Durante o governo Bolsonaro, a turma petista bateu
muito na questão do sigilo de certos gastos do cartão corporativo.
Transparência é sempre desejável no setor público – não no monitoramento de
cada PIX feito pelo cidadão comum. Ao cidadão, tudo que não é proibido por lei
deve ser permitido; ao burocrata e ao político, tudo que não é permitido por
lei deve estar vetado.
Mas claro que há um limite: coisas que realmente
envolvem questões de segurança nacional podem ser mantidas em sigilo. Não faz
sentido abrir ao público, por exemplo, detalhes dos gastos do presidente sobre
onde são comprados certos mantimentos ou aspectos de logística. Algum cuidado
se faz necessário aqui.
Quando Lula mete sigilo em gastos da Janja por um
século inteiro, deve haver um ótimo motivo para esconder os dados de quem paga
a fatura. Os pagadores de impostos devem continuar trabalhando pesado e sem
fazer muitas perguntas
A esquerda nunca quis fazer essa distinção, e Lula
explorou bastante na campanha esse lado do sigilo em determinados gastos da
Presidência. Ele prometeu que não faria o mesmo e disse que só quem quer
esconder coisas comprometedoras coloca sigilo de cem anos para tais gastos. A
militância petista deitou e rolou, pegando carona na fala de Lula.
Gleisi Hoffmann, presidente do PT, comentou:
"Bolsonaro decreta sigilo de 100 anos em assuntos de interesse público e
ainda tira sarro com a cara do povo. Esse deboche terá um preço alto. O povo
não admite ser tratado como palhaço". Sâmia Bomfim escreveu: "Isso
aí, Lula! Derrubar o sigilo de 100 anos tem que ser a primeira medida do
próximo governo".
Não foi, e na verdade muito mais coisa foi colocada
sob sigilo sem qualquer aparente ligação com a segurança nacional. A notícia no
Globo, o veículo mais alinhado ao governo, não me deixa mentir: "Após
críticas a Bolsonaro, Lula eleva gastos no cartão corporativo e mantém sigilos
de cem anos no patamar do antecessor".
André Janones reproduziu a promessa de Lula:
"Quando eleito, num decreto só, vou tirar o sigilo de 100 anos". E
acrescentou, em seu estilo afetado: "Na cara do miliciano! Lula estragando
o velório!" Pelo visto era só mais um estelionato eleitoral, e o
histriônico deputado terá de esperar mais cem
Bruno Gagliasso, o irmão petista do vereador
Thiago, vibrou com a tirada de Lula no debate da Globo: "Sabe decreto de
cem anos que tá na moda agora??? kkkkkk o pai tá on demaaaaaais!". Fabio
Porchat, que tenta ser humorista, disse: "Mais dois meses de espera pra
esse monte de quebra de sigilo vai me matar!" Felipe Neto, o imitador de
focas, foi na mesma linha: "Eu proponho um chá de revelação dia 01/01 pra
abrir os sigilos de 100 anos". Pelo visto não haverá chá algum...
Como fica claro, o sigilo em si nunca foi a
questão, e a esquerda não se importa com ele – desde que seja no governo do
"papai". Era tudo um discurso de campanha, nada mais. Era tudo
hipocrisia, como sempre. A esquerda lulista inventou, pelo visto, o
"sigilo do bem".
Quando Lula mete sigilo em gastos da Janja por um
século inteiro, deve haver um ótimo motivo para esconder os dados de quem paga
a fatura. Os pagadores de impostos devem continuar trabalhando pesado e sem
fazer muitas perguntas, pois a "justiça social" é prioridade.
Transparência só no governo da direita!