Brasília vai parar. Pelo menos é o que acreditam todos
a queles que entendem minimamente de trânsito. A quantidade de carros
circulando hoje nas ruas do Distrito Federal indica que, a qualquer momento, as
vias públicas irão literalmente colapsar devido ao intenso tráfego de mais de
dois milhões de veículos. Pior é que esse número não para de crescer, com o
acréscimo de milhares de automóveis entrando em circulação a cada ano. Há um
limite racional, estimado pelos engenheiros, que traçam essas vias, para que o
trânsito flua normalmente sem incidentes. Rompida essa margem, o que se tem são
congestionamentos frequentes, acidentes recorrentes, vias intransitáveis e um
enorme prejuízo para a cidade e seus cidadãos.
É sabido que cidades onde o trânsito é caótico, todos
os serviços básicos e emergenciais de atendimento entram em pane. Tal fenômeno
provoca uma queda sensível não só na qualidade de vida de seus habitantes como
também geram prejuízos econômicos irremediáveis. Todos saem perdendo. As
autoridades e, principalmente, a classe política local deve, de uma vez por
todas, entender que o planejamento urbano é o ponto mais sensível de uma
cidade. Qualquer falha ou remendo no delicado ordenamento urbano pode ser causa
de prejuízo a todos igualmente, levando a inviabilidade da cidade. O trânsito é
um desses delicados planejamentos urbanos que deve ser elaborado, nos mínimos
detalhes, bem antes da implantação de bairros ou comunidades em áreas dentro e
no entorno da cidade.
O colapso verificado na mobilidade dos brasilienses
decorre do mal planejamento e da açodada política de assentamentos, feitas,
unicamente, por motivações políticas eleitoreiras. Colocar as causas dos atuais
congestionamentos das ruas da cidade de lado, significa, entre outros
prejuízos, declarar que esses problemas irão não só continuar como poderão ser
agravados num curto período de tempo, levando a situações irreversíveis.
A prosseguir nessa tendência de estímulo ao
superpovoamento, a construção de novos bairros, de alteração dos gabaritos dos
prédios e outras medidas, é certo que o colapso definitivo nas vias públicas
virá em seguida. Não será surpresa, se, em continuidade com essa política
equivocada, logo teremos o rodízio de carros na cidade, com incremento ainda
maior para a indústria de multas. Também não será surpresa se todos os
estacionamentos públicos, que hoje favorecem o comércio e outras atividades,
virem a ser privatizados. Outra previsão é de que os estacionamentos
residenciais irão ser fechados pelos moradores locais. As áreas verdes da
cidade, que cada dia que passa vão virando estacionamento, irão desaparecer
pouco a pouco, destruindo uma das mais importantes escalas da cidade: a
bucólica.
Não há solução possível para o colapso no trânsito que
não passe antes pelo respeito às escalas urbanas, pelo planejamento urbano, e
pelo respeito aos compromissos firmados. Caso se chegue a essa fase de
descontrole, o que também é uma possibilidade real, dada a sequência de ataques
ao planejamento urbano, o resultado será o fim de Brasília como a conhecemos.
A frase que foi pronunciada: “Dizem que o universo está se expandindo. Isso deve ajudar com o trânsito.” (Steven Wright)
Direito: Dad Squarisi reagiria, com certeza, à palavra stalking, que poderia muito bem ser substituída por perseguição. Não há razão de usar palavra estrangeira para identificar o que a Língua Portuguesa é capaz de fazer.