O escritor americano George Packer tem
uma frase que diz: “a ideologia já tem a resposta antes que a pergunta seja
feita”. A ideologia que conquistou hegemonia a partir da segunda guerra mundial
é o pensamento de esquerda. Sua última mutação se chama progressismo, um
conjunto de pautas sem lógica ou relação entre si, que propõe uma releitura
marxista da civilização ocidental e sua “desconstrução”. A cesta progressista
inclui ideologia de gênero, antissemitismo, imigração sem controle, ativismo judicial,
censura às redes, racismo do bem, promiscuidade, “desencarceramento”, guerra à
polícia e apologia de drogas. Para a maioria das pessoas essa será uma receita
de pobreza moral, intelectual e material, frustração emocional, desesperança,
crime e doenças.
A hegemonia esquerdista, principalmente
na cultura e no sistema de ensino –principalmente nas universidades - tornou o
esquerdismo invisível; boa parte do senso comum não passa de posições
ideológicas criadas e refinadas em salas de aula e na mídia. Por exemplo, a
expressão adolescente em conflito com a lei, usada para designar criminosos com
menos de 18 anos tem, por trás dela, toda uma agenda de promoção do criminoso
como um revolucionário que luta pela justiça social e que não deve ser punido.
A ideologia encharcou o tecido social e
ganhou status de dogma que não admite discussão. O marxismo é uma religião.
Socialismo e comunismo são seitas. Progressismo é uma forma de fundamentalismo
religioso. Entenda isso: quando você discute economia, crime ou direito com
esquerdistas você está atacando a fé deles. Por isso a raiva, a intolerância e
o recurso fácil à violência.
Educar filhos em um mundo como esse não
é tarefa simples. Nasci em 1962, dois anos antes da eclosão do movimento militar
de 1964, descrito por muitos observadores da época, e por muitos historiadores
de hoje, como um contragolpe dado por elementos das forças armadas como
prevenção a um golpe que estava sendo abertamente planejado pelas forças de
esquerda, então aliadas ao presidente João Goulart. Resolver essa discussão não
é o objetivo desse artigo. Minha recomendação aos interessados é a leitura da
excelente série de livros de Élio Gaspari sobre o assunto.
Meu objetivo é contar uma história que
aconteceu com um amigo; é uma história comovente de ternura e maturidade, que
alimenta a esperança de dias melhores.
Tenho um amigo da mesma idade que eu.
Esse amigo tem um casal de filhos. Ele faz o possível para educá-los, ensinando
sobre todas as coisas que nos cercam, especialmente o que acontece no Brasil.
“Meu amigo sentiu um nó fechar sua
garganta. Seu coração se aliviou, depois ficou pesado de novo e eles
continuaram a caminhar”
Meu amigo – que é jornalista - enfrenta
o mesmo dilema de todos os pais: o que devo compartilhar com meus filhos? Até que
ponto posso dividir com eles, que ainda estão começando suas vidas, minhas
experiências, desilusões e sentimentos – inclusive o medo que, de alguma forma,
caracteriza a vida do brasileiro hoje em dia? Não existe resposta para isso.
Mas meu amigo, com dúvidas e hesitações, persevera no esforço de educar e
formar a consciência dos filhos.
Em uma manhã de verão meu amigo
caminhava com o filho quando o rapaz disse: “Pai, fui ver aquele filme, o filme
sobre o deputado”. Trata-se de um filme, popular entre os jovens, que conta a
história de um deputado de esquerda desaparecido durante o regime militar.
Meu amigo já tinha conversado com o
filho sobre isso. O jovem acompanhava as dificuldades, os riscos e as ameaças
que o próprio pai sofria em seu ofício de jornalista, ao denunciar os absurdos
criminais, políticos e jurídicos do país. Meu amigo já tinha explicado as
peculiaridades da história brasileira, nosso hábito de andar para frente e
depois retroceder, nossas sete constituições, nossas inúmeras mudanças de moeda,
nossos golpes de estado e revoluções e os homens que instigaram, se opuseram e
se beneficiaram de todos esses movimentos.
“Pai”, o rapaz continuou. “Eu gostei do
filme”. Meu amigo caminhava em silêncio. “Em um certo ponto do
filme”, continuou o filho, “fiquei com os olhos cheios d’água e quase chorei”.
Não sei o que meu amigo pensou. Sei o
que eu teria pensado: que eu tinha falhado, que fui vencido pela máquina de
propaganda. Teria ficado com gosto amargo na boca.
Mas então o rapaz disse: “sabe por que
eu me senti assim, pai? Aquela família tinha uma vida normal, uma rotina, iam à
praia como a gente vai, se entendiam e se gostavam, e um dia o pai desapareceu.
E eu fiquei pensando que o mesmo poderia acontecer com nossa família agora. A
qualquer momento Fulano de Tal pode mandar te prender, por qualquer motivo, ou
sem motivo algum, e não veremos mais você”.
Fulano de Tal é uma conhecida
autoridade do estado novo ultrademocrático judicial-policial brasileiro de
direito.
Meu amigo sentiu um nó fechar sua
garganta. Seu coração se aliviou, depois ficou pesado de novo e eles
continuaram a caminhar.
Parabéns Roberto Motta! Foi direto ao ponto. 👏👏👏👏👏🇺🇸🗽🇧🇷🇮🇱🙏- Eduardo Dornas.
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