Fim de ano é sempre motivo para balanços e questionamentos. Além, é
claro, de mais um ciclo de projetos para o ano vindouro. Afinal, a esperança é
também um motor para seguir em frente. É claro que nossos projetos pessoais,
quer queiramos ou não, são influenciados por tudo o que ocorre em nosso
entorno. A questão aqui é saber até que ponto a realidade brasileira, na
economia e na política, pode influir nos projetos pessoais de cada cidadão.
Preocupados, como estamos, com a situação atual do nosso país, nossos projetos
pessoais acabam ficando para segundo ou terceiro plano. Temos que nos render à
realidade à nossa volta, isso se formos seguir o que projeta a maioria dos
economistas para o Brasil em 2025.
Pelo o que se vê, lê e ouve, nesse próximo ano, as recomendações são
para que os brasileiros façam todos os esforços possíveis para economizar o
máximo, buscando ficar longe de dívidas e outros compromissos relativos a
endividamentos de médio e longo prazo. Ou seja, é preciso que os contribuintes
façam exatamente o que o governo e as autoridades dos Três Poderes não fazem:
poupar.
Óbvio que, com isso, os projetos pessoais de muitos brasileiros para
2025 ficam para depois. Talvez para depois de 2026 e das próximas eleições
gerais para o Executivo. O problema é ter que atrelar nossas vidas, ou nosso
futuro, a decisões ou vacilos do Estado. O certo é que os brasileiros não podem
tomar como exemplo para a gestão de suas vidas o que faz o governo. E aí é que
entra a primeira lição para todos aqueles que desejam ter um mínimo de bom
senso sobre planejamentos futuros — afinal, a primeira lição é desconfiar.
A segunda é simplesmente não acreditar no Estado e nas instituições.
Portanto, um dos passos seguros para seguir em frente é desconfiar de nossa
classe política e parar de esperar que dessa moita saia algum coelho ou algo de
bom para o desenvolvimento do país ou para os cidadãos. O Estado brasileiro
pode ser definido com uma única palavra: arrivista. Portanto, olho vivo e faro
fino.
Hoje, a maioria dos brasileiros simplesmente nutre um descrédito enorme
com relação às instituições do país. Nada nem ninguém escapa dessa percepção.
Se formos analisar que o governo e sua política estatizante produziram apenas
com a gestão das estatais, neste ano, um rombo de mais de R$ 7,2 bilhões,
veremos que o Estado ou o governo é um mau empresário e um mau gestor das
contas públicas.
Se analisarmos ainda que, na aprovação recente feita pelo Congresso do
pacote de cortes de gastos do governo, foram penalizados os mais pobres, a
educação, a saúde e os investimentos necessários para a população, e nem um
mísero centavo foi cortado dos mais de R$ 49,2 bilhões das indecentes emendas
parlamentares, verificaremos que nossos representantes políticos continuam a
não nos representar e a legislar em causa própria.
Do mesmo modo, se formos prestar a atenção na atuação da Justiça com os
recentes escândalos de venda de sentença e de autoconcessão de abonos salariais
para as classes de juízes e desembargadores, veremos que também o Judiciário
segue divorciado das leis e da ética.
Muitos brasileiros já perceberam que, por trás da imensa cortina de
narrativas e de propagandas, existe um Brasil real diferente do que está
desenhado na Constituição. A começar pelo fato de que não somos uma República
Federativa, mas, sim, uma organização de estados totalmente dependentes e
submissos ao poder central e unitário. A federalização da administração pública
é uma realidade na segurança, nas finanças, nas leis, nos impostos e em tudo.
Nesse arranjo, estados e municípios, onde a vida acontece de fato e onde
residem os brasileiros reais, são apenas entidades destinadas a reunir e captar
os impostos, tributos e taxas que serão enviados aos cofres da União — ou seja,
diretamente para as mãos do governo.
Dessa forma, antes de elaborar seus projetos pessoais para o ano de
2025, informe-se bem sobre o país e a terra em que estão os seus próprios pés.
Antigamente, costumava-se dizer que Deus ri de quem faz planos. Hoje, já se
sabe que o Estado e suas instituições riem de ti cada vez que fazes planos para
o dia seguinte.