O que mais chama a atenção, na
calamidade que o governo Lula criou para si próprio com a reforma e a imediata
contrarreforma das regras do Pix, que traria várias mudanças, não é tanto o
prodigioso grau de incompetência atingido neste momento pelos burocratões-chefe
que realmente tomam as decisões neste país. Isso é de fato a marca registrada
de tudo o que chega perto do presidente, como o casal dançante é a marca do
Sonho de Valsa. O que vai ficando cada vez mais esquisito, a cada
palhaçada-master como essa, é a extraordinária capacidade do governo de dobrar
o prejuízo de cada desastre que faz.
No caso, foi a notável ideia de mexer
com o Pix – uma das poucas coisas que funciona direito no Brasil e resolve a
questão da transferência de dinheiro, de forma eficaz, rápida e amigável para o
cidadão, em toda a economia do país. É sem dúvida uma das coisas mais estúpidas
que alguém poderia fazer dentro de um governo – e um resultado direto da
inépcia de uma gestão que entregou à Receita Federal a tarefa de montar e
executar a política econômica do Brasil.
Lula, o governo e os jornalistas
estatizados que correram mais uma vez em seu socorro não vão convencer ninguém
de que foram vítimas de mentiras da internet. A maioria da população fica
convencida, isto sim, de que quem está mentindo são eles
Nenhum ser vivo em todo território
nacional estava querendo, e muito menos pedindo, qualquer mudança no Pix. Ao
contrário. Num país com os problemas realmente insanos que o Brasil tem hoje (o
poder público não é capaz, nem sequer, de garantir o direito constitucional à
vida das pessoas), a última coisa a se cobrar das autoridades era mudança no
Pix. Mas o verdadeiro ministro da Fazenda que existe hoje na prática é o chefe
da coletoria – e é da natureza de qualquer secretário da Receita Federal
arrecadar o máximo de impostos, mesmo porque é exatamente isso que lhe cobram
dia e noite. Deu no que deu.
Consumado o desastre com perda até
agora total, o governo Lula não fez, também nesse caso, a única coisa que
deveria ter feito: reconhecer que errou, pelo menos isso, e se responsabilizar
pelo conserto do seu erro. Fizeram o contrário. Ficaram enfurecidos com o povo,
que se sentiu imediatamente ameaçado em seu bolso pela mudança e fez a sua
indignação explodir nas redes sociais – essas mesmas que o regime Lula-STF está
desesperado para censurar. A culpa não era deles, gritaram indignados – era das
fake news que, na sua visão, estariam deturpando o caráter benigno e inofensivo
das mudanças no Pix.
Não houve fake news absolutamente
nenhuma. O que houve, na vida real, foi uma tentativa mal resolvida de usar o
Pix para aumentar a cobrança de impostos – e como hoje existe a internet para
mostrar essas coisas, a reação natural de milhões de pessoas foi se sentir
ameaçada. Queriam o quê? Que se sentissem aliviadas? Desde quando os
tubarões do governo falam em “imposto” com a intenção de cobrar menos? Pior que
tudo: se era mentira o que as redes diziam, e a decisão da Receita Federal
estava perfeitamente correta, por que então a portaria foi revogada em clima de
pânico?
Lula, o governo e os jornalistas
estatizados que correram mais uma vez em seu socorro não vão convencer ninguém
de que foram vítimas de mentiras da internet. A maioria da população fica
convencida, isto sim, de que quem está mentindo são eles: tentaram, não
conseguiram e ficaram com a brocha na mão e o pé na jaca. No seu delírio
crescente, acham que a culpa não é deles, por baixarem uma portaria que tiveram
de revogar – é do povo idiota que se deixa enganar, é do “ambiente tóxico” das
redes, é da “extrema direita”. Toque-se a Polícia Federal em cima deles. E
vamos socar mais dinheiro público na “comunicação”.