulando neles revolta vazia e amargura? Eu não soube
responder.
Esse
é o melhor mundo que a humanidade já teve. Nunca na história tantas pessoas
viveram tão bem. Mas a maioria das crianças e jovens aprende na escola que esse
é um mundo sujo, injusto e preconceituoso, construído em cima do sangue de
inocentes e da aniquilação da natureza. Ao invés de entenderem a gigantesca e
maravilhosa civilização da qual somos herdeiros, e de serem preparados para
desfrutá-la e avançá-la, e para levar uma vida produtiva e independente, nossas
crianças são empurradas para um caminho de dependência, frustração emocional e
rancor.
Aqui
seria o momento de falar de homeschooling, o ensino em casa. Alguns pais
descobriram aí um caminho melhor. Mas essa não é uma solução para todo mundo.
Nem todos têm a disposição e o preparo para ensinar seus filhos em casa. Essa é
uma responsabilidade enorme e uma escolha disponível para poucos. A maioria dos
pais precisa trabalhar e deixar os filhos em algum lugar seguro enquanto estão
trabalhando.
Todos
os pais precisam ter consciência do seu papel na vida intelectual, cultural e
moral dos filhos. É um papel insubstituível. Cada pai e cada mãe terá que achar
um caminho para cumprir essa missão, na medida das suas possibilidades.
Se
você é pai ou mãe, não há nada na sua vida mais importante que seus filhos.
Você é responsável por sustentá-los, alimentá-los, criá-los e educá-los. Essa
responsabilidade é toda sua. Ela não é da escola e nem do Estado.
Se você delegar essa responsabilidade, pode acontecer com você o mesmo que aconteceu com meu amigo: você pode, um dia, descobrir que aquele jovem que viveu a vida inteira com você se transformou em um desconhecido.