Uma coisa é governo ruim nos Estados Unidos e outra
coisa, bem pior para os governados, é um governo ruim no Brasil. A capacidade
de fazer o mal, para os governos americanos, é inferior à dos governos
brasileiros, e por esse motivo a população dos Estados Unidos, historicamente,
tem se saído melhor que a do Brasil no permanente confronto entre os que
governam e os que pagam imposto. Não há garantia, porém, de que o preço do
desvario oficial por lá vá ser sempre menor do que o preço daqui – não se o
governo americano piorar num ritmo constantemente mais acelerado que o do
governo brasileiro. Em um momento qualquer na tabela as curvas podem se cruzar
e aí o Brasil, finalmente, vai ser melhor que os Estados Unidos em alguma
coisa.
Essa Kamala Harris, pelo cheiro da brilhantina, talvez
se transforme na melhor oportunidade para o atraso que os americanos já viram
neste século. Pior que Lula ela já é. Se vier a ser presidente dos Estados
Unidos, como a esquerda mundial torce com desespero, tem tudo para fazer um
governo “N” vezes pior, sendo por enquanto uma incógnita o tamanho do prejuízo
que vai dar. Lula tem sido, mais ou menos, o desastre já “precificado”, como
gostam de dizer na Avenida Faria Lima. Sempre pode dar, é claro, um arranque de
cachorro atropelado e superar a sua barra atual, mas por enquanto está naquela
linha do morto que aparece nos monitores de UTI – não se mexe, nem para cima e
nem para baixo. Já a candidata do Partido Democrata é uma calamidade em aberto.
Lula fala bobagem o tempo inteiro, mas na hora de fazer as bobagens a história é outra - no mais das vezes ele quer errar mas não consegue, ou não liga se aquilo que falou deu ou não deu em alguma coisa. Kamala diz ainda mais bobagem do que ele, só que tem capacidade instalada para errar em escala maior e com consequências mais ruinosas. O problema, pelo que foi possível entender até aqui, não parece estar muito no seu palavrório de esquerdista de país rico – o tipo, cada vez mais frequente, que acaba de descobrir um brinquedo ideológico que não conhecia antes e se imagina na vanguarda de uma nova revolução marxista.
Kamala representa um generoso projeto de “mudança”
para os Estados Unidos – embora ela seja a continuação piorada da filosofia Joe
Biden de governo
A coisa fica bem mais feia quando Kamala apresenta o
seu pacote de superstições para a economia dos Estados Unidos. A possível
futura presidente não tem propriamente uma política econômica – tem um
manifesto estudantil sobre a “injustiça”, no qual a ideia central, desmentida
pelos fatos há mais de 150 anos, é a convicção de que a causa da pobreza é a
riqueza. Só há pobres porque há ricos, e se o governo acabar com a sua
“ganância” os humildes e justos entrarão no reino dos céus.
Kamala, como os economistas de esquerda em geral, não
entende, e se esforça para não entender, as noções elementares dos sistemas de
produção. Para ela e os seus estrategistas, bens e serviços estarão disponíveis
para todos se os seus preços forem reduzidos, e para reduzir os preços é
preciso reduzir o lucro das empresas. O mecanismo para se fazer isso, como os
governos peronistas fazem desde os anos 40 do século passado e como Sarney fez
no Brasil com os seus inesquecíveis “fiscais”, é tabelar os preços. Quer que o
Congresso aprove, através de lei, uma proibição nacional contra a “manipulação
de preços” e que o Ministério Público dos Estados passe a punir as empresas que
fizerem “aumentos injustificados” nos seus produtos e tiverem “lucros
exagerados”. Quer controlar o preço da carne. Quer controlar a indústria
farmacêutica. Quer partir para cima das lojas onde se vendem alimentos – em
suma, é a volta do eterno sonho de resolver com a polícia os problemas da
economia.
Nem Lula fala essas coisas hoje em dia, mas nos
Estados Unidos a esquerda, os “progressistas” e as classes “civilizadas” estão
achando que os desejos econômicos de Kamala são a segunda descoberta da roda. O
prêmio Nobel de economia Paul Krugman, que nos últimos anos se transformou no
vigilante mundial número 1 dos erros, carências e limitações do capitalismo,
descreveu as propostas da candidata com um “programa moderado de
centro-esquerda”. O The New York Times, que atualmente exerce o papel de Pravda
do “politicamente correto” através do mundo, afirma que Kamala representa um
generoso projeto de “mudança” para os Estados Unidos – embora ela seja a
continuação piorada da filosofia Joe Biden de governo. A imprensa mundial, na
maioria, vê a candidata democrata como uma “esperança”. As realidades dirão, no
momento oportuno do futuro, o que vai sair desse angu.