Talvez não estejam tão longe os exemplos e as
lições que o Brasil necessita para mudar a rota atual da sua economia, que,
segundo a avaliação da maioria dos economistas, segue numa trajetória
descendente e perigosa. Nesse caso, basta virar a cabeça em direção ao Sul do
continente, mais precisamente para a Argentina, observando com atenção os
números apresentados a cada instante, mostrando uma receita bem racional de
como lidar com as finanças públicas e, ao mesmo tempo, tirar o peso excessivo
do Estado sobre a economia.
No caso específico daquele país, não basta olhar
apenas o que vem sendo feito pelo atual presidente Javier Milei na economia,
mas, sobretudo, mirar a atenção no descasamento que vem sendo realizado entre a
má política e a má ideologia das contas do Estado. A questão aqui é simples,
mas preciosa. Nos discursos de Milei, estão exatamente suas propostas para a
economia Argentina. A começar pela frase: “os políticos não geram riquezas”;
ou, quando em discurso no Fórum Econômico de Davos, afirmou: “O Estado não é a
solução e sim o problema.” Infelizmente, neste instante, o Brasil e a
Argentina estão caminhando em sentidos opostos.
Os resultados dessas opções são mostrados de forma
clara pelos números da economia de um e de outro país. De modo resumido, o que
temos em termos de lição a ser aprendida é mostrado nas comparações entre uma
economia que vai em direção ao livre mercado, vis a vis, uma economia
estatizante, impulsionada pelos ventos mal cheirosos da ideologia coletivista e
retrógrada. Na Argentina, conforme os últimos dados, a inflação vem caindo de
forma exponencial. Era de 25.5% nos governos passados e agora é de apenas 2.4%
ao mês.
Outro dado mostra que as reservas internacionais
voltaram a ser zero, em comparação à situação anterior, que era de U$ 20
bilhões negativos. As reservas brutas daquele país já estão positivas em mais
de U$ 30 bilhões. Outro dado mostra que a diferença entre o Peso paralelo e o
oficial está praticamente equilibrado. Notem que, quando Milei assumiu, 1 dólar
custava mais de 1000 Pesos. Com isso, tanto as impostações como as exportações
caminhavam para o colapso. Para fazer frente a esses descalabros na economia,
os governos argentinos passados imprimiam quantidades insanas de dinheiro, na
tentativa de baixar a inflação e como modo de maquiar os números reais da
economia. Aliás, no quesito manipulação dos números e estatísticas da economia,
os governos argentinos do passado eram mestres nesse tipo de arte de
engabelações.
Hoje, passados mais de um ano de governo Milei,
Brasil e Argentina seguem mais e mais por caminhos opostos. Em um de seus
últimos discursos, o presidente argentino prometeu mais reformas estruturais,
como o estabelecimento de um acordo de livre-comércio com os Estados Unidos,
além de uma redução dos impostos nacionais em torno de 90% para o ano de 2025.
Além disso, dará mais autonomia fiscal às províncias. Tudo ao contrário do que
vem acontecendo em nosso país, onde os estados estão cada vez mais atrelados ou
algemados ao governo central. Ainda na economia, Milei já deu início a reformas
radicais na previdência e na área trabalhista.
Na área política, onde as reformas serão profundas
também, já se sentem os efeitos de mudanças nas leis de segurança nacional, nas
leis penais e outras de igual importância. Milei promete abertura total na
economia, com os argentinos podendo comprar, vender e faturar em dólares ou na
moeda que bem entenderem. Um fato de suma importância nessa guinada da
Argentina rumo ao crescimento é que o nível de pobreza e indigência, que era
altíssimo naquele país, começa a declinar depois de décadas.
Para o próximo ano, as estimativas mais humildes
falam em um crescimento da economia em mais de 4% do PIB, o que é uma proeza,
diante da situação falimentar que experimentavam os argentinos até poucos meses
atrás. Mas será apenas em 2026, ano de eleições em nosso país, que os números
da economia do Brasil e da Argentina poderão demonstrar, na prática, quem
realmente caminhou pela estrada da bonança e quem trilhou o caminho da perdição
e do atraso. Também não será surpresa se, até lá, a Argentina se descolar do
Mercosul, deixando o passado sombrio para trás.