Como deve ser bom ser governado por um
“malvadão” empenhado em impedir a censura. O “nazista” Donald Trump é quem luta
por liberdade. Ele chegou sem tomar fôlego, já ordenando que o governo
americano não pode pressionar as redes sociais para derrubar conteúdos que não
aprove. E aqueles que massacraram a liberdade de expressão nos últimos anos, os
“bondosos protetores do povo indefeso”, serão investigados por isso, por,
“docemente”, impor suas “narrativas preferidas”. No ato chamado
"Restaurando a Liberdade de Expressão e Acabando com a Censura
Federal", Trump também anunciou que proibiu que seja usado dinheiro
público em qualquer conduta que abrevie o direito dos americanos de se
expressarem livremente. O “fascista” que não acha que é “tudo pelo, para e no
Estado” ainda declarou ao público do Fórum Econômico de Davos que “o governo
americano não vai mais etiquetar o que as pessoas dizem como desinformação ou
‘fake news’, as expressões preferidas dos censores”.
Os “democratas” do Brasil também falam
em desordem informacional, que carrega os pobrezinhos desprovidos de senso
crítico. Inventaram que dá para fatiar a liberdade. Para eles, completa. Para
os outros, nenhuma. E essa turma jura que não mente; isso é coisa dos seus
opositores. Então, deve ser mesmo a mais pura verdade que uma mineradora da
Arábia Saudita vai investir R$ 8 bilhões no nosso país. Não importa nada que a
empresa já tenha negado o negócio. Se o ministro de Minas e Energia falou, está
falado. Vira anúncio oficial na página do governo federal, vira notícia no
portal da EBC, na CNN, na Revista Exame, na IstoÉ, na Band. Vira “verdade”,
digamos, por decreto, aos bofetões, porque a turma no poder age assim. Também
não foi na base da “pancada” que a chinesa SpaceSail virou concorrente da
Starlink no serviço de internet por satélite? Pelo menos para o Brasil do PT e
sua imprensa de estimação. Já tem até acordo assinado entre o governo e a
SpaceSail, que nem operar no Brasil ainda pode, que tem apenas 40 satélites em
órbita, contra mais de 6 mil da empresa de Elon Musk.
Lula e sua turma acreditam mesmo que
“mentiras engajam mais”, mas eles próprios nunca mentem. Deu para entender? Só
seus adversários mentem, e só por isso eles têm melhor desempenho nas redes
sociais, só por isso. O novo chefe da Secretaria de Comunicação já pediu
aos petistas, inclusive, que abram mão da “mentira e do ódio” (mesmo que,
repito, nunca tenham usado coisas assim). Mentira e ódio são “as principais
armas dos adversários”, os extremistas, os radicais, uma corja desumana, que
ninguém se esqueça disso. Na “escolinha do Sidônio Palmeira”, os alunos
aprendem a falar em bloco, a falar sempre dos mesmos temas, incansavelmente:
“Vamos nos concentrar em um assunto por dia e pautá-lo”, ensina o marqueteiro.
A máxima parece a mesma de Joseph Goebbels, ministro da propaganda na Alemanha
Nazista: "Uma mentira dita mil vezes torna-se verdade". Só parece, mas
não tem nada a ver. Aqueles que definem o que é mentira e o que é verdade estão
autorizados a apontar os criminosos e os mocinhos, os desalmados e os bondosos.
Inventaram que dá para fatiar a
liberdade. Para eles, completa. Para os outros, nenhuma
Sidônio está encarregado de melhorar o
uso das redes sociais pelos petistas e de transformar Lula num grande
estadista, num grande político, num grande gestor. Sozinho, poderá pouco.
Então, o advogado-geral da União também está em cena porque, todos sabem, essas
plataformas digitais são danadas, são rebeldes... Quer uma prova? As Big
Techs aprontaram: não compareceram à audiência pública organizada pelo
Jorge Messias sobre moderação de conteúdo das plataformas digitais. Talvez
tenham acreditado em juristas e advogados que andam por aí afirmando que a AGU
não tem legitimidade jurídica para promover um evento assim. Talvez achem
mesmo, bobinhas, que a legislação exige que audiências públicas sirvam para
auxiliar decisão de órgão público, e que não há decisão a ser tomada pela AGU,
que não pode questionar em nome dos usuários. Talvez tenham ouvido que quem faz
isso é o Ministério Público ou a Defensoria... Talvez tenham entendido que a
legislação não impõe uma moderação específica a elas...
Ai, ai, quando vão entender que Jorge
Messias está no grupo dos piedosos tutores dos brasileiros, de todos nós,
frágeis que somos? A AGU só está promovendo um “debate” entre todos aqueles que
concordam com ela, que concordam com o governo, com o Supremo Tribunal Federal.
Isso tem muito mais força: um “debate” em que todos pensam da mesma forma. Se
querem tratar o movimento como censura, que entendam, pois, que é a “censura do
bem”, e para o bem de todos... As plataformas digitais andam muito “soltinhas”.
Messias está apenas reunindo material para levar ao STF, que, segundo ele, “é
quem deve decidir a questão neste momento”, e não o Legislativo. E, se o
advogado-geral da União disse, quem há de rebater? Ninguém. Ninguém pode
questionar a fórmula que mistura censura, marketing, propaganda, como se,
na base da pressão, ela pudesse operar o milagre de exterminar a verdade, os
justos, e fingir que comunistas podem se livrar do ódio e da mentira. Não
podem; eles são feitos disso, essa é a sua origem, a sua base, a sua matéria.