Depois do recorde cambial,
com o dólar batendo pela primeira vez a marca dos 6 reais, veio a pesquisa
indicando que hoje 90% do mercado financeiro reprovam o governo Lula. Vêm de
todo lado os sinais de decepção e perda de confiança na condução da economia
pela administração petista. A grande dúvida que se coloca é: de onde veio a
confiança perdida?
Em outras palavras: você
só pode se decepcionar com algo que você anteriormente valorizava. Alguém consegue
explicar a existência de expectativas positivas em 2022 para uma política
macroeconômica do PT? Não é uma explicação fácil de se dar, mas aqui vão
algumas hipóteses:
1. O mercado teve um surto
de amnésia e apagou mentalmente tudo que aconteceu entre 2005 e 2015;
2. Alguém espalhou por aí
uma carteira de identidade do Fernando Haddad com a foto do Paulo Guedes;
3. Com a passagem do
tempo, o pessoal passou a achar que o caso das pedaladas que derrubou o governo
petista foi um acidente ciclístico;
4. A maior recessão da
história, no período Dilma Rousseff, foi provocada pelas mudanças climáticas;
5. A decisão inaugural do
atual governo de banir o teto de gastos foi tomada num momento em que o mercado
estava tirando uma soneca, que ninguém é de ferro;
6. Talvez em algum novo
manual que tenha circulado clandestinamente por aí, o aparelhamento do Estado,
o inchaço da máquina pública e a voracidade tributária tenham sido descritos
como fundamentos para o enriquecimento do país;
7. Como Edmar Bacha, Pérsio
Arida e outros economistas do Plano Real declararam voto em Lula em 2022, muita
gente deve ter achado que o PT não ia apitar na Fazenda;
8. Como esses economistas
consagrados, que domaram a inflação brasileira, não voltaram a público para
dizer que a equipe econômica empossada em 2023 não tinha nenhum defensor dos
valores que eles defendem, o mercado pode ter achado que Haddad, Mercadante,
Pochmann e cia passaram por uma transfusão de personalidade e agora iam fazer
tudo certinho conforme os ditames da responsabilidade fiscal;
9. Alguém pode ter
espalhado alguma dessas novas dietas transformadoras, indicando que sangria de
estatais faz bem para a saúde do contribuinte;
10. O amor não tem preço.