Durante o Programa 4por4 neste domingo (26), abrimos
com a pauta mais importante de todas: Alexandre de Moraes, com os
desdobramentos da VazaToga e da entrevista de Tagliaferro, seu fiel escudeiro
que virou vilão agora. Eu, Lacombe, Ana Paula Henkel e Silvio Navarro
apresentávamos os argumentos expondo o absurdo da situação em nosso país. No
chat, só se falava de um assunto: Pablo Marçal.
Sabe quem deve estar amando a briga dentro da direita
que só fala de Marçal agora? O Xandão, que foi esquecido. O Boulos também. Às
vezes acho que o Brasil merece se ferrar mesmo. “Não corremos o menor risco de
dar certo”, alertou Roberto Campos. O Brasil cansa, como sempre digo.
A disputa territorial dentro da direita tomou conta de
tudo, enquanto Moraes deve estar rindo à toa do caos
Entendo que há mais em jogo do que a Prefeitura de SP,
que já não é pouca coisa. Existe uma batalha pelo espaço deixado por Bolsonaro
ao apoiar alguém como Nunes. O fenômeno do nacional-populismo, que explica
Trump e Brexit em 2016 e o próprio Bolsonaro em 2018, tem a ver com o cansaço
do povo com o sistema podre e carcomido, dominado por uma elite globalista que
pretende ter uma "democracia de gabinete", sem povo.
O populismo vem da pegada "messiânica", de
quem se coloca como representante direto do povo contra "tudo que está
aí", um outsider que vai apresentar uma solução mágica, uma bala de prata
para "drenar o pântano". Para problemas extremamente complexos, não é
preciso oferecer caminhos tortuosos: vote em mim e vou derrubar o sistema
corrompido! A mensagem simplória seduz aqueles que não querem encarar a
realidade das concessões inevitáveis, das contemporizações necessárias.
Bolsonaro, seja pelo cálculo político que for,
resolveu seguir Valdemar Costa Neto e apoiar Ricardo Nunes em SP, um tucano de
alma, um ícone do sistema. Marçal percebeu o vácuo deixado e, com maestria na
arte da comunicação, ocupou o espaço. Virou um fenômeno nas redes sociais, e
passou a ser perseguido pelo sistema, por Tabata, e sofreu até censura. Isso só
o fortalece nas hostes bolsonaristas, enquanto a família Bolsonaro escolhe
atacá-lo em vez de concentrar energia contra Boulos.
Tudo isso é bem triste e preocupante, em minha visão.
Não vou entrar no aspecto se Marçal é confiável ou não, se é o novo Doria, um
oportunista, um charlatão que está cantando a letra que é música para os
ouvidos conservadores por puro interesse imediato. A análise é outra: Marçal
dominou a cena, e por disputa territorial, ego ou vaidade, não se fala de outra
coisa na direita, num momento em que deveriam haver duas prioridades: derrubar
Alexandre e derrotar Boulos.
O Brasil pode acabar com Xande impune e Boulos no
comando de São Paulo. Já pensaram numa coisa dessas? Se houver segundo turno,
quem está hoje detonando o outro lado terá de engolir sapos, morder a língua e
apoiar o desafeto contra o comunista invasor de propriedades, certo? Mas o
tribalismo fala mais alto no Brasil, tudo é muito personalista, a mentalidade
do futebol tomou conta da política e Bolsonaro versus Marçal virou o nosso Fla
x Flu. Qual é o seu time?
De minha parte, gostaria de ver Marçal, Bolsonaro,
Nunes, Marina Helena e Salles em cima do mesmo caminhão de som no dia 7 de
setembro, todos eles deixando as várias diferenças de lado para focar num só
alvo: Alexandre de Moraes. Se até RFK Jr, da tradicional família democrata dos
Kennedy, conseguiu superar os obstáculos e apoiar Donald Trump, então quero
crer que os brasileiros também são capazes de compreender o senso de urgência
da guerra principal a ser lutada. Ou estou sendo otimista demais e Roberto Campos
estava certo?