Desde a antiguidade, não é segredo que a diferença
entre o remédio e o veneno está na dosagem. Eis aí uma sentença que se aplica
tanto para a saúde e bem-estar humano, como pode também ser usada para manter a
economia dentro de parâmetros, digamos, salutares. Lembrando que a má
administração econômica de um país pode facilmente levar à morte um número
incontável de indivíduos. É o caso da sobrecarrega tributária e tarifária do
Brasil, levada adiante por mais um governo.
Fechadas as contas, fica constatado um novo recorde de
arrecadação. Alguns dizem que foi o maior recorde de toda a série histórica do
país. Para um governo que insiste em gastar e que se mostra claramente
contrário a equações do tipo responsabilidade fiscal, a notícia só serve para
incentivar a ilusão de que não há problema em torrar indefinidamente e cada vez
mais o dinheiro suado dos brasileiros. Do ponto de vista psicológico, para o
contribuinte, essa é uma péssima notícia, pois indica que é preciso adotar
medidas urgentes para sobreviver em meio a esse ambiente hostil. O desvario
arrecadatório do governo, que segue avançando sem quaisquer escrúpulos nos
bolsos da população, é um sinal nítido de perigo imediato à frente.
Ao longo de 2024 houve recorde na arrecadação a cada
mês e a tendência é que isso vá no mesmo ritmo, ladeira acima até o fim do ano.
O mais preocupante é que mesmo com todo esse volume insano de arrecadação, a
economia do país segue no vermelho e com tendência de também prosseguir com
resultados ladeira abaixo. Segundo o IFI (Instituto Fiscal Independente criado
pelo Conselho de Assessoramento Técnico do Senado Federal), a dívida pública
chegará a 80% do PIB em 2024 e continuará crescendo.
Apesar da arrecadação, as contas públicas seguem no
vermelho, com o governo gastando, somente neste ano, mais de R$ 1 trilhão. Os
investidores, há muito tempo, já perceberam que, dessa moita, não sai coelho,
tratando logo de retirar seus investimentos do país e rumando para lugares onde
ainda existem lógica e racionalidade econômica. O Dólar não para de aumentar, o
Real não para de cair, assim como seguem aumentando os índices inflacionários
dos alimentos e de tudo o mais. A economia funciona como um relógio suíço. O
que não parece funcionar bem é a cabeça daqueles que comandam a economia. Com o
aumento da inflação, aumenta também a taxa de juros. Por sua vez, as taxas de
juros altos pressionam as contas do governo, empurrando-as para o abismo. É o
ciclo perverso da economia provocado por aqueles que nitidamente não entendem
de economia, usando-a apenas para ajustar modelos políticos e ideológicos e não
modelos matemáticos.
Números, assim como o dinheiro, não aceitam desaforos.
Consequências são tudo aquilo que vêm depois. No nosso caso específico, temos
nada menos do que quase 80 milhões de brasileiros na lista negra dos
inadimplentes, devendo até a roupa de baixo. É um número assustador. Com uma
massa desse tamanho devendo, provavelmente leve à queda do consumo, puxando a
atividade econômica do país para baixo.
Uma população sem crédito e sem poupança trava o país,
lançando-o nas areias movediças da estagnação e posterior colapso. Economistas
concordam que o próximo ano será ainda pior, com um estreitamento cada vez
maior das chances de crescimento. O mais estranho é que o governo parece não
levar a sério as consequências negativas que uma alta carga tributária pode
acarretar num curto período. Uma dessas consequências já observadas até aqui é
do aumento da informalidade, com pessoas buscando ganhar a vida por conta
própria, de preferência, longe da bisbilhotice e gula do governo. Outro mau
fruto da sanha arrecadatória é o incentivo à sonegação fiscal, com as pessoas
burlando de todas as maneiras o fisco nacional.
As altas taxas de impostos e tributos induzem também a diminuição da competitividade entre as empresas, tanto interna como no mercado internacional, fazendo do produto brasileiro um item pouco atrativo. Ao final dessa trilha nada coerente na condução da economia brasileira, lá na ponta, onde o governo não enxerga ou finge ver, a alta carga tributária ajuda a elevar, às alturas, a desigualdade social e, por tabela, aumenta ainda os índices de violência, de insegurança, mortes e uma infinidades de outras mazelas. Tudo o que a nova democracia repele nos discursos.
Além do jardim: Chegou à nossa mesa um elogio ao professor da rede pública André Junior Rosa de Oliveira. Ministra aulas a alunos especiais. Resolveu abrir a sala de aula para ganhar o mundo dos esportes com a meninada. O Comitê Oligama ficou tão impressionado com a iniciativa que todos os alunos do professor André ganharão uma medalha de participação. É o estímulo e primeiro passo para, quem sabe, as Paralimpíadas.