É sabido que as reservas
internacionais do Brasil, muito mais do que uma medida monetária e
obrigatória, servem para ocasiões em que a economia começa a dar sinais
de colapsar. Atualmente, as reservas brasileiras em moeda ou ativos
estrangeiros giram em torno de US$ 362 bilhões. Esse tipo de poupança serve
ainda para o pagamento de dívidas e para o cumprimento de obrigações
estrangeiras. De acordo com técnicos do Banco Central, essas reservas
internacionais podem ser utilizadas para assegurar maior estabilidade em caso
de crises cambiais e nas mudanças de fluxo de capital. No caso das
crises cambiais, o BC vendeu recentemente mais de US$ 21 bilhões para
segurar a alta do dólar. Trata-se da maior intervenção já feita pelo BC desde
2020.
Desde 2022, o BC vem realizando
seguidos leilões de dólar para conter a subida constante da moeda
americana. Com o dólar já ultrapassando a casa dos 6 reais, as intervenções do
BC tem sido quase que uma rotina. Muito além do que propaga
o governo, a alta do dólar não tem ocorrido por ações ou ataques
especulativos contra o Real. A questão é mais séria e tem sido motivo
de várias narrativas por parte do Executivo. O problema não está fora,
mas dentro do governo, sobretudo, com relação à trajetória crescente de
endividamento, a desconfiança do mercado quanto à má gestão das finanças
públicas, os gastos excessivos, além das medidas tímidas apresentadas
no pacote de gastos anunciado nesses dias pelo governo.
Ocorre que, para estancar a sangria da
economia nacional, a maioria dos analistas previam um conjunto de cortes
superior a R$ 250 bilhões. O governo apresentou um conjunto de menos de R$ 30
bilhões para estabilizar a relação dívida/PIB. Com isso, o equilíbrio fiscal
ficou a menos de meio caminho. O governo, como é de praxe, colocou a
culpa na especulação do mercado e nos memes que corriam
pelas mídias sociais. Nada mais fantasioso. O que existe de
fato é uma crise econômica derivada de
incertezas na política. Os investidores sabem disso melhor
até que o próprio governo. O governo nessa questão segue
insistindo na construção de narrativas, como se esse tipo de recurso
pudesse ser absorvido pelo mercado.
O Palácio do Planalto chegou, inclusive, a falar em
perseguição política para justificar a situação deplorável da economia do país.
O mercado, obviamente, não acredita e nem aposta um
centavo nas políticas econômicas do atual governo. Há sim uma crise
de credibilidade e isso é ruim para a economia. O mercado e os
investidores não prestam a atenção no que é dito, mas
no que é realizado de concreto. Discursos, nessa altura dos
acontecimentos, de nada adiantam. O único fator externo ao governo e no qual
ele nada pode interferir, vem dos Estados Unidos e do banco central de lá, o
FED, que anunciou alta nas taxas de juros e com isso
reforçou ainda mais o poder do dólar.
Não fossem esses problemas já de enormes
consequências para o futuro da estabilidade econômica do país, a insistência do
governo em misturar, na contabilidade fiscal do Brasil, ingredientes
de natureza puramente ideológicos, impostas tanto pelo partido no poder como
pelo próprio voluntarismo do presidente, vai empurrando o Brasil para uma
espécie de recessão igual à herdada no governo Dilma. Exemplo desses impulsos
irracionais e totalmente orientados pela política partidária pode ser conferido
no alinhamento automático do nosso país ao governo de Pequim, mais precisamente
ao Partido Comunista Chinês (PCC), para se contrapor aos Estados Unidos.
Não por outra razão, nossas reservas
internacionais já contabilizam mais de 124 bilhões de Yuans, a moeda daquele país. Segundo dizem,
foi o próprio presidente Lula que teria insistido na adoção
da moeda chinesa nas transações entre o Brasil e aquele país do outro
lado do globo. Para alguns economistas, essa é uma aposta pra lá de
arriscada. Há quem fale, inclusive, que essas são moedas podres, cujo
lastro é dado pelo o que decide o PCC chinês e não com
relação à situação real e econômica daquele país. Essa preocupação se prende ao
fato de que ninguém sabe ao certo o que acontece na China
e quais os projetos que esse país alimenta para o futuro.
Essa ideia fixa das esquerdas de cortar o cordão umbilical com o Dólar
significa, unicamente, alinhar o Real às manobras políticas de Pequim, cuja
amizade pelo Ocidente é apenas uma fachada. Já chega a 20% ou mais o
volume de Reservas Internacionais com moedas outras que não o dólar.
O fato é que nem mesmo em locais
como a Feira dos Importados de Brasília, onde já se observam grande quantidade
de lojistas chineses,
o Yuan é aceito. Basta observar que figura histórica está
estampada nas notas chinesas. Na nota de 1 Yuan, está a figura de
Mao Tse-Tung (1893-1976), que, segundo os historiadores, é
responsável direto por cerca de 70 milhões de mortes de chineses, num período
de grande sofrimento na história da China, quando mandava assassinar todo e
qualquer oposicionista. Ter uma única nota com a estampa desse ditador, não
pode ser um bom sinal de civilidade.
A frase que foi pronunciada: “A ante economia chinesa tem como meta principal
derrubar todos os grandes lucros de todos os monopólios internacionais. Não
para baratear os custos dos produtos e serviços, mas para expandir o caos e
desestabilizar os conceitos de todo o mundo globalizado.” (Ricardo V. Barradas)