Os Jogos Olímpicos são sempre um teste de resistência,
que extrapola os limites do esporte. Eles falam também sobre o mundo em que
vivemos. Sobre os recordes que serão quebrados. E, para mim, o mais importante
deles já foi vencido: pela primeira vez na história das Olimpíadas, haverá
igualdade total de gêneros nas cotas de vagas para Paris-2024. Também pela
primeira vez, mulheres serão maioria na delegação brasileira, com 153
representantes - 55% do número total.
O ouro da igualdade no esporte olímpico já foi
conquistado por nós. E isso não é pouca coisa. Gosto de imaginar que isso é
legado da nadadora Maria Lenk, a primeira atleta a competir pelo Brasil, em
1932, nas Olimpíadas de Los Angeles. Oremos por ela e por todas as que a
seguiram.
Que as mulheres vivam com alegria e leveza, apesar das
pressões conhecidas, este momento único. Que, mais do que medalhas, tragam a
vitória de viver uma experiência real, que é fruto de um esforço que, muitas
vezes, vai além de suas forças. Que toda a luta de cada uma delas seja
recompensada pelo prazer de estar em Paris!
Que o esgotamento físico e mental não seja maior que a
saúde física e mental. Que a derrota nunca tenha espaço maior do que as razões
que as levaram e as motivaram a uma trajetória de treinos e sonhos. Que elas
nunca se esqueçam de quem são e respeitem os próprios limites. Que nós,
torcedores, possamos honrá-las independentemente de seus resultados!
A abertura dos jogos olímpicos já nos rendeu uma festa
de imagens únicas, que vamos levar para sempre. O coral de Marias Antonietas
decapitadas; Lady Gaga, como sempre, com sua presença imponente; as drag queens
insinuando serem partes de uma imagem sacra e desde então já criticadas; Céline
Dion reaparecendo majestosa, cantando Edith Piaf, provando que pode ser maior
que a doença degenerativa que a acomete.
Paris ofereceu uma festa de diversidade única, que
favorece o mundo por ser inclusiva. Levou para a rua um espetáculo muitas vezes
confinado a espaços em que cabem poucos. Mais do que o esporte, o que esperamos
são mensagens de paz, amor, fraternidade, solidariedade e união entre os povos.
Que as mulheres façam um espetáculo bonito, como já o fazem no dia a dia! Que
saibamos reconhecê-las, admirá-las e respeitá-las! Nossa torcida, é claro,
também está com os atletas homens. Mas faço deste espaço e das poucas linhas
que escrevo um pódio antecipado para elas. Que assim seja!