A manhã de 1º de agosto de 2024 entrou para a história
da capital federal. O dia, que seria lembrado pela liberação do trânsito no
Buraco do Tatu – a passagem que conecta os eixos rodoviários Norte e Sul no
Plano Piloto – após a primeira grande reforma do pavimento e da estrutura dos
últimos 60 anos, ganhou uma simbologia ainda mais especial. Mais do que a
reabertura de uma via por onde circulam 150 mil motoristas diariamente, esta
quinta-feira se transformou na recuperação da memória de Brasília, com a inauguração
do símbolo da Estaca Zero, mais conhecido como Marco Zero, ponto que serviu de
referência para a ordenação numérica da quilometragem da área central da
cidade.
Em relação à obra, o governador destacou a necessidade
da intervenção e a celeridade com que os serviços foram concluídos para
beneficiar os milhares de motoristas que utilizam a via para circular pelo
Distrito Federal. “Sem dúvida nenhuma, era uma reforma necessária. Mais de 60
anos do Buraco do Tatu, um ponto de Brasília que tem um fluxo muito grande de
pessoas. Uma obra maravilhosa em um prazo muito curto de 30 dias”, afirmou.
Foram investidos pelo Governo do Distrito Federal
(GDF) R$ 2 milhões para a recuperação do trecho de 700 metros. O serviço foi
feito pelas equipes do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF), com
auxílio do maquinário próprio do órgão e em parceria com empresas que têm
contratos com o GDF e com a Novacap. Os trabalhos foram efetuados em julho, em
função das férias escolares, para minimizar os transtornos aos motoristas.
A obra consistiu na restauração do asfalto em
concreto, substituição das placas de concreto danificadas, tratamento das
juntas de dilatação, lavagem das paredes azulejadas e do teto, limpeza e
desobstrução das caixas de drenagem e sinalização horizontal e vertical. A
liberação do trânsito de veículos na passagem ocorreu depois da cerimônia de
reinauguração do espaço.
“Muito mais do que 700 metros de obras, fizemos em um mês a revitalização de todo o Buraco do Tatu”, disse o presidente do DER-DF, Fauzi Nacfur Junior. “Esse pavimento de concreto existe há 60 anos, desde a construção de Brasília, e nunca tinha sido mexido. Com isso, as placas de concreto vão trabalhando, vão criando um desnível e gerando um desconforto no fluxo de veículos. Isso acabou. Foram mexidas as juntas de dilatação e niveladas. Aproveitamos para poder limpar e pintar todas as paredes, e toda a drenagem pluvial foi desobstruída.”
Descoberta histórica: A recuperação da Estaca
Zero ocorreu durante as obras. Os operários foram surpreendidos com os trechos
do módulo de concreto do marco, confirmado por técnicos DER-DF, embasados em
documentos do Arquivo Público, e foi decidido fazer a remarcação para que a
história fosse conhecida por todo brasiliense e visitante da cidade.
Para o historiador do ArPDF, Elias Manoel da Silva, a
data ficou marcada como a reabertura da história de Brasília. “Esse ponto é
importante porque todos os elementos da cidade são pensados a partir da Estaca
Zero. Hoje nós estamos revendo a história de Brasília não a partir de qualquer
elemento, mas a partir do elemento fundador: o ponto onde toda a cidade foi
pensada, produzida e deixada para nós até hoje”, revelou.
A retomada da memória do Marco Zero não é importante
apenas para a história de Brasília. Para a família de Joffre Mozart Parada, é
uma forma de reconhecer a importância do engenheiro e topógrafo na construção
da capital federal.
“Ele era um homem muito fechado, carrancudo. Não
falava com ninguém. Ele passava aqui com a gente, mas nunca falou que foi ele
que demarcou. Nada disso ele falava. Então, para nós é muito gratificante
aparecer o nome dele, que era uma coisa que a gente sempre quis”, destacou uma
das filhas de Joffre, a aposentada Gláucia Marina Nascimento, 78 anos.
A engenheira civil Thelma Consuelo Ribeiro, 69, outra
filha de Joffre Mozart Parada, reforçou as palavras da irmã: “Agora está tudo
bem-demarcado, tem os desenhos nas laterais e a sinalização no chão. Sabíamos
que existia, mas que estava apenas coberto. Agora vai ficar mais visível. E o
nome dele vai ficar mais relevante e ser lembrado”.
Joffre Mozart Parada é considerado o primeiro
engenheiro a pisar em Brasília em 1955. Além de definir o marco zero da
capital, ele também foi prefeito do que hoje é o Núcleo Bandeirante, assinou o
projeto de urbanização do Gama, trabalhou na Comissão de Cooperação para a
Mudança da Capital Federal e fez o levantamento das áreas de cada fazenda que
foi assentada para ser desapropriada para que hoje vigorasse a capital federal. ( Galeria de Fotos https://flic.kr/s/aHBqjBC8dm )
O governador falar de encantamento e preservação só pode ser piada, depois do PPCUB. Rs...
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